![Arctic Monkeys em 2022 — Foto: Divulgação/Zackery Michael](https://s2-gq.glbimg.com/hcJWxpzqzWfi39zI_aGVsXXChH8=/0x0:1200x960/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_71a8fe14ac6d40bd993eb59f7203fe6f/internal_photos/bs/2022/1/s/csZtWWRQuiHDZuoldKaw/arctic-monkeys-the-car.jpg)
Esqueça o rock de garagem, os riffs nervosos de guitarra e os refrões para cantar com a multidão. The Car, o sétimo álbum de estúdio do Arctic Monkeys, avança por caminhos distintos daqueles que consagraram o quarteto britânico no panteão do rock.
Também não pense que a banda, lembrada como ícone indie dos anos 2000, acaba de lançar nas plataformas digitais um novo disco conceitual, assim como Tranquility Base Hotel & Casino, de 2018, com seus sintetizadores, pegada jazzística e ares de ficção científica.
Em The Car, a banda escreve um novo e coerente capítulo dentro de uma história sem guitarras aceleradas e confirma ser praticamente impossível falar de Arctic Monkeys sem exaltar o talento e o protagonismo de Alex Turner, há duas décadas à frente do grupo.
Foi Turner quem compôs ao piano as dez músicas do disco e gravou as versões demos antes dos demais integrantes adicionarem suas partes. São novamente dele as letras assumidamente abstratas, desta vez abordando temas em torno de amor, saudade e dúvida.
Aos 36 anos, o músico surpreende ainda ao usar sua voz como instrumento no novo trabalho, trazendo à tona uma nova faceta como vocalista. Turner canta majoritariamente em falsete, um registro vocal pouco explorado em trabalhos anteriores. Na faixa Body Paint, por exemplo, é possível notar em detalhes a variação de registros.
![Capa de 'The Car', novo álbum do Arctic Monkeys — Foto: Reprodução Instagram](https://s2-gq.glbimg.com/b-4tdaYyZmJ2-TZiH_V6EvD6st8=/0x0:1440x1440/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_71a8fe14ac6d40bd993eb59f7203fe6f/internal_photos/bs/2022/J/n/bdD4BXRZmuwBF9AtvoBA/the-car-arctic-monkeys-gq.jpeg)
The Car não apresenta hits óbvios. E isso provavelmente não é uma preocupação da banda. Costurado por pianos, cordas e baterias delicadas, ele combina mais com um drink encorpado e pouca luz do que uma pista de dança ou grandes arenas. As orquestrações das faixas remetem ainda à trilha sonora de filmes antigos, daqueles com personagens cheios de charme.
Em suma, The Car é desses álbuns, em partes denso e não óbvio, que parece exigir do ouvinte um momento só, na companhia de um bom drink. À base de whisky, por favor. Resta saber como a banda transportará esse clima para os palcos. Os fãs brasileiros terão um gostinho muito em breve, já que o Arctic Monkeys encerra o primeiro dia do Primavera Sound, em São Paulo, em 5 de novembro. A banda também se apresenta no Rio de Janeiro (4) e Curitiba (8).