Por Caroline Giantomaso, Hidaiana Rosa, Edijan Del Santo, Rodrigo Pereira, Claudia Assencio, EPTV e g1 Piracicaba e região


Rodrigo Raineri, de 55 anos, morreu em acidente com parapente no Paquistão — Foto: Reprodução/Instagram

Um parapentista brasileiro morreu em um acidente durante um salto no norte do Paquistão. O acidente aconteceu na segunda montanha mais alta do mundo, o K2. Rodrigo Chaddad Raineri, de 55 anos, era morador de São Pedro, no interior de SP.

Ele integrava um grupo de sete pessoas que seguiam para o acampamento base do K2, mas foi o único que decidiu praticar parapente. O paraquedas teria se rompido, o que causou a queda, informou à Agence France-Presse (AFP) o porta-voz da polícia local, Muhammad Nazir, de Shigar, área do acidente.

A equipe também incluía duas pessoas da França, duas dos Estados Unidos, uma da Bulgária e uma da Suíça. O corpo de Rodrigo foi recuperado e será repatriado ao Brasil após contato com a família.

Três alpinistas japoneses morreram em dois incidentes no início da temporada de escalada.

Rodrigo Raineri, que morreu em salto de parapente no Paquistão — Foto: Reprodução/EPTV

Apaixonado por esportes

Rodrigo era natural de Ibitinga (SP), mas morava em São Pedro, na região da Serra do Itaqueri. Ele costumava postar nas redes sociais a rotina nos esportes de aventura. Tinha um perfil com 11 mil seguidores no Instagram, onde compartilhava fotos e vídeos dos saltos.

Em seu perfil, se descrevia como apaixonado por viagens, natureza e tecnologia. Há três dias, ele postou um vídeo de outro salto, também no Paquistão, e disse que o K2 era o próximo destino do grupo.

Rodrigo Raineri, no cume do Monte Everest — Foto: Arquivo Pessoal/Rodrigo Raineri

Escalador completo

Rodrigo Raineri era considerado um escalador "completo" e estava entre os alpinistas mais técnicos do Brasil, com experiência de mais de 30 anos e atuação em rocha, gelo e alta montanha, como é descrito no site profissional do atleta.

Ele liderou centenas de expedições pelo mundo. Foi o primeiro brasileiro a escalar três vezes o Monte Everest. Raineri se tornou o único brasileiro a guiar expedições aos sete Cumes, projeto que abrange escalar as mais altas montanhas de cada continente em 2016.

Completou a 6ª expedição à montanha mais alta do planeta, em 2019, com mais de 8,8 mil metros de altitude.

Na companhia de Vitor Negrete, formou a única dupla brasileira a escalar a Face Sul do Aconcágua, topo mais alto das Américas, a 6.962 metros de altitude, com subida considerada uma das difíceis do mundo. A conquista é um marco no montanhismo brasileiro.

Rodrigo Raineri, em escalada no Aconcágua (Argentina) — Foto: arquivo pessoal

Com o parceiro, também escalou o Aconcágua durante inverno de -30ºC. Durante a subida, enfrentaram uma tempestade de neve.

Em 2013, realizou uma de suas expedições ao topo da maior montanha do mundo, o Everest, na Ásia. Foram 67 dias de expedição. Utilizou uma máscara de oxigênio durante a subida. A temperatura chegou a -29ºC, com sensação térmica de -50ºC.

"Chegar no cume do Everest é sempre uma sensação indescritível, muito bom. Eu acho que a gente buscando grandes conquistas, realização de sonhos, a gente tem mais motivação para viver", comentou Rodrigo à época.

Alpinista Rodrigo Raineri, em 2013, após chegar de expedição ao Aconcágua — Foto: Reprodução EPTV

Escritor, palestrante e consultor

Formado em Engenharia de Computação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raineri também era diretor de uma empresa de turismo, além de palestrante e consultor.

O atleta somava mais de 1,8 mil palestras sobre temas motivacionais, além de áreas como segurança do trabalho, cultura e educação.

Ainda ministrava cursos de escalada e resgate, dos básicos aos mais avançados, e liderou mais de uma centena de expedições no mundo todo.

Rodrigo assina os livros "No Teto do Mundo" e "Imagens do Teto do Mundo".

Em 2015, organizou uma campanha de doações de roupas e alimentos para ajudar vítimas de um terremoto no Nepal, que deixou mais de 5 mil mortos. Naquela época, o montanhista brasileiro já tinha viajado mais de 15 vezes para o país.

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