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Por Geiza Martins


Cena de "Descompensada" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Descompensada" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Uma mocinha à espera do príncipe encantado é tão (tão, tão!) clichê que nem as histórias mais açucaradas de Hollywood ousam repetir a fórmula. Apesar de ainda pirarmos com reprises de "Dirty Dancing", "Uma Linda Mulher" e "Mensagem Pra Você", aos poucos, nós, mulheres, sentimos essas histórias românticas se distanciarem da nossa realidade - que tem cada vez menos a ver com uma ideia de viver um amor perfeito e muito mais com ficar bem consigo mesma.

Em fevereiro, por exemplo, estreou o longa-metragem "Como Ser Solteira", no qual a personagem de Dakota Johnson termina o namoro para saber como é ficar solteira na noite de Nova York. Apesar de pisar na bola com a proposta do #queroficarsozinha (há momentos e personagens ainda em busca de relacionamento e discursos que detonam o empoderamento feminino), a comédia é uma tentativa de representar o comportamento, os pensamentos e as atitudes da mulher contemporânea na telona.

Cena de "Como Ser Solteira" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Como Ser Solteira" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour


Atualmente, nesse gênero feito especificamente pra nós, a mulher não está mais em busca do príncipe ou do homem perfeito, mas de uma sensação de completude, que começou a surgir depois dos movimentos feministas da década de 60, segundo a psicóloga Ana Paula Magosso Cavaggioni, da Clia Psicologia e Educação (SP).


Às vezes, a ação central da mocinha não é resolver um relacionamento amoroso, mas cuidar de uma amizade ou mesmo da relação entre irmãs (quem pode esquecer de Cameron Diaz e Toni Collette no lindo "Em Seu Lugar"?). Em outras, elas até se dão bem no campo sentimental, mas permanecem numa jornada de autoconhecimento, independentemente do status de relacionamento. “Vejo mais uma busca humana, por uma vida completa em sua individualidade. Elas transam, têm desejos próprios, vida social. Passaram a existir mais heroínas que cada vez menos dependem de um herói pra fazer as coisas”, comenta a psicóloga.

Há ainda o surgimento de comédias escrachadas nas quais as personagens não têm pudores e estão longe da mulher romantizada. Pra Ana Paula, essa mudança é um reflexo da realidade e da desromantização do feminino: “Essas mulheres não querem mais ser imagens. Existe uma força da personagem que reflete uma realidade atual. As pessoas não desejam ser uma metade a espera de outra metade. Elas querem ser um inteiro que compartilha e troca com outro inteiro”.


Todavia, essa é uma ‘escola’ relativamente nova pra produção cinematográfica. E ainda há resquícios das antigas mocinhas nos filmes atuais. “Existe uma tentativa de manter certos paradigmas de sexo frágil ou donzela em perigo, basta ver que o papel de conquista ainda está em sua maioria com o homem”, comenta Ana Paula. Portanto, se você ama comédias românticas, prepare-se, pois nossas mocinhas serão cada vez mais ousadas, ou seja, muito mais parecidas com a gente!

Veja a nossa seleção e diga nos comentários se concorda:

Cena de "Comer, Rezar, Amar" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Comer, Rezar, Amar" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Comer, Rezar, Amar (2010)
Foi inesquecível ver a nossa pretty woman Julia Roberts, no papel de Liz Gilbert, largar um casamento ideal e depois um relacionamento novo com um personagem interessantíssimo (ai, ai, James Franco, lembra?) pra buscar o que faltava na vida: ela mesma. Uma passagem pela Itália, depois uma viagem espiritual na Índia e o encontro com a paz interior em Bali a fizeram estar completa pra viver uma vida plena (ainda que com o encontro de um novo romance). E, olha, o filme foi baseado na própria vida da autora Elizabeth Gilbert. Mais real, impossível.

Cena de "Frances Ha" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Frances Ha" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Frances Ha (2012)
Da safra atual, talvez este seja o filme que melhor represente as mulheres de vinte e poucos anos. Frances é uma garota (já nem tão garota assim), que sonha com uma carreira de dançarina, apesar de não ter tanto talento. Opa, eis aí uma personagem profunda e já com um conflito interno sem depender de homem! O filme já começa com Frances negando o pedido do namorado de irem morar juntos. O motivo? Ela quer continuar a dividir apê com sua amiga Sophie. Entretanto, a amiga é quem dá um fora nela e vai morar em um apartamento melhor localizado. A mocinha, então, precisa resolver o problema de se sustentar e buscar seu sonho de dançarina. Conflitos e mais conflitos humanos!

