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Por Bruno Imaizumi e Valmir Storti — Rio de Janeiro


Na rodada passada, os mandantes confirmaram o favoritismo e venceram sete dos dez jogos. Desta vez, com dois jogos adiados, oito partidas serão realizadas, com amplo domínio dos mandantes. Entre os favoritos estão os líderes Flamengo, Botafogo e Palmeiras. O quarto colocado São Paulo visita o Atlético-MG, que é dominante quando recebe a equie paulista. Athletico-PR x Bahia é a partida que reúne as duas equipes mais bem colocadas da classificação.

Líder Flamengo é o 3º time que mais jogou desde o início do Brasileirão

Líder Flamengo é o 3º time que mais jogou desde o início do Brasileirão

Na outra ponta da tabela, dois jogos são confrontos diretos na luta pela permanência na Série A: o 13º colocado Vasco busca em casa ampliar após duas vitórias seguidas sua escalada na classificação, mas se perder em casa, ficará apenas dois pontos na frente do Corinthians, que começa a rodada como a primeira equipe do Z4 que leva para a Série B.

O outro confronto direto reúne Criciúma, 14º colocado com quatro pontos a mais que o Corinthians, contra o último colocado Fluminense, que está com sete pontos. A favor do Criciúma o fato de ter disputado dois jogos a menos e ter um ataque muito efetivo, apesar dos problemas defensivos.

Favoritismos #16 — Foto: Info esporte

Analisamos 106.715 finalizações cadastradas pela equipe do Espião Estatístico em 4.324 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente (veja a metodologia no final do texto).

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Grêmio

  • O Grêmio é muito dominante quando recebe o Cruzeiro, com 11 vitórias e três derrotas em 15 partidas pela Série A desde 2006 com este mando, mas segue atuando longe de seu estádio devido às tragédias climáticas no Rio Grande do Sul: vai mandar a partida no Centenário, em Caxias do Sul. Desta vez, o Cruzeiro é o sétimo colocado, e o Grêmio, o 18º, mas a campanha do Cruzeiro se deve ao desempenho em casa: quando visitante, tem apenas o sexto pior aproveitamento (1 V, 2 E, 5 D, 21%). O Grêmio é o 12º mandante (3 V, 1 E, 3 D, 48%).
  • Segue baixa a produtividade ofensiva do Grêmio, a segunda menor no agregado dos mandos (média 10,1 finalizações por partida) e a terceira menor mandante (11,0), com a sexta menor eficiência caseira, um gol por jogo; finaliza pouco e mal. O Cruzeiro, no agregado dos mandos, tem a quinta maior produtividade ofensiva (13,6) e a 14ª visitante (11,3), com a terceira pior eficiência forasteira, um gol a cada 22,5 tentativas.
  • Duas equipes mais efetivas no jogo rasteiro, com oito dos últimos dez gols marcados assim (o Grêmio com cinco dos últimos seis; o Cruzeiro com oito dos últimos nove). O Cruzeiro sofreu dessa forma quatro dos últimos cinco gols (metade dos últimos dez). O Grêmio sofreu seis dos últimos dez gols em jogadas rasteiras, mas dos últimos seis, quatro nasceram em jogadas aéreas.

* Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Vasco

  • Confronto direto na luta pela permanência na Série A, já que o Vasco é o 13º colocado, com cinco pontos a mais que o Corinthians, o primeiro time do Z4 que leva para a Série B. Como mostra a linha a linha vermelha do gráfico de xG, após dois jogos sem o técnico António Oliveira, começa a cair a capacidade de a defesa do Corinthians impedir o adversário de impor seu nível de ameaça. O lado bom é que em um desses jogos, em casa contra o Vitória, conseguiu encerrar uma sequência de sete jogos sem vencer; o ruim é que sofreu cinco gols.
  • A linha preta do gráfico do Vasco mostra como está crescendo o nível de ameaça ofensivo da equipe desde a rodada 12. Nos últimos cinco jogos, o Vasco conseguiu três vitórias, empatou uma e perdeu a outra. A equipe está com a nova eficiência mandante, um gol a cada 9,5 tentativas. Como comparação, fora de casa, o Corinthians tem um gol a cada 33 tentativas, a segunda pior eficiência forasteira. A incerteza na partida está na resistência defensiva do Vasco, a segunda menor entre os mandantes, um gol sofrido a cada 7,3 conclusões contrárias.
  • O Corinthians vai tentar surpreender provavelmente com ataques rasteiros porque marcou assim seis dos últimos dez gols (cinco dos últimos sete), e foi assim que o Vasco sofreu seis dos últimos dez gols (mas apenas um dos últimos cinco). O Vasco marcou sete dos últimos dez gols trocando passes, mas dos últimos cinco, fez três usando bolas altas, e foi assim que o Corinthians sofreu cinco dos últimos oito gols.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Athletico-PR

