• Cláudia Jordão
Atualizado em
Visite lugares exóticos sem correr riscos de saúde (Foto: Victor Almeida)

A forma mais prática de pensar na sua saúde durante viagens é comparar sua situação com a do seu carro. Você conduziria seu automóvel até um bairro com altos índices de furto e o deixaria na rua, sem ter feito o seguro, sem alarme e com os vidros abertos? Saiba que quando você  embarca em um avião sem ao menos fazer o seguro saúde e se informar sobre as vacinas e recomendações para aquela região está fazendo exatamente isso. O surto do vírus zika no Brasil acendeu o alerta para estrangeiros que tinham nosso país como destino.

Mas e você, sabe que riscos corre quando viaja para diferentes partes do mundo? “É importante entender que pesquisar sobre o assunto é tão importante quanto fazer as malas”, diz Jessé Alves, infectologista do Check Up do Viajante do Fleury Medicina e Saúde. Conhecer os riscos do destino, dos mais básicos, como a malária, até os mais surpreendentes, como a existência de águas-vivas letais na Austrália, é essencial. O laboratório Fleury e o hospital Emílio Ribas têm médicos do viajante, que auxiliam na prevenção e nos cuidados específicos para cada parte do mundo. Aqui, nós antecipamos 17 destinos, seus principais riscos e como se prevenir.

América do Norte e América Central

Caribe

Caribe (Foto: Getty Images)

Destino de lazer e mergulho, passou por uma epidemia de chikungunya. O vírus, transmitido pelo mesmo mosquito que propaga a dengue, tem sintomas parecidos, mas se distingue por dor intensa nas articulações. O uso de repelente especial é a melhor prevenção. Dentro do mar de água azul-turquesa há dois perigos. O primeiro é o mal do mergulhador ou doença da descompressão. Trata-se da formação de bolhas originadas nos gases presentes na corrente sanguínea quando há mudança brusca de pressão. Os sintomas vão de dor a confusão mental e paralisia. Para evitar, respeite o período de 12 a 24 horas entre o mergulho e o voo. O segundo perigo é a ingestão de peixes como a garoupa, que se alimenta da alga ciguatera, responsável pela intoxicação por ciguatoxina. “Os sintomas vão de náuseas a quadros neurológicos periféricos, como paralisia e queimação nos membros”, alerta Jessé. Não custa optar por outra refeição.

Venezuela e Colômbia
A diarreia do viajante é o maior problema de saúde da região. Geralmente causada
por alimento ou água contaminada, pode parecer um mal pequeno, mas sua ocorrência em viajantes de curta duração vai de 25 a 65% em zonas de alto risco.

México

Cidade do México (Foto: Divulgação)

Além do risco de intoxicação pela ciguatoxina, há as doenças diarreicas que incomodam quem viaja a turismo ou negócios. Em geral, elas têm causa bacteriana ou viral e possuem resolução rápida, dispensando tratamento, exceto hidratação. Em outras situações, porém, podem apresentar sangue e muco, sendo necessário o uso de antibióticos. Previna-se bebendo água potável e evitando alimentos crus. Uma dica para este e outros destinos com risco alto de diarreia do viajante é evitar também bebidas com gelo. É impossível saber a procedência da água utilizada na sua fabricação.

América do Sul

Cuzco, Peru

Machu Picchu (Foto: Thinkstock)

O mal da altitude é comum logo nos primeiros dias. Após 6 a 12 horas, o organismo inicia uma série de mecanismos de adaptação à baixa pressão atmosférica. Dores de cabeça intensas e intratáveis, turvação visual ou dificuldade para respirar devem ser interpretadas como sintomas do mal da altitude e o viajante deve procurar um médico. Mascar folha de coca ou usar medicação analgésica não garantem a melhora dos sintomas (dor de cabeça e tontura), nem a evolução para quadros graves de edema cerebral e pulmonar. Além da altitude, as diarreias são a causa mais comum de desconforto entre quem segue para Machu Picchu.

Amazônia brasileira e Pará

Amazônia brasileira e Pará (Foto: Thinkstock)

Amazônia brasileira e Pará (Foto: Thinkstock)

A hepatite A, causada por um vírus que ataca o fígado, adquirido por meio de alimentos e água contaminados, é comum na região e pode ser evitada com vacina. Cuidado com a ingestão de açaí in natura, bastante típico. Não é incomum que a fruta seja triturada com o inseto transmissor da doença de chagas, podendo causar infecção. Prefira polpa industrializada.

