Hugo Calderano (Foto: Foto: Getty Images - Ilustração: Victor Amirabile)

Hugo Calderano (Foto: Foto: Getty Images - Ilustração: Victor Amirabile)

Faltam exatos 273 dias para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Dando sequência ao nosso GQ em Tóquio, o personagem da vez é Hugo Calderano. O mesatenista ainda é jovem, mas vai para a sua segunda tentativa de medalha em Olimpíadas e, desta vez, vem forte em busca de seu objetivo. 

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Aos 23 anos, Hugo não só é uma das grandes potências da modalidade no Brasil, mas também nas Américas. Prova disso é sua performance nos Jogos Pan-Americanos de 2019, que o colocou na sexta colocação do ranking mundial de tênis de mesa. O carioca conquistou duas medalhas de ouro em competições masculinas (individual e duplas) em Lima, fincou sua bandeira como o Rei das Américas no esporte e garantiu sua vaga para Tóquio-2020. Mas, como sempre, antes de todas glórias, há muita dedicação.

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Hugo nasceu no Rio de Janeiro e desde cedo tem o esporte correndo em suas veias: "Comecei a praticar (o tênis de mesa) com apenas 8 anos. Meus pais e meu avô são formados em Educação Física". Mas, a princípio, o que se tornaria sua profissão, era apenas uma diversão: "Eu levava o ping-pong apenas na brincadeira, desde que eu era pequeno meu pai me colocava sobre a mesa e eu já conseguia rebater as bolinhas. E ele viu que eu levava jeito pra coisa", lembra o atleta.

A partir da percepção de seu talento, seu pai o levou para o Fluminense para que pudesse ter um contato maior com tênis de mesa: "No início eu só queria me divertir mesmo, eu gostava de jogar", relata Hugo. E o carioca não praticava apenas esta modalidade: "Na época eu também jogava vôlei e cheguei a competir no atletismo". Mas Calderano focou onde o futuro lhe esperava: "Pouco a pouco comecei a participar das competições, fui tendo bons resultados e aí nunca mais parei de jogar".

Hugo Calderano nos Jogos Olímpicos do Rio 2016 (Foto: Getty Images)

Hugo Calderano nos Jogos Olímpicos do Rio 2016 (Foto: Getty Images)

Em 2010, Hugo percebeu que deveria procurar outro lugar para aprimorar seu talento, e se mudou para São Caetano com o objetivo de treinar com os integrantes da seleção brasileira de tênis de mesa. Logo, o Brasil já não era mais o suficiente para ele. Durante viagens para a Europa, ele passava entre dois e três meses treinando e também participando de competições nas categorias infantil e juvenil: "Eu acho  muito importante, desde pequeno, você abrir os olhos para conhecer melhor o que os atletas fazem na Europa e quão diferente é o treinamento", opina. 

Todo esse aprendizado conquistado no velho continente já lhe rendeu frutos logo de cara. Aos 15 anos, ele enfretou Hugo Hoyama - o maior nome da modalidade até então - e o derrotou: "Foi uma vitória muito boa, especial. Isso me deu mais confiança e me mostrou que eu poderia me tornar um atleta profissional", recorda Calderano.

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Outro momento de destaque na carreira do mesatenista foram os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016. Hugo recorda com muito carinho essa competição: "Disputar as Olimpíadas na minha cidade foi uma experiência incrível, inesquecível. Além disso, eu consegui atuar no meu melhor nível", diz o atleta. "Eu nunca esperei que o tênis de mesa pudesse juntar tanta gente para torcer no Brasil. Não é um esporte muito popular por aí, mas vi pessoas se divertindo ao assistir", relata. Estranhou o "por aí"? Explicamos: longe do país, Hugo mora atualmente na Alemanha.

Hugo Calderano nos Jogos Olímpicos do Rio 2016 (Foto: Getty Images)

Hugo Calderano nos Jogos Olímpicos do Rio 2016 (Foto: Getty Images)

Todo esse sucesso tem, além do talento de Hugo, alguns responsáveis. E eles atendem pelos nomes de Jean-René Mounie, Michel Blondel e o preparador físico Mikael Simon, membros de sua equipe. Os dois primeiros são seus treinadores e elaboram sua rotina de treinamentos, estratégias de jogo e muitas outras coisas: "Eles têm uma importância imensa na minha carreira. Todos eles me ajudam muito, estão sempre pensando em como eu posso evoluir. Eu tenho certeza que, sem eles, eu não conseguiria chegar tão longe", agradece o carioca. 

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Vegetarianismo

O atleta optou por ser vegetariano há mais de dois anos. Na conversa, Hugo relembra como decidiu mudar sua rotina na alimentação: "Eu assisti a um documentário que falava dos benefícios de ser vegetariano, e depois de assistir a ele, nunca mais voltei a comer carne", relata Hugo. "Os principais motivos são os animais, ajudar o planeta, a sustentabilidade e uma alimentação mais saudável também a qual pudesse me ajudar no tênis de mesa". 

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O esporte como um todo no Brasil 

Ao abordarmos o cenário esportivo brasileiro, Hugo lamenta a nossa situação: "Infelizmente o Brasil não conseguiu aproveitar tão bem quanto poderia os Jogos Olímpicos no Rio. O legado poderia ser muito maior", opina o mesatenista. "Infelizmente não é possível você viver do tênis de mesa no Brasil e na Europa a história é completamente diferente. As condições são muito melhores", relata Hugo.

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Pronto para Tóquio?

"Ainda tá muito cedo para dizer eu estou preparado. Eu ainda posso evoluir muito até chegar em Tóquio", diz Hugo. O atleta tenta conter a ansiedade: "Há momentos em que eu penso bastante nas Olimpíadas, mas preciso focar no presente, no que preciso melhorar para chegar em Tóquio para brigar por uma medalha". 

Calderano tem consciência que sua meta está traçada: "Meu objetivo principal é conseguir uma medalha nos Jogos Olímpicos". Mas, ele pondera: "Eu sei que minha maior maturidade técnica, física e mental será em Paris 2024. No tênis de mesa você atinge o auge um pouco mais tarde com 28, 30 anos".

Mas, para no final das Olimpíadas estar no pódio, o carioca sabe os adversários que vai enfrentar: "Se você pegar o histórico dos últimos Jogos Olímpicos no tênis de mesa os chineses sempre ganharam ouro e prata, e os outros todos brigando pelo bronze". Apesar dessa supremacia, Hugo se sente confiante "Eu já ganhei de alguns atletas chineses também. Acho que é sim possível batê-los nos Jogos Olímpicos", conclui. 

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