  • O Bahia tem muitas dificuldades quando viaja para enfrentar o Athletico-PR, que é muito dominante no confronto: pela Série A, com este mando, o Bahia venceu em 2011 e depois em 2021; foram seis vitórias do Athletico-PR em nove jogos de 2011 para cá, quando começou esse confronto pelos pontos corridos. É um jogo em que o Athletico-PR coloca muita energia em campo em busca dos três pontos.
  • Desta vez, o Bahia chega com a terceira menor resistência defensiva visitante, um gol sofrido a cada 7,4 conclusões contrárias, com média de 13,9 finalizações sofridas por partida, 11ª marca. O Athletico-PR está com a décima eficiência caseira, um gol a cada 9,7 tentativas. O Athletico-PR vem de vitória fora de casa contra o Athletico-PR, mas não consegue uma sequência de duas vitórias há 11 partidas. O Bahia vem de derrota, mas não perde duas seguidas há 20 jogos.
  • O Athletico-PR marcou todos os seus últimos dez gols em jogadas usando bola aéreas. O Bahia vem controlando bem seu espaço aéreo, com apenas dois dos últimos sete gols sofridos dessa forma. No ataque, o Bahia marcou seis dos últimos dez gols (seis dos últimos sete) trocando passes rasteiros, e foi assim que o Athletico-PR sofreu seis dos últimos dez gols (os últimos seis gols sofridos).

* Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Palmeiras

  • Em 15 partidas, o Palmeiras não sofreu gol em oito jogos (53%), o melhor desempenho defensivo da competição. Como comparação, o Atlético-GO só não levou gol em duas partidas de 15, quinta pior marca (13%), mas ambas quando visitantes.
  • Estarão em campo duas das três equipes que mais fazem finalizações certas no campeonato quando concluem de dentro da área: o Palmeiras tem a maior média (9,1), e o Atlético-GO, terceira maior (8,3) no agregado dos mandos. O Atlético-GO é o segundo time mais paciente para levar a bola até a área para concluir (62% de suas finalizações são de dentro da área), o Palmeiras é apenas o 15º (50,4%). Mas apesar de finalizarem certo, a eficácia do Palmeiras é muito maior, com um gol a cada 6,9 tentativas de dentro da área; o Atlético-GO tem um gol a cada 13,9 chances de perto, a metade da eficiência.
  • O Palmeiras marcou cinco dos últimos sete gols trocando passes rasteiros, e foi assim que o Atlético-GO sofreu quatro dos últimos sete gols. No ataque, o Atlético-GO usou bolas altas para marcar sete dos últimos oito gols. O Palmeiras só sofreu três dos últimos dez gols após bolas altas.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Flamengo

  • A ver se isso vai se refletir dentro de campo, mas as duas equipes estão empatadas como as segundas com mais finalizações em contra-ataques, com média de duas dessas finalizações por partida. O Fortaleza já fez cinco gols assim, a maior marca, e o Flamengo marcou três, quarta maior marca. O Flamengo é o terceiro mandante que mais finalizou assim (16 e média 2,3), com três gols marcados. O Fortaleza é o visitante que mais fez dessas finalizações (12 e média 2,0), com dois gols.
  • Uma grande diferença entre os ataques é o Flamengo ser o time mais preciso nos arremates, acertando 42,5% das finalizações, e o Fortaleza ser o menos preciso, apenas 32% de certas. Isso causa uma diferença ainda maior porque o Flamengo tem a segunda maior média de finalizações (14,3), e o Fortaleza apenas a 13ª (12,3), finalizando pouco e mal. O Flamengo tem um gol a cada 7,9 chances no agregado dos mandos (segunda maior eficácia), e o Fortaleza um gol a cada 12,3 tentativas 14ª marca). O Fortaleza disputou um jogo a menos e tem média de 1,0 gol por partida. O Flamengo tem 1,8 gol por jogo.
  • O jogo tem forte potencial para gol do Flamengo a partir de jogada aéreas porque marcou assim dos últimos dez gols, mesma proporção dos gols sofridos pelo Fortaleza, que sofreu no jogo aéreo oito dos últimos 12 gols. O Flamengo sofreu 12 dos últimos 16 gols em jogadas após bolas altas. O Fortaleza marcou três dos últimos dez gols explorando o jogo aéreo (dois dos últimos oito).

* Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Criciúma

  • O Criciúma disputou dois jogos a menos e tem nove pontos a mais que o Fluminense na classificação. A partida é um confronto direto na luta pela permanência na Série A em 2025. O Criciúma é o 14º colocado, com 16 pontos, e mesmo que perca, permanece fora do Z4 que leva para a Série B. O Fluminense é o último colocado, com sete pontos.
  • Apesar de o atual campeão da Libertadores ser o Fluminense, seu ataque esta com o pior desempenho do Brasileirão, com 11 gols marcados em 15 partidas, média 0,73. O Criciúma fez 13 jogos e marcou 20 gols, média 1,54, quarta melhor da competição. É o desempenho defensivo que compromete a campanha do Criciúma, o terceiro pior, com média de 1,62 sofrido por jogo. O Fluminense tem o quinto pior desempenho defensiva, média de 1,53 gol sofrido. O Criciúma só não sofreu gol em um dos sete jogos em casa. O Fluminense levou gol em todos os jogos como visitante.
  • É de se esperar por predomínio do jogo rasteiro porque é assim que as equipes têm sido mais efetivas: o Criciúma marcou quatro dos últimos cinco gols assim, mesma proporção dos gols sofridos pelo Fluminense. No ataque, o Fluminense trocou passes para marcar seis dos últimos sete gols, e o Criciúma levou em bolas rasteiras cinco dos últimos sete gols.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Atlético-MG

  • O gráfico de xG permite supor que a famosa reunião entre a diretoria do São Paulo e o técnico Luis Zubeldía foi indicado que a equipe precisava aumentar o nível de ameaça ofensiva (linha preta), mesmo que isso significasse deixar a defesa um pouco mais exposta (linha vermelha). Está dando certo: desde então, o São Paulo venceu suas quatro partidas (três em casa), marcando nove gols e sofrendo três. A ver se será assim nesta rodada.
  • Desde 2016 o São Paulo não vence este confronto pela Série A quando o mando foi do Atlético-MG. Antes disso, só em 2010 e 2011. Em 17 jogos com este mando, o Atlético-MG venceu nove. Desta vez, o Atlético-MG chega com uma única vitória nos últimos sete jogos (2 E, 4 D). O São Paulo é o segundo visitante que menos sofre finalizações (10,0), mas tem a quinta menor resistência forasteira, um gol sofrido a cada 7,8 conclusões sofridas. Só que o Atlético-MG está com a pior resistência defensiva caseira, um gol sofrido a cada 6,7 conclusões contrárias.
  • O Atlético-MG terá um desafio porque dependeu de jogadas aéreas para marcar seis dos últimos dez gols, mas o São Paulo só sofreu após bolas altas um dos últimos 11 gols. O São Paulo trocou passes rasteiros para marcar seis dos últimos dez gols, mesma proporção dos gols sofridos pelo Atlético-MG.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Botafogo

  • O Botafogo chega com a moral de equipe que só perdeu dois dos últimos 20 jogos e que fora de casa só perdeu um dos últimos dez jogos (6 V, 3 E, 1 D, 70%). Nos últimos dez jogos como mandante, o Vitória tem aproveitamento de 43% (4 V, 1 E, 5 D). O Botafogo está com a maior eficiência ofensiva visitante, um gol marcado a cada 6,3 tentativas, apesar de ter a terceira menor produtividade forasteira (9,4 finalizações). Uma ameaça real para o Vitória, que está com a quarta menor resistência defensiva mandante, um gol sofrido a cada 8,6 conclusões contrárias, e média de 14 finalizações sofridas por partida (quarta maior marca).
  • É um jogo para ter atenção com as finalizações de fora da área: o Botafogo já marcou sete gols assim, a maior marca do campeonato. É uma eficiência absurda, e os números mostram isso: enquanto o Vitória tem um gol em 73 tentativas de fora da área, o Botafogo tem um gol a cada 11,6 arremates. Para se ter uma ideia, de dentro da área o Botafogo tem média de um gol a cada 4,79 tentativas (só o Atlético-MG é melhor de dentro da área, com 4,76).
  • O Vitória trocou passes rasteiros para marcar nove dos últimos 12 gols (sete dos últimos dez), e foi assim que o Botafogo sofreu seis dos últimos dez gols (cinco dos últimos oito). O Botafogo trocou passes para marcar cinco dos últimos sete gols. O Vitória sofreu seis dos últimos dez gols (cinco dos últimos sete) a partir de jogadas aéreas.

Cuiabá x Juventude >> Adiado

Metodologia

Favoritismos apresenta o potencial que cada time carrega no Brasileirão 2024 comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e nos últimos seis jogos, independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira por serem cobranças feitas diretamente para o gol.

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 106.715 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.324 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

O desempenho de um jogador é comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e consideramos o que se esperava da finalização se feita com o "pé bom" (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o "pé ruim" (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

Favoritismos apresenta também gráficos com a evolução da média móvel em cinco jogos da expectativa de gol (xG) de cada equipe no ataque e o acumulado do que fizeram seus adversários nessas partidas. Para os gráficos, a cada cinco jogos é feita uma média móvel, representada pelas linhas de ataque (preta) e defesa (vermelha, que na verdade é quanto o adversário somou em xG em cada jogo). É uma forma precisa de medir o potencial de cada equipe. A linha amarela mostra a diferença entre as produções dos ataques do time analisado e de seus adversários.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Zé Victor Meirinho.

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