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Por Carol Oliveira e Henrique Arcoverde — Rio de Janeiro


Aposta de medalha na barra fixa, Arthur Nory iniciou sua apresentação na final do solo nas Olimpíadas do Rio, em 2016, sem a pressão de ser um favorito. Confiante, arriscou um série complexa, cravou e conquistou o bronze tão sonhado, em casa, ao conseguir a nota 15,433. A alegria foi ainda maior ao dividir o pódio com Diego Hypolito, medalhista de prata no aparelho. O atleta relembrou o maior momento de sua carreira neste domingo, no quadro "Minha Medalha", do Esporte Espetacular.

Arthur Nory relembra bronze na Rio 2016. com dobradinha do Brasil

Arthur Nory relembra bronze na Rio 2016. com dobradinha do Brasil

Arthur Nory relembra bronze no Rio 2016 — Foto: Carol Oliveira

- Era um domingo, Dia dos Pais, o Brasil inteiro estava assistindo, o mundo inteiro estava assistindo, e o ginásio estava lotado. Era a final do solo com Diego Hypolito, ídolo e pioneiro de medalhas para a ginástica masculina no Brasil. Todo mundo já conhecia esse histórico, e já estava ali naquela expectativa também - contextualizou Nory.

Era a primeira vez em que dois brasileiros chegavam juntos à final do solo na ginástica artística em uma edição olímpica. Segundo a se apresentar, Diego foi aplaudido e finalizou com maestria uma sequência praticamente perfeita de acrobacias. O brasileiro conquistou um 15,533 e assumiu a primeira posição. Nem tão famoso na época quanto o companheiro de equipe veterano do esporte, Arthur se apresentaria pouco tempo depois.

- Tinha um outro brasileiro novo ali, chegando agora. Falei: 'Aqui é Brasil contra mundo', e foi. Então eu senti, eu gosto muito dessa energia de torcida, faz muita diferença para mim - contou o atleta.

Arthur Nory com medalha de bronze no Rio 2016 — Foto: Carol Oliveira

O então vice-campeão mundial no solo, Max Whitlock, entrou em seguida e praticamente cravou a série. Com um 15,633, o britânico tirou Diego da liderança, mas não apagou o sonho da medalha. Seu compatriota entrou logo depois, mas não obteve nota suficiente para a classificação. Finalmente era a vez de Arthur, que mal poderia imaginar o momento que viveria a seguir.

- O treinador da época, Renato, falou assim: 'Você é franco-atirador nessa final, vai para cima', e eu falei: 'Vou para cima!' - contou.

Nory sabia que não tinha nada a perder. Isso foi o suficiente para ganhar a confiança que precisava e apostar tudo o que tinha no solo. Fez uma série bem mais difícil do que costumava apresentar, e cravou quase todas as aterrisagens. Com um 15,433 e incrédulo, o brasileiro assumia a terceira posição.

Arthur Nory aplica pirueta na apresentação que lhe rendeu o bronze no solo — Foto: Reuters

- Eu mal cheguei e já estava comemorando. A espera é um outro momento. Parece uma eternidade ter que esperar todos os oito para ver seu resultado. Eu era o quinto. Logo depois seria um japonês, o Kenzo, que era sempre muito cotado - lembrou.

Kenzo Shirai era, de fato, o favorito da prova. Campeão mundial, suas probabilidades de pódio eram altíssimas. Seria preciso contar com o improvável. Para a sorte dos brasileiros, foi exatamente o que aconteceu. Com um 15,366, o japonês estava fora da disputa.

Arena Olímpica do Rio - Ginástica Artística - Arthur Nory — Foto: Dylan Martinez/Reuters

Sobrava apenas Sam Mikulak, líder da classificatória. Ainda em terceiro e muito ansioso, Arthur não quis ver mais nada. Não viu nem mesmo o erro do americano, que saiu do solo e ficou com um 14,433. O sonho se tornava realidade, com a dobradinha brasileira em segundo e terceiro lugares.

- Quando o último ia se apresentar, Diego já estava chorando muito, e eu fui abraçá-lo pois ele já sabia que seria medalhista. Nem vimos direito a série do americano, só sei que na primeira diagonal ele saiu do solo. Aí, eu comecei a chorar - lembrou.

Arthur Nory, ginástica Rio 2016 — Foto: Reuters

- Demora um pouquinho para entender a dimensão dessa medalha e dessa conquista. Então, não é sobre a medalha em si, é sobre tudo por trás, como a gente pode chegar. E eu cheguei, e ela representa muito.

Este foi o décimo-primeiro episódio do "Minha Medalha" no Esporte Espetacular, quadro que relembra grandes conquistas de medalhistas brasileiros nas Olímpiadas. Além de Arthur Nory, Janeth Arcain, Italo Ferreira, Arthur Zanetti, Hebert Conceição, Fabi Alvim, Luísa Stefani, Pedro Barros, Shelda, Fernando Scherer e Ricardo Lucarelli, o quadro ainda vai contar com mais medalhistas olímpicos.

Confira os episódios anteriores

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