TIMES

Por Bruno Imaizumi e Valmir Storti — Rio de Janeiro


A rodada #17 do Brasileirão começa neste sábado e só vai acabar na próxima quarta-feira, quando se enfrentam o líder Botafogo e o vice-líder Palmeiras, no Nilton Santos, na reedição do épico confronto que acabou determinando a ascensão palmeirense rumo ao título brasileiro do ano passado. Nos últimos seis anos, o Palmeiras venceu quatro vezes quando viajou para enfrentar o Botafogo, que venceu apenas uma e empatando outra. Um confronto que já nasce histórico.

Lédio Carmona afirma: “O Botafogo conseguiu se equiparar em elenco ao Flamengo e ao Palmeiras”

Lédio Carmona afirma: “O Botafogo conseguiu se equiparar em elenco ao Flamengo e ao Palmeiras”

Na torcida por um empate entre os líderes, Bahia, Cruzeiro, Fortaleza e São Paulo jogam em casa e são favoritos para se manterem na disputa pelo título de campeão. O Flamengo não terá como se aproveitar do resultado da partida entre os líderes porque a partida contra o Internacional foi adiada.

No outro lado da tabela, o Corinthians recebe o Criciúma em disputa direta para se afastarem do Z4 que leva para a Série B.

— Foto: Info esporte

Analisamos 106.916 finalizações cadastradas pela equipe do Espião Estatístico em 4.332 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente (veja a metodologia no final do texto).

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Cruzeiro

  • O Cruzeiro venceu todos os seus seis jogos em casa e é o melhor mandante do Brasileirão, ao lado do Bahia, que já venceu sete. Está com o melhor ataque caseiro, com média de 2,5 gols por jogo, e a quarta melhor defesa (0,67). O Bragantino é o 14º visitante (1 V, 3 E, 4 D, 25%). Só não sofreu gol em um dos oito jogos fora de casa (13% é a 14ª marca forasteira).
  • O Bragantino sofre em média 13,6 finalizações quando visitante, décima marca, o que dá ao Cruzeiro um potencial para dois gols na partida, já que faz em média 16,8 finalizações por jogo em casa com média de um gol a cada 6,7 tentativas. O Bragantino tem a nona eficiência visitante, um gol a cada 12,0 tentativas, mas o Cruzeiro está com a quinta defesa caseira que menos permite finalizações de forasteiros (10,0), com um gol sofrido a cada 20 conclusões contrárias, quarta maior resistência defensiva mandante.
  • O Cruzeiro usou o jogo aéreo para marcar três dos últimos cinco gols, apesar de antes disso predominar seu jogo rasteiro. O Bragantino sofreu seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas (e três dos últimos cinco), então não será surpresa se o Cruzeiro voltar a fazer gol usando bola alta. O Bragantino trocou passes para marcar seis dos últimos dez gols (cinco dos últimos seis), e foi assim que o Cruzeiro levou quatro dos últimos cinco gols.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Bahia

  • Melhor mandante do Brasileirão no desempate por vitórias, com sete em sete jogos, o Bahia mais que dobrou seu nível de ameaça ofensiva (linha preta do gráfico de xG) em comparação ao que fazia até a rodada #10, quando as características das finalizações feitas indicavam um potencial (estatístico) de 0,91 gol por jogo. Essa média móvel para cinco jogos subiu para 2,09 após a rodada 15 e agora seu potencial está em 1,88 gol por partida.
  • As derrotas recentes para Flamengo, São Paulo e Palmeiras, todas fora de casa, indicam que o Bahia terá de queimar mais reservas de energia para se manter na luta pelo título, mas em casa já tem a melhor defesa da competição (0,43), que não sofreu gol em quatro dos sete jogos (57% também é a melhor marca defensiva). No entanto, o Cuiabá é um visitante inconveniente, que não sofreu gol do mandante Bahia em dois confrontos pela Série A com este mando.
  • O Bahia fez oito dos últimos nove gols trocando passes rasteiros, que foi como o Cuiabá sofreu cinco dos últimos seis gols. No ataque, o Cuiabá vem sendo mais efetivo no jogo aéreo, com cinco dos últimos sete gols marcados assim (seis de dez). O Bahia sofreu três dos últimos oito gols (quatro de dez) após bolas altas, um dificultador para o Cuiabá.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Juventude

