• Rodrigo Capelo
Atualizado em
Depressão (Foto: Getty Images)

Depressão é um mal contemporâneo, não há dúvidas. E é um mal democrático: ataca desde celebridades endinheiradas e cercadas de luxo e fama até pessoas com contracheques magrelos. O que nem todo mundo sabe, e agora cientistas estão começando a provar, é que depressão tem tanto a ver com seu corpo, fisicamente falando, quanto com sua mente.

George Slavich, psicólogo clínico na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, relatou em entrevista ao jornal britânico The Guardian que a saúde física tem o mesmo peso na causa da depressão que problemas psicológicos. “Eu nem falo mais nisso como uma condição psiquiátrica. Envolve psicologia, mas também envolve partes iguais de biologia e físico”.

A questão é que todo mundo se sente miserável quando está doente. As pessoas ficam cansadas, irritadas, preguiçosas. Isso acontece por uma boa razão, dizem especialistas: para evitar que a gente se machuque ou deixe uma infecção espalhar. Vamos ligar os pontos: se somos prejudicados psicologicamente quando estamos doentes, é razoável crer que a depressão possa causada ou piorada por problemas corporais.

A explicação mais razoável é que inflamações ativam parte do sistema imunológico e fazem com que agentes do organismo entrem em ação para combatê-las. Uma família de proteínas chamada citocina, para proteger o corpo, coloca o cérebro em estado “doente”. Tanto citocinas quanto inflamações se tornam mais presentes durante momentos de depressão, segundo pesquisa de 2008, e desaparecem em períodos de remissão. Quem tem doenças inflamatórias, como artrite, tende a sofrer mais do que a média de depressão.

Turhan Canli, da Universidade de Stony Brook, em Nova York, vai além e acredita que a depressão deveria ser rotulada como doença infecciosa, porém não contagiosa. O especialista argumentou a respeito numa palestra no TED, disponível no YouTube. Talvez não seja para tanto, e não há tantos cientistas convictos disso, mas vale a reflexão.

Sendo assim, reduzir inflamações é um caminho para evitar depressão, embora Slavich alerte que precisamos ter um certo nível delas no corpo para combater infecções. Um outro estudo de 2006, inclusive, mostrou que acrescentar remédios anti-inflamatórios a antidepressivos é efetivo na cura de sintomas e na resposta de pacientes ao tratamento, ainda que faltem mais pesquisas para comprovar isso. E vale lembrar: boa alimentação, atividades físicas regulares, horas de sono de qualidade. Não custa se esforçar um pouco mais em 2015 por um corpo saudável, agora também para escapar da depressão.