Famosa por dançar com Anitta no Rock in Rio, em 2019, e ser a primeira transexual a pisar no palco mundo do festival, a carioca Makayla Sabino, de 23 anos, é uma das estrelas de "Segura essa pose", nova série documenta-reality show da Globoplay, que retrata a cena da cultura ballroom no Rio de Janeiro.
Além de mostrar a realidade de jovens pretos, trans e periféricos no movimento que mescla dança, moda, performance, música e competição, a série retrata o drama vivido por Makayla, que em 2021 criou uma vaquinha online tentando arrecadar R$ 60 mil para realizar o sonho de fazer a cirurgia de redesignação sexual.
Atualmente dançarina da cantora Iza e moradora do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, Makayla só conseguiu arrecadar, em três anos de campanha, 24% do valor, ou seja: R$ 14.555,54.
"Com a minha dança, alcancei muitas coisas em meu trabalho e na minha vida, e agora estou focada em conquistar um dos meus grandes sonhos, que é a cirurgia de resignação sexual. É como eu me enxergo. É o meu direito de lutar por isso, e eu vou lutar. É sobre a realização de um sonho de uma pessoa que não teve o privilégio de nascer numa família rica nem no corpo que se identifica. E, muitas das vezes, a sociedade não entende o que é isso", diz ela, logo no primeiro episódio.
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Veja fotos de Makayla Sabino
Em entrevista ao EXTRA na época em que lançou a vaquinha, Makayla contou que pretende fazer a cirurgia no Brasil e que tinha pesquisado sobre o procedimento com o mesmo médico que operou a ex-BBB Ariadna.
"São vários gastos, tenho que pagar para começar o tratamento psicológico e acompanhamento médico durante um ano para fazer a cirurgia, depois tem que pagar o hospital, o cirurgião, a anestesia, os remédios, e tem o pós também. Realmente não tenho grana para isso. Estou contando com a vaquinha ou alguém cirurgião, uma alma caridosa aparecer e fazer pela metade do preço. Estou nessa esperança desse sonho e correndo atrás o máximo que eu posso", explicou.
Criada só pela mãe, uma ex-corretora de imóveis, Makayla sofreu bullying na escola e perdeu as contas de quantas vezes foi alvo de chacota nas ruas por ser trans. O preconceito também veio de alguns membros da família (o pai demorou e uma das avós, que é evangélica, demorou a aceitá-la). Sem falar nos muitos "nãos" que ela recebia quando se candidatava para vaga de dançarina.
"Já ouvi de produtores que eu não ia fazer parte do trabalho por ser uma mulher trans. Cheguei a pensar que eu nunca ia conseguir dançar com cantores famosos e chegar aonde eu cheguei. Pensei muito em desistir. É muito difícil, porque machuca demais", diz Makayla, que hoje enxerga um olhar diferente dos outros sobre ela:
"No meu ambiente de trabalho eu já senti que a posição de muita gente mudou. Na minha família e onde eu moro também. Sempre fui respeitada, porque eu sempre me impus muito, mas, depois do Rock in Rio, criou-se um respeito maior pelo meu trabalho e por mim".
Transição aos 17
Dançarina, atriz e modelo desde os 15 anos, Makayla começou a transição aos 17, com o apoio da mãe e após um período de aceitação própria.
"Cresci num meio onde ser travesti era 'um problema'. Ouvindo que gay tinha que ser 'comportado', 'no padrão'... Então, rolou uma dificuldade para eu entender. Fui estudar primeiro antes de me assumir para todo mundo e para explicar para os outros o que eu sou. Primeiro me assumi como gay, e através da cultura Ballroom, que é um estilo de dança que eu estudo, comecei a ter espelhos de mulheres trans dentro dessa cena. Foi quando eu percebi que ser trans não era um problema".