Por que furacão Beryl, inédito no Caribe, ganhou status de 'extremamente perigoso'

Águas mais quentes do oceano são combustível que transformaram tempestade em furacão extremamente perigoso.

Por Poliana Casemiro, g1


Ilhas no Caribe se preparam para chegada do Furacão Beryl com ventos de 195 km/h

O furacão Beryl, que chegou ao Caribe nesta segunda-feira (1°), é o primeiro grande furacão da temporada e o maior já registrado nessa época do ano. Segundo especialistas, a intensidade nunca vista na região é resultado dos oceanos mais quentes.

O Beryl começou a se formar na última semana como uma instabilidade e foi ganhando força. Veja a cronologia:

  • 🌪️ 25 de junho: começa uma instabilidade na atmosfera, favorecendo a formação de uma tempestade;
  • 🌪️ 28 de junho: o que era uma instabilidade, ganha força seguindo em direção ao Caribe e se transforma em uma tempestade tropical. Até aqui, a previsão era de ventos de 56 km/h;
  • 🌪️ 30 de junho: passou a ser classificado como furacão e entrou na categoria 3 (de uma classificação que vai até 5)
  • 🌪️ Ainda no dia 30 de junho: passou a categoria 4, com alerta de extremo perigo, com ventos de até 240 km/h.

Ou seja, o Beryl ganhou força saindo de uma depressão tropical para um grande furacão em apenas 42 horas - um feito realizado poucas vezes ao longo da história dos furacões do Atlântico.

Esta é a primeira vez na história que um furacão de categoria 4 atinge essa região no mês de junho. Segundo o National Hurricane Center (NHC), uma tempestade tão poderosa no início da temporada de furacões, que vai do início de junho ao final de novembro no Atlântico, é extremamente rara.

E por que isso aconteceu?

Segundo os especialistas, o Beryl ganhou essa proporção em tão pouco tempo por causa das águas ferventes do oceano. A temperaturas da água do oceano na região onde Berryl se formou esta até 3°C acima da média.

"Esse aquecimento é uma anomalia bastante significativa, especialmente se percebermos que é uma grande área do oceano com temperaturas acima da média. Isso significa uma grande quantidade de calor e umidade a mais sendo transferida para a atmosfera, servido de combustível para a formação e intensificação rápida de distúrbios tropicais", explica o meteorologista Giovani Dolif do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden).

➡️ Ou seja, quanto mais quente a água, mais combustível para que tempestades ganhem força e de forma rápida, como houve com o Beryl.

No fim de maio, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) já havia adiantado que a temporada de furacões deste ano seria "extraordinária", com até sete tempestades de categoria 3 ou superior.

A previsão, segundo os especialistas, se concretiza com a força deste primeiro furacão, que está quebrando recordes.

"A temperatura do oceano é extremamente importante para definir a intensidade de um furacão. A temperatura do oceano que vai alimentando e quanto mais quente o oceano tiver mais combustível ele dá para o furacão, o que faz com que ele seja cada vez mais intenso", explica o meteorologista da Climatempo, Fábio Luengo.

O que esperar do Beryl?

O furacão tocou o solo às 11h10 desta segunda-feira (1º), segundo um boletim do Centro Nacional de Furacões (CNH) dos Estados Unidos.

De acordo com o CNH, o furacão tocou o solo no sudeste do Caribe, na ilha de Carriacou, em Granada. Na região também estão ilhas como São Vicente e Granadinas e Barbados.

Ao chegar ao solo, no entanto, ele vai perdendo força. A previsão é de que além de Barbados, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas e Granada, o furacão deve atingir também Dominica e as ilhas de Martinica e Tobago. E pode alcançar a costa sudeste do México.

A previsão é que se mantenha como furacão, mas na categoria 2 (menos intensa) até a sexta-feira.