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Por Redação do ge — Brisbane, Austrália


"Depois que eu tive o Bernardo, as pessoas achavam que eu ia terminar minha carreira, que o futebol não era mais para mim. E por um momento eu acreditei nisso."

Tamires, na seleção brasileira para a Copa do Mundo, tinha apenas 21 anos e estava no início da carreira quando se tornou mãe. Engravidou jovem e numa época em que poucas conseguiam seguir no futebol. Sobravam críticas. Faltavam direitos. E somente em julho deste ano, aliás, a lei passou a prever proteção para atletas durante o período de gestação e por até seis meses após o nascimento do bebê.

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Tamires - mais de uma década antes dessa conquista básica - ficou três anos sem pisar nos gramados durante e após a gravidez.

- Meu coração fervia. Eu chorava por muitas vezes, querendo estar dentro de campo e não era possível. Só que eu tinha que controlar essas emoções, porque sabia que estava fora por um motivo especial, que era o Bernardo - conta a lateral-esquerda, em entrevista à Fifa.

Tamires e o filho, Bernardo, com a camisa da seleção brasileira — Foto: Vitor Milanez/CBF

Ela precisou de tempo, mas sabia que o sonho estava vivo dentro de si. Precisava voltar. Ao fim de 2010, portanto, quando nem sequer esperava, recebeu uma ligação do técnico do Atlético-MG, Wellison Bitencourt, com o convite para integrar o projeto a partir da temporada seguinte.

- Quando você não está no cenário do futebol, você acaba sendo esquecida, e isso passava pela minha cabeça. Não pensei duas vezes e aceitei. A mulher não pode se limitar e eu não queria simplesmente ser mãe. Queria viver meu sonho e mostrar ao meu filho que a gente tem que acreditar nos nossos sonhos - conta a atleta.

Tamires em disputa com Eugenie Le Sommer em França x Brasil — Foto: REUTERS/Dan Peled

Os primeiros meses não foram fáceis. Se Bernardo agora entende e tem orgulho da mãe atleta, naquela época - ainda novo - sentia a ausência da mãe e vivia um misto de sentimentos sobre o esporte.

- Ele falava: "nossa, odeio futebol". Porque me tirava de perto dele. Foi uma coisa que mexeu muito comigo e me senti culpada. Mas outra vez ele falou: "quero que você seja feliz". Então mexeu, mas de uma forma positiva.

Depois do retorno, Tamires ainda passou por Centro Olímpico, Fortuna Hjorring, da Dinamarca, e por fim o Corinthians, vivendo sua melhor fase profissional, com chamadas regulares para a seleção brasileira e agora disputando a Copa do Mundo de 2023.

Seguir vivendo o sonho, contudo, passa pelo desafio de quarta-feira: vencer a Jamaica para se garantir nas oitavas de final sem depender do resultado da França - no duelo com o Panamá. É tempo de força mental após a derrota para as francesas e também de união. É o que pensa uma das referências na Seleção.

- Vamos dar a volta por cima e futebol é isso. Hoje você pode cair, amanhã levanta. A gente tem que estar mentalmente muito forte, acho que só assim o Brasil vai conseguir ganhar da Jamaica.

"Quando a gente não tiver preciosismo, não tiver vaidade, nenhum ego falando mais alto. Isso que faz uma equipe campeã. Quando ela está unida."

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Jogadoras do Brasil comemoram um dos três gols de Ary Borges na goleada sobre o Panamá — Foto: Thais Magalhães/CBF

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