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Por Por Malu Pinheiro (@mariluisapp)


Dados distorcidos, fakes news e notícias ignoradas também são formas de negar o cenário atual da Covid-19 no Brasil.Ah, mas pensa pelo lado positivo...” quando, sabemos, que não é bem assim. Algumas situações não têm "um lado positivo" e impor essa felicidade em momentos difíceis abre espaço para a positividade tóxica. “O conceito é a exacerbação da necessidade de ser feliz e, consequentemente, de negar aquilo que não é visto como algo bom, independente de estarmos em uma pandemia ou se você perdeu um ente querido”, explica Bettina Correa, psicóloga do Grupo de Telemedicina Iron.

A positividade é quando a gente espera por algo bom, mas ela passa a ser tóxica quando isso se torna uma necessidade ou a única opção. Bettina relembra que antigamente o termo tóxico era usado exclusivamente para o veneno e, daí, o conceito atual da positividade tóxica. “Quando ela é imposta ou está em excesso, ela passa a fazer mal”, diz a especialista.

“Essa corrente que encara a felicidade como se fosse algo concreto e alcançável desencadeou esse comportamento, sendo que, dentro da psicologia, sabemos que somos seres complexos e com múltiplos sentimentos”, afirma Ana Volpe, psicóloga com especialização em psicanálise.

Positividade tóxica: dá para ser positiva em tempos de Covid-19 no Brasil? (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour
Positividade tóxica: dá para ser positiva em tempos de Covid-19 no Brasil? (Foto: Getty Images) — Foto: Glamour

Lidar com sentimentos negativos

Negar ou silenciar sentimentos e emoções ditas como não nobres (ou ruins) podem ter consequências ainda piores que encarar a realidade. “A primeira coisa que acontece quando a gente ignora algum sentimento, sendo ele positivo ou negativo, é que a gente perde a habilidade de lidar com ele. Se, por exemplo, você está sofrendo, mas nega esse sofrimento, você deixa tanto de enfrentar, quanto de entender o que está causando isso”, explica Bettina. O que pode, inclusive, desencadear sintomas físicos, como os chamados psicossomáticos: “Neste período, muita gente acaba tendo sintomas até mesmo da Covid-19, como falta de ar, febre e tosse, mas eles são totalmente individuais”.

A psicóloga ainda reforça a importância de dar nome ao que se sente. “A gente sente um ‘negócio’, mas não sabe o que é, se é tristeza, raiva, frustração, felicidade, angústia... Por isso, é importante saber o que é o quê, mesmo que seja difícil descrever. Isso faz parte do amadurecimento emocional. A gente só lida com aquilo que a gente sabe o que é”, diz Bettina.

Mas, não é para deixar o otimismo de lado, né?

Nada disso! E as duas coisas são bem diferentes. O otimismo é sobre esperar por algo bom, sem precisar estar bem o tempo inteiro. “A gente deve ter um olhar otimista para encarar as situações, mas isso não significa negar que no momento não está tudo bem”, esclarece Bettina.

Outro ponto importante que ambas as psicólogas abordam é saber quando pedir ajuda. “A partir do momento que você percebe que algo está te causando sofrimento, é hora de procurar um profissional, seja um psicólogo, psiquiatra ou terapias alternativas”, diz Bettina. “Quando algo ocupa a maior parte do seu tempo e interfere na sua produção diária, seja no trabalho, com os filhos ou afazeres domésticos, é hora de virar a chava e ir atrás de um profissional”, reforça Ana Volpe.

E dá para ser positiva em tempos de Covid-19 no Brasil?

“A gente está vivendo um momento de luto, de luto social, e é preciso viver isso. Quem está em uma positividade excessiva agora está totalmente dissociado da realidade”, afirma Ana Volpe. A psicóloga ainda alerta que a forma mais saudável de encarar o momento é viver esse luto e que isso não significa entregar-se a tristeza, mas entender – e aceitar – que ela é inevitável em certos momentos. Como você anda lidando com tudo isso?

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