Descompensada (2015)
No filme protagonizado por Amy Schumer, o que mais vale é destacar o perfil da personagem Amy. Ela é uma jornalista solteira, independente, bem-sucedida, que transa com quem bem entende e acredita que o ser humano não é monogâmico. Até que Amy se apaixona por um médico, interpretado por Bill Hader. A partir daí o filme até repete alguns clichês de comédias românticas, entretanto, a personagem de Amy traz todas as características da neo mocinha: politicamente incorreta e sem pudores.

Cena de "Missão Madrinha de Casamento" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Missão Madrinha de Casamento" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Missão Madrinha de Casamento (2011)
Sim, a protagonista Annie (Kristen Wiig) troca um homem interessado só em sexo por um homem doce e prestativo, típico de uma comédia romântica. A questão desse filme é o “entretanto”. Annie não percorre o filme atrás de um príncipe, mas tentando ser a melhor madrinha de casamento possível pra sua melhor amiga Lillian (Maya Rudolph), enquanto vive o pior momento financeiro de sua vida. Pra aumentar o conflito (e as risadas), ela ainda tem seu “título” de BFF ameaçado por uma nova bestie de Lillian, a rica e perfeita Helen (Rose Byrne).

Cena de "Professora Sem Classe" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Professora Sem Classe" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Professora Sem Classe (2011)
Politicamente incorreta, essa é uma comédia escrachada com uma mulher no papel principal, uma raridade em Hollywood. Cameron Diaz é a protagonista que é o avesso da mocinha. É uma professora substituta mau caráter, interesseira, que não está nem aí pros alunos e muito menos pro amor. Sim, ela quer um homem, mas pra sustentá-la. Então, dá pequenos golpes pra ganhar mais dinheiro e poder colocar silicone!

Cena de "Quatro Amigas e um Casamento" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Quatro Amigas e um Casamento" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Quatro Amigas e um Casamento (2012)
Outra comédia politicamente incorreta. Quatro amigas de infância se reúnem pra celebrar o casamento de uma delas, Becky (Rebel Wilson), que era vítima de bullying e excluída da turma. Numa versão feminina de "Se Beber Não Case", as três amigas (interpretadas por Kirsten Dunst, Lizzy Caplan e Isla Fisher) precisam arrumar o vestido da noiva, que elas mesmas rasgaram e mancharam. Muitas drogas, sexo e cenas sem noção recheiam esse filme no qual as mulheres não têm nada de mocinhas exemplares, num roteiro que explora as mazelas do comportamento humano.

Cena de "Mesmo Se Nada Der Certo" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Mesmo Se Nada Der Certo" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Mesmo Se Nada Der Certo (2014)
A mocinha mais mocinha do cinema atual, Keira Knightley, interpreta Gretta, uma cantora que toma um fora do namorado rockstar Adam Levine (ou melhor, Dave), quando ele se deslumbra pelo sucesso na carreira. E ela? Passa o filme descobrindo que é uma excelente compositora, com talento pra virar estrela, mas que prefere fazer música com qualidade do que o estrelato imediato. Ou seja, é a história de uma mulher se descobrindo em uma cidade gigante como Nova York.

Cena de "Malévola" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour
Cena de "Malévola" (Foto: Divulgação) — Foto: Glamour

Malévola (2014)
Tudo bem, a gente sabe, Malévola não é comédia romântica, mas fizemos questão de incluí-la na lista por tratar uma desilusão amorosa e pra provar que até mesmo os contos de fadas (berço de toda ideia de romance) estão mudados. As bruxas não são mais bruxas do mau. São mulheres. E mulheres reais. Aqui, Malévola (Angelina Jolie) é uma fada traída pelo homem por quem se apaixonou e tenta se vingar dele ao colocar uma maldição em sua filha Aurora (Ella Fanning). O conflito está na doçura de Aurora, que faz Malévola redescobrir o amor, só que de mãe. Merece ou não merece estar na lista?

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