Clientes de Nubank e Picpay relatam 'sumiço' do auxílio emergencial das contas

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Clientes de Nubank e Picpay relatam 'sumiço' do auxílio emergencial das contas

O aplicativo foi criado para depósito do saque emergencial
O aplicativo foi criado para depósito do saque emergencial Foto: Arquivo
Ana Clara Veloso
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Clientes do Nubank e do PicPay foram surpreendidos nesta terça-feira (7) ao darem falta nas suas contas de quantias referentes ao auxílio emergencial recebido por eles. Como o EXTRA havia publicado, muitos brasileiros têm recorrido ao pagamento de boletos gerados em favor próprio, para transferirem o dinheiro da poupança digital da Caixa Econômica Federal a uma conta com menos limitações. A estratégia possibilita movimentar o valor antes do prazo determinado pelo banco público para transferências e saques, e não é irregular, segundo o Banco Central (BC). Mas enfrentou problemas.

Quantias depositadas nas contas digitais do Nubank através do pagamento de boleto pelo Caixa Tem pareciam ter desaparecido nesta terça-feira, por algumas horas.

— Eu tinha feio o pagamento do boleto no dia 30 de junho e o dinheiro caiu na minha conta do Nubank no dia 1º de julho. Ainda não tinha gastado e, durante a noite desta terça, a quantia foi descontada da minha conta. Mas depois devolveram — conta a estudante Paloma Soua, de 22 anos, moradora do Rio de Janeiro.

Segundo o Nubank, os montantes, na verdade, tinham sido devolvidos para a Caixa Econômico, seguindo uma listagem de pessoas que teriam recebido pagamentos "em duplicidade". Ou seja, a Caixa teria explicado que, devido a uma falha em seu sistema, depositou duas vezes a quantia devida para alguns boletos gerados. Fontes do mercado financeiro afirmam que os pedidos de estornos de um banco para outro são comuns e é de bom tom atendê-los imediatamente.

Durante o processo de realização dos estornos, entretanto, o Nubank teria percebido que várias das operações não eram em duplicidade e, por isso, interrompeu as devoluções, pedindo mais informações ao banco público para retomar o serviço. Procurado pelo EXTRA, o banco digital afirmou ainda que "lamenta o transtorno causado aos seus clientes e informa que, devido à imprecisão dos dados da CEF, a empresa já reverteu os valores aos seus clientes mesmo não sendo responsável pela falha. Os clientes afetados já foram contatados e receberam os valores em suas contas".

No caso do Picpay, mais de 2,9 milhões de usuários concluíram a transferência do benefício com sucesso desde o início da distribuição do auxílio. Mas nesta terça-feira, as operações deste tipo não foram concluídas e, como o dinheiro chegou a sair da conta da Caixa, a quantia ficou em um limbo. O erro teria sido causado por uma "instabilidade do sistema do Caixa Tem". O PicPay afirmou ao EXTRA que solucionar estes casos tem sido sua prioridade: "tentem realizar a operação novamente ou, caso o débito já tenha ocorrido, aguardem a Caixa realizar o estorno do valor", orientou aos clientes.

Problema similar tinha acontecido com o cantor Súnega, de 26 anos, morador de Santo André. Cliente do Nubank, ele perdeu de vista seu auxílio emergencial ao tentar fazer a transação da quantia por pagamento de boleto bancário em seu próprio nome.

— No dia 22 de maio, eu tentei fazer o pagamento do boleto do Nubank. A quantia saiu da conta da Caixa, mas não chegou no Nubank. Fui na agência da Caixa três vezes e demorou um mês e três dias para conseguir o estorno do valor para a minha conta - lembra ele, que viu suas responsabilidades financeiras serem prejudicadas: — Eu divido as contas de casa com meu irmão e não tinha como pagá-las. Sou cantor e todos os eventos em que eu trabalharia foram cancelados por conta da pandemia.

A Caixa Econômica Federal alegou que não foram identificadas falhas nos sistemas internos do banco e que, apenas nesta quarta-feira (8), já foram realizados com sucesso mais de 1,6 milhão de transações com o cartão de débito virtual, e processados cerca de 6 milhões de boletos sem nenhum incidente no sistema de cobrança da instituição.