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Por Nadja Mauad e Guto Marchiori — Curitiba


A saída de Carlos Amodeo do cargo de CEO do Coritiba estava desenhada pela Treecorp. A decisão foi anunciada como "comum acordo entre as partes", mas é fato que o desgaste interno gerado por episódios nos últimos meses determinou que a dona da SAF do Verdão colocasse um ponto final na passagem do dirigente.

Coritiba anuncia saída do CEO Carlos Amodeo

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Embora muito inteligente e com uma forte narrativa, Amodeo perdeu força nos bastidores. E não faltam elementos que ajudem a entender o cenário. Um deles é a falta de resultados expressivos em meio a promessas e o tão falado protagonismo, não visto até o momento. Isso elevou a pressão em cima do elenco, que teve uma montagem ruim, no ponto de vista da Treecorp.

Justamente nisso que se encaixa a contratação e posteriormente manutenção do técnico Guto Ferreira mesmo sob enorme pressão da torcida para a troca de comando. Afinal, as decisões do futebol estavam nas mãos de Amodeo. Era ele quem tinha as cartas e utilizava as mesmas como queria. Natural para o cargo que exercia.

Carlos Amodeo, CEO do Coritiba — Foto: Reprodução/Coritiba

A situação, porém, mudou a partir da chegada de William Thomas, que assumiu como diretor executivo e head esportivo, através da Treecorp. Paulo Autuori, que foi um nome trabalhado por Amodeo nos bastidores, se juntou ao departamento de futebol e teve, da dona da SAF, carta branca para a tomada de decisão relacionadas à pasta.

A vaidade falou mais alto. Uma vez que Amodeo se viu isolado após mais atritos com a torcida do Coritiba. Em um dos episódios, o ex-CEO, em entrevista do ge, subiu o tom e recebeu uma enxurrada de críticas, inclusive com direito a faixas com "Fora, Amodeo", sendo itens constantes nos jogos dentro do Couto Pereira. A Treecorp resolveu intervir.

Em uma reunião, em São Paulo, Amodeo foi orientado a recuar, pedir desculpas à torcida do Verdão, se afastar dos holofotes e não atuar diretamente no futebol. O enfraquecimento do poder estava claro e se estendeu ao longo dos últimos meses com a saída de pessoas ligadas a ele e que trabalhavam nas dependências do Coritiba.

Exclusivo: CEO do Coritiba, Carlos Amodeo faz balanço da SAF

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Por isso, o caso Alef Manga não pode ser apontado como causa direta da saída de Amodeo. Talvez tenha sido a gota d'água, uma vez que evidenciou o racha interno entre o ex-CEO e o departamento de futebol, com divergências que foram expostas por pessoas de fora do clube, mas ligadas de alguma forma ao, agora, ex-funcionário da Treecorp.

Autuori, aliás, solicitou ao departamento de comunicação do Coritiba, que a ele é subordinado, para gravar um vídeo nas dependências do CT da Graciosa e afirmou zelar por princípios éticos, justificando assim a postura do departamento de futebol para não contar com Alef Manga. E num dos trechos diz que o caso poderia ter sido resolvido no passado. Claro recado a Amodeo.

Guto Ferreira ao lado do CEO do Coxa, Carlos Amodeo — Foto: Gabriel Thá / Coritiba

Desde a última semana com o que se deu todo o caos sobre a volta ou não de Manga, a empresa dona da SAF do Coritiba ficou ainda mais insatisfeita, principalmente como os bastidores eram movimentados e articulados pelo ex-CEO, utilizando de influência externa para colocar em xeque o trabalho realizado pelo departamento de futebol.

A incompatibilidade entre as duas partes tornou impossível a permanência de uma delas no projeto do Coritiba. Internamente, o clima estava terrível. O departamento de futebol e Amodeo esperavam um posicionamento da Treecorp, que se deu após com o sócio-diretor Bruno D'Ancona nesta terça-feira.

Na visão da Treecorp, o trabalho realizado até o momento pelo departamento de futebol é positivo e com projeção de crescimento. Por isso, a decisão pela manutenção da dupla Autuori e Thomas, que sai fortalecida da disputa, mas não menos pressionada pelo voto de confiança recebido.

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