A explicação para a perda do título da Mocidade: havia dois livros Abre-Alas

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A explicação para a perda do título da Mocidade: havia dois livros Abre-Alas

Por: Leonardo Bruno em
Mocidade Independente / Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
Mocidade Independente / Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo

A explicação para a polêmica da justificativa que tirou o título da Mocidade (a escola perdeu ponto pela ausência de um destaque que não existia) é a seguinte: houve duas versões do Abre-Alas (o livro que os jurados recebem com o detalhamento do desfile). Uma com o tal destaque de chão e outra sem.

A versão enviada pela Mocidade em janeiro tinha o destaque de chão Camila Silva, com a fantasia "O esplendor dos 7 mares". O fato é que, às vésperas do carnaval, Camila virou rainha de bateria. O que a Mocidade fez: tirou ela do lugar onde viria (à frente do quarto carro) e colocou à frente da bateria. Ou seja, esse destaque de chão deixou de existir. A última versão do Abre-Alas entregue pela escola, atualizada (aquela que os jurados deveriam receber), já não continha o destaque de chão.

A questão é saber como o jurado Valmir Aleixo julgou a partir da versão antiga do Abre-Alas, causando todo esse transtorno e a perda do título pela Mocidade (que foi penalizada com um décimo e deixou o campeonato escapar justamente nessa nota).

Confira as duas versões do livro Abre-Alas (com e sem o destaque de chão):

Entenda o caso

Hoje a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) divulgou as justificativas dos jurados para as notas do carnaval 2017. A Mocidade imediatamente manifestou indignação, ao descobrir que perdera um décimo no quesito Enredo (julgador Valmir Aleixo) com a justificativa de que não apresentou um destaque de chão. O problema é que, no desfile da escola, este destaque não estava previsto. Ou seja, foi um erro de interpretação do julgador (que pode ser explicado pela existência dos dois livros Abre-Alas com versões diferentes).

Caso a Mocidade tivesse tirado nota 10 nesse quesito, teria empatado no total de pontos com a Portela. O desempate, então teria se dado no quesito Comissão de Frente, em que a Portela perdeu um décimo, enquanto a Mocidade obteve o total de pontos. Ou seja, a Mocidade seria a campeã do carnaval.

Veja abaixo a justificativa do jurado Valmir Aleixo:

Posição da Liesa

Confira a nota oficial da Liesa sobre o caso:

"Com relação às matérias relacionadas com a publicação dos mapas de notas e justificativas do Grupo Especial do carnaval 2017, a Liesa esclarece que:

# em 11 de janeiro a Mocidade Independente de Padre Miguel enviou uma versão do livro Abre-Alas na qual cita a presença da destaque Camila Silva, descrevendo sua fantasia como “O esplendor dos sete mares”;

# em 31 de janeiro, data da realização do curso de julgadores para o quesito Enredo, os julgadores receberam esta versão impressa em preto e branco, bem como a digital colorida, para poder nortear e iniciar seu trabalho de pesquisa visando o julgamento a ser realizado por ocasião dos desfiles, conforme vem ocorrendo todos os anos;

# posteriormente, em uma segunda versão, a Mocidade Independente de Padre Miguel alterou o roteiro enviado inicialmente; na nova versão, Camila Silva já vem citada como rainha de bateria, com o figurino “Dona das Areias, Yemanjá”;

# como a versão final da Mocidade só chegou à Liesa após a realização da primeira etapa do curso de julgadores, pode ter havido uma falha de comunicação ocasionando a avaliação, pelo julgador, através de sua versão inicial, deixando de considerar o livro impresso entregue pela Liesa no dia do desfile;

# neste caso, analisando as justificativas do julgador Valmir Aleixo, depreende-se que o referido julgador utilizou a versão anterior, recebida no dia do curso de julgadores, com suas observações iniciais sobre o enredo de cada escola de samba."

Posição da Mocidade

Confira a nota oficial da Mocidade sobre o caso:

"A Mocidade Independente de Padre Miguel vem a público externar todo o seu descontentamento com a justificativa da nota atribuída pelo julgador de enredo Valmir Aleixo Ferreira. Antes de tudo, gostaríamos de exaltar o belíssimo desfile feito pela Portela e o merecido título conquistado.

O que questionamos nesta nota é o despreparo apresentado pelo julgador em questão para cumprir tão importante função. É inadmissível que o sonho de uma comunidade seja jogado fora por um erro tão crasso. Criar algo que em nenhum momento esteve no livro “Abre-Alas’” e em cima disso nos penalizar, soa estranho e sem explicação. No livro “Abre-Alas” definitivo, entregue pela escola na data correta, e disponível no site da Liesa, o cronograma de desfile sempre esteve correto, exatamente fiel ao que se passou na Avenida.

A Mocidade se posiciona em busca de mais preparação técnica e responsabilidade para todos os julgadores. Cobraremos isso! Meses de investimento, trabalho pesado, e a dedicação de milhares de componentes não podem ser prejudicados desta maneira.

À nossa valorosa comunidade: nunca deixem de acreditar neste sonho! O desfile que fizemos só foi possível com a participação determinante de vocês. Em 2018 vamos voltar na Avenida e buscar o título que nos foi tirado de forma tão lamentável."