Música

Por Amauri Terto

Em 2012, a cena alternativa brasileira foi presenteada com um disco surpreendente, que trazia letras de teor filosófico e esotérico embaladas por ritmos como o reggae, rock e funk. Sintoniza Lá, de BNegão e Os Seletores de Frequência, marcou para os fãs o fim de uma espera de nove anos desde de Enxugando o Gelo, álbum que redefiniu a carreira do rapper e integrante do Planet Hemp.

“Sintoniza é um duplo sentido. Está relacionado tanto à questão espiritual – de sintonizar-se com as energias certas – quanto ao lance da rádio. Sou da época em que era preciso sintonizar mesmo”, explica BNegão, de 50 anos, à GQ Brasil. “É um manual de sobrevivência na selva de concreto. A gente tem que ter alguns antídotos contra essa máquina de moer gente que é o mundo. O disco fala sobre isso."

Aclamado por crítica e público, o álbum conquistou o prêmio de Melhor Disco do Ano no VMB MTV 2012, na época o principal prêmio da música feita no Brasil, e proporcionou ao grupo turnês ininterruptas pelos três anos seguintes. “É um disco fundamental na minha carreira”, afirma o artista carioca, que também tem em sua trajetória trabalhos com as bandas The Funk Fuckers e Turbo Trio.

Para alegria dos fãs, neste ano BNegão e Os Seletores de Frequência revisitam o álbum na íntegra em uma turnê que celebra o lançamento do álbum. Segundo o rapper carioca, serão no máximo 15 shows ao redor do Brasil. “Aconselho quem gosta da parada a chegar junto”, diz. O primeiro show ocorre nesta quinta-feira (4), às 22h, na Casa Natura, em Pinheiros, localizada na zona oeste de São Paulo.

Capa — Foto: Capa de 'Sintoniza Lá', de BNegão e Os Seletores de Frequência
Capa — Foto: Capa de 'Sintoniza Lá', de BNegão e Os Seletores de Frequência

A música e a cena uma década depois

Cantor, compositor, DJ e produtor, BNegão é um aficionado por música, mas rejeita o título de pesquisador. “Porque eu não pesquiso, eu vivo a música”, afirma. Atualmente, ele tem consumido ritmos do continente africano como o afrobeats e o amapiano. “Ouço loucamente punk rock e rap, mas também me interessa a música de vanguarda. Tem muita coisa maravilhosa acontecendo. Tento catalisar isso nos meus sons."

Questionado sobre como vê a cena musical no país cerca de uma década depois do lançamento de Sintoniza Lá, BNegão comemora, mas com ressalvas. “A cena do Brasil está sensacional, em termos de som. Em termos de público, ela poderia ser dez vezes maior se as rádios tocassem”, ele critica antes de citar um exemplo. “Tem o BaianaSystem, que pra mim é a maior banda do Brasil. Eles não tocam na rádio. E o som deles é tranquila pra tocar. É como se não existissem.”

Cannabis x maconha

A pauta da cannabis é intrínseca à carreira de BNegão. No ano passado, inclusive, com o Planet Hemp o artista rompeu um hiato de 22 anos com o lançamento do álbum Jardineiros, reacendendo o tema da descriminalização da erva. Hoje, no entanto, essa pauta apresenta novos contornos com o avanço do mercado da cannabis medicinal – cenário que o artista analisa com total reprovação.

“Sou parte da galera que fala maconha mesmo. Eu prefiro, até por uma questão de guerrilha”, afirma BNegão, que explica:

“Toda maconha é medicinal e recreativa. Quando se tem o avanço da cannabis medicinal, quem ganha é a indústria farmacêutica, que é responsável, junto com questões de governo, por prender e acabar com milhões de pessoas pelo mundo todo”, explica. “Com a cannabis medicinal, ninguém tem o direito de plantar, a lei continua igual, a galera vai presa igual e os caras que já são bilionários ficam mais bilionários ainda. Isso é antipopular. E se é antipopular, eu sou contra.”

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