Luiza
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Por Luiza Brasil (@mequetrefismos)


Perguntinha direta: você se acha bonita? O que te faz enxergar a beleza nas pessoas que você enaltece? Lembrando que não vale dizer “a alma” ou “beleza interior”. O meu convite é para que olhe, sem nenhum pudor, para o lado estético, entendendo toda sua complexidade. Pensou? Então guarde as informações. Já, já elas serão úteis...

Dia desses abri meu Instagram e vi a notícia: “Robert Pattinson é o homem mais bonito do mundo, desbancando Brad Pitt”. Você deve estar se perguntando: “Tá, Luiza, por que você está falando de boys na sua coluna?”. Pois essa história não para por aí. A métrica desse “padrão” de beleza chama-se Proporção Áurea, medida criada na Grécia Antiga. Isso mesmo minhas caras, GRÉCIA ANTIGA! Ao ler a matéria e seus desdobramentos, a minha primeira reação foi a de incômodo. Em segundo lugar, ecoou a questão do que é ser belo. E a terceira? Aaaah, a terceira é toda essa construção estética pautada em arquétipos.

 “Se você é uma mulher preta, como eu, talvez já tenha ouvido dx crush: ‘não curto tanto mulheres negras’” (Foto: Arte Domitila de Paulo) — Foto: Glamour
“Se você é uma mulher preta, como eu, talvez já tenha ouvido dx crush: ‘não curto tanto mulheres negras’” (Foto: Arte Domitila de Paulo) — Foto: Glamour

Se você é uma mulher preta, como eu, talvez já tenha ouvido dx crush algo como: “Você é linda, legal, inteligente, mas não faz meu tipo” ou “Não curto tanto mulheres negras”. É meio insano, mas mesmo sendo o combo da perfeitona, bonita, inteligente e bem-sucedida, você nunca se sente compatível com ninguém. Devo dizer uma coisa: esse lugar idealizado do que é a beleza (assim como a do amor romântico) é um dos pontos determinantes do nosso preterimento. Mas, calma, antes de tudo, você não está sozinha.

É importante lembrar que a beleza é uma construção social. E como muito bem declara a escritora existencialista Simone de Beauvoir, a expectativa do belo para as mulheres parte de um olhar masculino – e, sobretudo, do homem branco. A prova disso está nos museus. Ao longo do tempo, conseguimos acompanhar uma série de transformações estéticas em mulheres retratadas por diversos pintores famosos. Mas, diante de tantas mudanças, quantas eram de mulheres negras? Seja pela história ou por ciclos sociais, sempre fomos invisibilizadas.

Entre “simetrias perfeitas”, baseadas em cálculos eurocêntricos, até “cabelos normais” no xampu, incluindo a divisão de um mundo em que o que é classificado como não branco torna-se exótico, tudo isso reforça e perpetua os nossos gostos. Consequentemente, esse indicador aponta para outras disparidades: basta você revisitar o seu repertório de filmes, novelas adolescentes ou revistas de conteúdo jovem para ver o quão subjugado é o nosso lugar de mulher negra. Enquanto a sociedade insistir em taxar de “frívolas” as nossas questões, o nosso emocional será ferido de forma enlouquecedora.

Sem contar que sempre somos nós emprestando o ombro coadjuvante para uma amiga não negra protagonista que precisa desabafar sobre suas desilusões amorosas, como se isso não nos pertencesse. Ou a necessidade de adequação dos cabelos e traços para o convívio em uma sociedade que te exige “boa aparência”. Essas e outras feridas do colonialismo puniram por gerações mulheres como eu, que ainda pagam um preço caríssimo para ter essa “alforria” estética e sermos contempladas com a afetividade e o sucesso em nossas carreiras.

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Para aliviar todas essas dores – se é que a densidade do assunto me permite a leveza –, principalmente no campo do entretenimento e da informação, tenho consumido mais do que algo que me empodere esteticamente: busco vivências identitárias nas quais me enxergo. Dentro deste universo, foi um bálsamo encontrar a série Insecure, ler Grada Kilomba e poder mostrar para meninas e adolescentes negras que mulheres como Zozibini Tunzi, atual Miss Universo, Lupita Nyong’o e Iza (todas mulheres retintas) são referenciais de beleza e talento no Brasil e no mundo.

Mais do que a afirmação de que a beleza é fundamental, entender e desconstruir o lugar único do que é belo assegura a diversidade e a empatia. Afinal, como diz Grada: “Não sou discriminada porque sou diferente, me torno diferente através da discriminação”.

@mequetrefismos Luiza Brasil é jornalista, fashionista, crespa assumida e ativista racial. Aqui, na coluna Caixa Preta, compartilhará insights sobre moda, comportamento y otras cositas más... (Foto: Arquivo Pessoal) — Foto: Glamour
@mequetrefismos Luiza Brasil é jornalista, fashionista, crespa assumida e ativista racial. Aqui, na coluna Caixa Preta, compartilhará insights sobre moda, comportamento y otras cositas más... (Foto: Arquivo Pessoal) — Foto: Glamour
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