TIMES

Por Redação do ge — Paris


Argelina se emociona após vencer luta e garantir medalha no boxe feminino

Argelina se emociona após vencer luta e garantir medalha no boxe feminino

A onda de fake news e discurso de ódio que a perseguiram desde quinta-feira não derrubaram Imane Khelif. A argelina só deixou as emoções tomarem conta de si após assegurar, no mínimo, a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, ao superar a húngara Anna Luca Hamori nas quartas de final do peso-meio-médio (até 66kg), por decisão unânime (5-0), neste sábado. Como todas as semifinalistas sobem ao pódio no boxe, Khelif já tem o bronze garantido e ainda pode ir à final da categoria se vencer a tailandesa Janjaem Suwannapheng na próxima terça-feira.

Imane Khelif chora ao conversar com a imprensa após sua vitória no boxe — Foto: Marcelo Barone

Khelif foi abraçada pelo público, majoritariamente argelino, na Arena Paris Norte neste sábado, e venceu Hamori sem sustos. Porém, ao deixar o ringue, a argelina não conseguiu conter as lágrimas, após uma semana em que foi acusada de ser atleta transgênero e esteve sob ataque até de líderes políticos mundiais como a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Ela foi amparada pelos treinadores no caminho de volta ao vestiário.

Imane Khelif chora ao deixar o ringue, após vitória nas quartas de final do boxe — Foto: Richard Pelham/Getty Images

Khelif parecia motivada por toda a polêmica e tomou a iniciativa do combate desde cedo. Ela jogou alguns jabs e diretos para abrir a pontuação. Hamori se movimentava bem e buscava se esquivar para conectar contragolpes, e acertou um bom direto de encontro. Com o decorrer do primeiro assalto, Khelif passou a jogar de forma mais estratégica e acertou bons diretos de resposta. A argelina venceu o round de forma unânime na pontuação dos cinco juízes laterais.

Imane Khelif (dir.) leva golpe de Anna Luca Hamori (esq.) no corpo — Foto: Richard Pelham/Getty Images

Hamori precisava andar mais para frente para correr atrás da desvantagem, e Khelif usou isso para sua vantagem. Ela aguardava o ataque e golpeava na resposta. A húngara também teve bons momentos, com bons cruzados de direita e esquerda conectados. A argelina, entretanto, era senhora do combate e ficou bastante confortável até o soar do gongo. Ela abriu dois rounds de diferença em todos os cartões de pontuação e tinha a vitória praticamente garantida.

Anna Luca pareceu muito frustrada no córner ao conversar com seus treinadores no intervalo. Ela voltou ao terceiro e último assalto buscando o ataque com o jab e o direto. Em vantagem, Khelif podia circular e aguardar o ataque para responder. Duaz vezes, as atletas clincharam e foram ao chão. Numa delas, a argelina teve um ponto deduzido por falta. Era a chance de Hamori para empatar a luta, e Khelif foi forçada a atacar mais, jogando jabs e ganchos no corpo.

Imane Khelif (de vermelho) e Anna Luca Hamori (de azul) vão ao chão durante luta de boxe nas Olimpíadas de Paris 2024 — Foto: Richard Pelham/Getty Images

A argelina Imane Khelif virou foco de enorme polêmica nos Jogos de Paris 2024 devido ao banimento de sua participação na final do Mundial amador de 2023, organizado pela Associação Internacional de Boxe (IBA), que justificou sua exclusão por não cumprir requisitos de elegibilidade para competir entre mulheres. O teste realizado pelo órgão, no entanto, é mantido sob sigilo, e o presidente da associação, o russo Umar Kremlev, justificou que a argelina teria cromossomos XY. O Comitê Olímpico Internacional (COI), que descertificou a IBA no ano passado devido à falha da entidade em completar reformas em questões de governança, finanças e ética do órgão, organizou o torneio de boxe olímpico por conta própria, seguindo protocolos adotados em Tóquio 2020, e permitiu que Khelif competisse.

A polêmica em torno da argelina cresceu após sua estreia na competição na última quinta-feira. Ela venceu o confronto com a italiana Angela Carini em 46 segundos; sua adversária abandonou a luta alegando dor intensa no nariz após sofrer dois golpes no rosto. O acontecimento motivou uma onde de discurso de ódio e a circulação de boatos que Khelif, nascida e criada mulher cisgênero, seria uma atleta transgênero. O COI lamentou a propragação de desinformação e reafirmou que a atleta cumpria seus requisitos para competir nas Olimpíadas. Em guerra política com o COI, a IBA anunciou que concederia a Angela Carini premiação equivalente à de uma medalha de ouro.

Veja também

Mais do ge

Ugandense Rebecca Cheptegei faleceu em decorrência de violência doméstica

Paris prestará homenagem à maratonista morta após ter o corpo queimado por namorado

Medalhista de bronze por equipes, ginasta diz que procedimento correu bem e que já iniciou a fisioterapia

Flavinha Saraiva passa por cirurgia no ombro: "Voltar ainda mais forte" - Programa: Jogos Olímpicos Paris 2024

Bia Souza, Lorrane Oliveira e Daiane dos Santos debatem oportunidades e narrativas negras no esporte durante o Festival Negritudes Globo

Lorrane exalta legado de Daiane para mulheres negras na ginástica: "Graças a ela, não sofri preconceito"

Medalhista olímpico em Paris, atleta brasileiro largou bem, mas não conseguiu seguir na disputa e saiu aplaudido pela torcida

Alison dos Santos abandona prova por lesão durante a Diamond League

Seleção brasileira mostra volume de jogo, vence por 3 a 0 e disputará primeiro lugar do Grupo B com a Polônia

Ugandense Rebecca Cheptegei não resiste e falece em decorrência de violência doméstica

Maratonista olímpica morre após ter 80% do corpo queimado em ataque do namorado

Prata na disputa de equipes no tiro esportivo com pistola 10m, Yusuf Dikec viralizou nas redes por estilo despojado, com a mão no bolso, e por não usar equipamentos especiais para atirar

Atirador turco tenta registrar como marca postura que viralizou nas Olimpíadas

O movimento que só a ginasta americana consegue fazer foi importante na conquista de dois ouros em Paris, em disputas nas quais Rebeca Andrade ficou com a prata

Simone Biles anuncia fim do salto mais difícil da ginástica: "Descanse em paz" - Programa: Jogos Olímpicos Paris 2024

Para astro do basquete, meses de treinos poderiam levá-lo ao sucesso em provas do atletismo

LeBron James diz que brigaria por medalha olímpica no salto em distância ou em altura

Em 3 de outubro vão ser escolhidos o presidente e o vice do Comitê Olímpico do Brasil, em mandato que vai até 2028; candidaturas precisam ser inscritas até o próximo dia 10

COB marca eleição para outubro e Prêmio Brasil Olímpico para dezembro