África

Angola
Destino de executivos a trabalho, Luanda, capital do país, passa por surto de febre amarela (que causa dor de cabeça, febre e alterações hepáticas) e a vacinação é obrigatória para a entrada. A cidade já registrou surto de raiva, que pode ser letal. Cães, macacos e morcegos são os agentes transmissores mais comuns. Para permanecer mais de um mês, é necessário o uso do chamado esquema pré-exposição (três doses da vacina). Como o destino tem registros elevados de malária, é importante reconhecer os sintomas: febre alta, dores de cabeça e musculares. Procure um médico em caso de suspeita.

África do Sul

África do Sul (Foto: Thinkstock)

O Kruger Park, região de safáris, é endêmico para malária. Diferente da Amazônia, o país
tem mais de 90% de casos da espécie falciparum, o agente que causa o tipo mais grave.

Tanzânia e Quênia
As regiões de safáris e a Ilha de Zanzibar oferecem alto risco para malária. “Nesses casos, a medicação preventiva, chamada quimioprofilaxia, deve ser indicada por um médico.” Também existem casos de tripanossomíase africana, causa da doença do sono, que leva a um quadro grave de infecção generalizada do cérebro. Os sintomas são dor de cabeça, febre alta e alteração de memória. Esse parasita é transmitido pela picada da mosca tsé tsé e as roupas que cobrem o corpo são a forma mais eficaz de proteção. Idas ao Kilimanjaro podem levar ao mal da altitude.

Oceania

Austrália

Austrália (Foto: Getty Images)

É preciso estar atento à água-viva venenosa e letal irukandji, que causa dores musculares, vômitos e exige hospitalização. Outro gênero de água-viva, o chironex, pode levar à morte. A orientação é respeitar os avisos sobre o animal dispostos nas praias, que costumam ser monitoradas. A vacina contra a febre amarela é obrigatória para quem viaja ao país.

Europa Central

Na Áustria, cuidado com os carrapatos (Foto: Getty Images)

Na Áustria, cuidado com os carrapatos (Foto: Getty Images)

Quem pretende fazer longas viagens pelo campo, como trilhas ou travessias de bicicleta, por destinos como Áustria, países escandinavos e até locais mais remotos da Rússia, deve ficar atento aos riscos da encefalite do carrapato. Transmitida pelo artrópode, causa dores de cabeça e alterações neurológicas, podendo deixar sequelas. “Mais comum ao longo da primavera e no início do verão, a doença pode ser evitada com vacina, que não é disponível no Brasil, mas em vários países europeus.”

Ásia

Índia
Não se engane com a aparente simpatia dos macacos vistos nas cidades. Eles atacam e, ao lado dos cães, são o principal agente transmissor da raiva, que causa milhares de mortes todos os anos. Viajantes de longa permanência devem considerar a vacinação pré-exposição. A Índia possui níveis preocupantes de febre tifoide, uma doença bacteriana que causa febre alta, lesões intestinais e até a morte. “Quem vai permanecer mais do que duas semanas ou tende a se aventurar pela culinária local deve considerar a vacina.” O país também exige vacinação contra febre amarela.

Arábia Saudita
A síndrome respiratória do Oriente Médio é uma forma de infecção respiratória que pode ser transmitida entre humanos ou entre animais e humanos. Os sintomas são febre, tosse e falta de ar que podem ser graves. O maior risco a viajantes está na interação com os camelos: tocá-los, montá-los e até beber seu leite.

Indonésia

Indonésia (Foto: Thinkstock)

Exceto por Bali e Java, as demais ilhas têm alta incidência de malária. Para o país, bastante procurado por surfistas, é indicado o uso de medidas protetoras. A vacinação contra a febre amarela é obrigatória. Frequente em áreas rurais da região, a encefalite japonesa apresenta baixo risco para o viajante tradicional, mas pode causar problemas neurológicos
e a vacina é indicada para quem vai permanecer muito tempo na região.

China
A poluição do ar é preocupante para moradores e visitantes. Nos piores dias, os níveis de partículas tóxicas podem ser até 30 vezes maiores que o máximo tolerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), causando crises respiratórias, de asma e bronquite. As máscaras cirúrgicas, que muitos usam, não garantem proteção eficaz. A melhor solução é monitorar os alertas que as cidades emitem – nos alertas laranja e vermelho o mais indicado é permanecer em locais fechados e evitar esforço físico intenso. Se possível, visite a cidade nas épocas de chuva.