Blog do Valdo Cruz

Por Valdo Cruz

Comentarista de política e economia da GloboNews.

Brasília


A equipe econômica vai propor nesta quarta-feira (3) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a definição de medidas para cumprir as metas fiscais do arcabouço neste e nos dois próximos anos — os últimos do atual mandato do petista.

Segundo interlocutores dos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, esse é o caminho para acalmar o mercado cambial.

O primeiro sinal a ser emitido nesse sentido seria definir um bloqueio de verbas em julho para buscar o cumprimento da meta de déficit zero neste ano. E também em 2025 e 2026.

Caso contrário, na avaliação da equipe econômica, o risco é que a inflação seja maior no fim do mandato do presidente Lula, o que comprometeria as chances de reeleição.

Lula diz que avalia medidas para conter alta do dólar

Lula diz que avalia medidas para conter alta do dólar

Nesta terça (2), por sinal, o preço do dólar recuou, depois de o ministro Fernando Haddad ter dito que:

  • o governo não adotaria nenhuma medida na área cambial;
  • defendeu acertar o tom da comunicação sobre a autonomia do Banco Central; e
  • afirmou que a reunião com Lula será para tratar do arcabouço fiscal

A partir disso, o preço do dólar, que chegou a bater em R$ 5,70, fechou apenas com leve alta, em R$ 5,66.

Dentro da equipe econômica do governo Lula, a avaliação é que o presidente está errando ao questionar a autonomia do Banco Central e fazer declarações que acabam indicando o que ele quer do próximo presidente do BC.

O mercado, por mais que Lula não goste, acaba reagindo a essas declarações do presidente, antecipando movimentos do próximo ano, quando o temor entre investidores é de que o sucessor de Roberto Campos Neto seja tolerante com uma inflação perto do teto da meta ou mesmo um pouco acima dela.

“Por mais que não gostem, não adianta, o mercado age antecipadamente, sempre foi assim, e ele só vai acalmar agora quando o governo mostrar que vai cumprir suas metas fiscais e parar de lançar dúvidas sobre o futuro do Banco Central”, diz um assessor presidencial sobre como reduzir o mau humor do mercado financeiro.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!