  • Mais um jogaço desta rodada: o Juventude é o terceiro melhor mandante do Brasileirão (5 V, 2 E, 81% de aproveitamento), e o Atlético-MG, o quarto melhor visitante (3 V, 2 E, 2 D, 52%). Nos pontos corridos, desde 2006, o Atlético-MG venceu os três jogos que fez contra o mandante Juventude, sempre por 2 a 1. Desta vez, o Juventude está invicto em casa, e a maior diferença entre as equipes está na resistência defensiva, o Juventude com a maior entre os mandantes, um gol sofrido a cada 30,7 conclusões contrárias, e o Atlético-MG com a segunda pior forasteira, um gol sofrido a cada 7,3 conclusões contrárias. O Juventude fez gol em todos os seus sete jogos em casa pelo Brasileirão (e não sofreu em quatro), e o Atlético-MG sofreu gol em todos os últimos cinco jogos fora pela competição.
  • O Atlético-MG é o terceiro time que mais fica com a posse de bola na competição (54,9%) e ainda assim, é o quarto mais combativo, com média de 15,1 desarmes por jogo e 13,7 faltas cometidas, somando 28,8 ações defensivas por partida, quarta maior marca. O Juventude tem a décima posse de bola (50,4%) e é o quinto mais combativo, com 15,8 desarmes por jogo e 12,9 faltas cometidas, totalizando 28,7 ações defensivas por partida. O Atlético-MG é o time mais punido com cartões para jogadores (45 amarelos e 7 vermelhos), e o Juventude, o sexto mais punido (38 e 4).
  • O Juventude marcou seis dos últimos nove gols a partir de jogadas aéreas, e embora o Atlético-MG tenha levado metade dos últimos dez assim e metade em trocas de passes rasteiros, foi após bolas altas que levou três dos últimos cinco gols. O Atlético-MG marcou seis dos últimos dez gols em jogadas rasteiras, e foi assim que o Juventude sofreu cinco dos últimos seis gols.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Corinthians

  • O ataque do Criciúma é perigoso, com a segunda maior eficácia visitante, um gol a cada 7,1 finalizações, e média de 11,8 finalizações por partida (décima marca). O Corinthians sofreu gol no primeiro tempo de seus três últimos jogos em casa, e a eficiência do Criciúma é um risco considerável.
  • No agregado dos mandos ficam evidentes as diferenças entre os ataques das duas equipes: o Criciúma tem a quinta maior eficiência do Brasileirão, média de um gol a cada 8,8 finalizações, com 13,1 finalizações por partida; disputou 14 jogos e marcou 21 gols (média 1,50 é a sexta melhor da competição). O Corinthians tem a pior eficiência do campeonato, um gol a cada 18 tentativas, com média de 13,4 conclusões; disputou 16 jogos e marcou 12 gols (0,75 é a terceira pior média). Os dois times sofreram 22 gols.
  • O Corinthians marcou seis dos últimos dez gols (cinco dos últimos sete) trocando passes rasteiros, e foi assim que o Criciúma sofreu seis dos últimos dez gols (seis dos últimos oito). No ataque o Criciúma também vem sendo mais efetivo com a bola rasteira, com cinco dos últimos seis gols marcados assim. O Corinthians tem sofrido mais com a bola aérea, com seis dos últimos dez gols (quatro de seis) com origem pelo alto.

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Atlético-GO

  • O Atlético-GO não vence há sete partidas (3 E, 4 D, 14%). Em seus últimos sete jogos o Vasco tem aproveitamento de 62% (4 V, 1 E, 2 D) e é um visitante inconveniente neste confronto: em cinco partidas com mando goianiense pela Série A, desde 2006, o Atlético-GO venceu uma, e o Vasco, três. O Atlético-GO é o pior mandante do Brasileirão (2 E, 5 D, 10%); o Vasco é o quinto pior visitante (1 V, 0 E, 6 D, 14%).
  • Na soma de desarmes e faltas cometidas, o Vasco é a equipe mais combativa deste Brasileirão, com 17,4 roubadas de bola, maior marca da competição, e 14,7 faltas cometidas, terceira maior marca, que somam 32,1 ações defensivas da sexta equipe que menos fica com a bola (47,6%). O Atlético-GO é a quarta equipe que menos fica com a bola (45,5%), a quarta que menos desarma (12,1) e a sexta que menos comete faltas (11,8). Na soma, é a quarta equipe com menos ações defensivas (24,9), apesar de ficar pouco com a bola.
  • O jogo em forte potencial para gol a partir de jogada aérea: o Atlético-GO marcou assim oito dos últimos nove gols, e foi dessa forma que o Vasco sofreu quatro dos últimos cinco gols. No ataque, o Vasco usou bolas altas para marcar quatro dos últimos seis gols, e foi assim que o Atlético-GO sofreu quatro dos últimos cinco gols.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> São Paulo

  • Com mando do São Paulo, pela Série A o Grêmio não vence este confronto desde a dobradinha de 2012 e 2013. Desde então, foram nove jogos, com quatro vitórias do São Paulo e cinco empates. Dessas nove partidas, Renato Gaúcho foi técnico do Grêmio em seis. Desta vez, o Grêmio chega como o segundo pior visitante do Brasileirão (0 V, 1 E, 5 D, 6%). O São Paulo está com a oitava campanha mandante (5 V, 1 E, 2 D, 67%).
  • O São Paulo, no agregado dos mandos, tem a terceira maior eficiência ofensiva, um gol a cada 8,3 tentativas, com média de 12,4 conclusões por partida, 11ª marca. O ataque do Grêmio é o segundo que menos finaliza, com média 9,9 finalizações por jogo, com a quinta pior eficiência, um gol a cada 13,9 tentativas. Segue finalizando pouco e mal.
  • O Grêmio vai tentar surpreender provavelmente trocando passes, porque foi assim que marcou cinco dos últimos seis gols, e como o São Paulo sofreu 12 dos últimos 13 gols. O São Paulo também trocou passes para marcar quatro dos últimos seis gols, mas o Grêmio tem sofrido mais com o jogo aéreo, tendo sofrido dessa forma seis dos últimos oito gols.

— Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Botafogo

  • O Botafogo defende a liderança com uma única derrota dos últimos 15 jogos (10 V, 4 E, 1 D, 76%), e o desafiante Palmeiras só perdeu dos últimos 13 jogos (9 V, 3 E, 1 D, 77%). O Botafogo é o quarto melhor mandante do Brasileirão (5 V, 1 E, 1 D, 76%), e o Palmeiras, o melhor visitante (67%). O Palmeiras é um visitante muito inconveniente quando viaja para enfrentar o Botafogo, com sete vitórias e cinco derrotas fora de casa em 15 jogos pela Série A, desde 2006, com este mando. Nos últimos nove confrontos pelo Brasileirão, o mandante Botafogo venceu dois, houve um empate e seis vitórias do Palmeiras, que venceu dois de cada três confrontos.
  • Um embate de Titãs não apenas por ocuparem as duas primeiras posições na classificação: o Botafogo está com o segundo ataque mandante mais eficaz, um gol a cada 6,9 tentativas, e média de 13,9 conclusões por jogo, nona marca. O Palmeiras tem a terceira melhor resistência defensiva forasteira, um gol sofrido a cada 13,5 conclusões contrárias, e média de 11,6 finalizações sofridas por jogo, quinta marca.
  • O Palmeiras ainda tem o ataque visitante mais produtivo do Brasileirão, com 17 finalizações por jogo, e a oitava eficiência, um gol a cada 10,8 tentativas, finaliza muito e com eficiência acima da média. O Botafogo é a segunda defesa que menos permite finalizações de visitantes (9,6), com a oitava resistência, um gol sofrido a cada 13,4 conclusões contrárias. Sofre poucas finalizações e é muito resistente a elas.
  • É se esperar predomínio do jogo rasteiro porque as duas equipes marcaram e sofreram assim seis dos últimos dez gols. O Botafogo marcou assim cinco dos últimos seis gols, e o Palmeiras, quatro dos últimos seis. Os dois times sofreram em jogadas rasteiras cinco dos últimos oito gols.

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Fortaleza

  • Depois de um começo vacilante, com três empates nos primeiros três jogos pelo Brasileirão, o Fortaleza vem de cinco vitórias em cinco jogos em casa pela competição, incluindo nessa lista Athletico-PR, então líder no início da sétima rodada, e o Palmeiras, então vice-líder. A equipe ainda vem de vitória fora de casa contra o então líder Flamengo. Dos 15 jogos do Fortaleza, em sete o adversário estava em uma das três primeiras colocações, e só o Bahia, então vice-líder, venceu. Somadas a Copa Sul-Americana e a Copa do Nordeste, o Vitória tem nos últimos 60 dias o melhor desempenho caseiro da Série A, com sete vitórias.
  • É futebol, e as surpresas se repetem. Mas o Vitória encontra dificuldades para se afastar do Z4 que leva para a Série B. Por aproveitamento de pontos, tem a sexta pior campanha. Contratou o técnico Thiago Carpini e sob seu comando conseguiu quatro vitórias (três em casa) em 12 partidas. Nas últimas seis partidas foram duas vitórias e quatro derrotas.
  • Os dois times marcaram sete dos últimos dez gols trocando passes rasteiros. O Vitória sofreu metade dos últimos dez gols assim e metade em jogadas aéreas (mas um dos últimos quatro), e o Fortaleza levou em jogadas rasteiras apenas dois dos últimos sete gols (quatro de dez).

Metodologia

Favoritismos apresenta o potencial que cada time carrega no Brasileirão 2024 comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e nos últimos seis jogos, independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro. Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira por serem cobranças feitas diretamente para o gol.

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de "Gols Esperados" ou "Expectativa de Gols" (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 106.916 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 4.332 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

O desempenho de um jogador é comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e consideramos o que se esperava da finalização se feita com o "pé bom" (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o "pé ruim" (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

Favoritismos apresenta também gráficos com a evolução da média móvel em cinco jogos da expectativa de gol (xG) de cada equipe no ataque e o acumulado do que fizeram seus adversários nessas partidas. Para os gráficos, a cada cinco jogos é feita uma média móvel, representada pelas linhas de ataque (preta) e defesa (vermelha, que na verdade é quanto o adversário somou em xG em cada jogo). É uma forma precisa de medir o potencial de cada equipe. A linha amarela mostra a diferença entre as produções dos ataques do time analisado e de seus adversários.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Davi Barros, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira, Valmir Storti e Zé Victor Meirinho.

Veja também

Mais do ge