Música

Por Amauri Terto

"Ele é um letrista brilhante que conseguiu se tornar um grande intérprete. É um compositor de melodias extraordinário, um virtuoso violonista e poeta. É um artista completo." Hamilton de Holanda não economiza elogios ao falar sobre Djavan, artista cuja obra ele revisita em seu novo álbum, Samurai.

A admiração por Djavan vem desde a adolescência, quando o bandolinista, nascido no Rio de Janeiro e criado em Brasília, mergulhou no repertório da MPB com sua banda escolar. "[A música] Sina era o nosso hino. Quando a tocávamos, todos se emocionavam", ele conta durante entrevista por videochamada à GQ Brasil.

A ideia de gravar um disco com canções de Djavan, no entanto, só surgiu em 2004, quando o artista alagoano compôs Vaidade, uma faixa de seu disco autointitulado, e convidou Hamilton para participar.

"Ele foi um dos primeiros dos grandes que me chamou para gravar. Se você ouvir essa música, a primeira parte traz apenas o bandolim. Não tem voz cantando. Isso é raro em sua discografia. Eu fiquei muito tocado com isso e, desde então, carrego uma enorme gratidão", recorda.

Em disco-tributo, homenageado participa em duas faixas, 'Luz' e 'Lambada de Serpente' — Foto: @_brunini
Em disco-tributo, homenageado participa em duas faixas, 'Luz' e 'Lambada de Serpente' — Foto: @_brunini

Maturidade musical

Aos 47 anos, indicado 14 vezes ao Grammy Latino, vencedor de três gramofones e com mais de 40 discos em seu currículo (entre trabalhos solo, em trio, quarteto, quinteto e parcerias), Hamilton de Holanda afirma que somente agora se sentiu com a "maturidade para enfrentar o repertório" de Djavan, cuja excelência ele compara à música clássica.

"É como pegar uma música de [Astor] Piazzolla ou Tom Jobim. Esses artistas têm uma música com uma arquitetura muito bem definida."

Hamilton conta que o objetivo de seu novo trabalho era realizar uma "integração entre o instrumental e o aspecto poético cantado" da obra do compositor alagoano. Apesar de o disco ser centrado no bandolim e na instrumentação, ele sentiu a necessidade de incluir vocais.

A partir daí, começa a reunião de estrelas da música, nacionais e internacionais, começando pelo próprio Djavan – que regravou a faixa Luz, pela primeira vez em 41 anos, e Lambada da Serpente, que "faz uma conexão com a essência nordestina" do artista, segundo Hamilton.

Participações estreladas

Zeca Pagodinho solta a voz em Flor de Lis. "Ele trouxe uma malandragem carioca para o samba de Djavan, deixando Flor de Lis com um balanço espetacular", comemora Hamilton. Já o cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler canta em bom português a célebre Lilás.

A lista de participações inclui também o pianista cubano Gonzalo Rubalcaba, na canção Irmã de Neon; a cantora e flautista indiana Varijashree Venugopal, em Oceano, e o pianista brasileiro Salomão Soares, na faixa Capim.

Com 12 faixas, 'Samurai' está disponível nas plataformas de streaming de música — Foto: Divulgação
Com 12 faixas, 'Samurai' está disponível nas plataformas de streaming de música — Foto: Divulgação

Em certo momento, Hamilton sentiu falta de uma "voz da nova geração". De imediato, Gloria Groove lhe veio à mente. Salomão Soares, que já havia trabalhado com a mãe da drag queen paulistana, a cantora Gina Garcia, fez a ponte. O resultado desse encontro está em Samurai, que encerra o disco. "Ela arrasou", elogia Hamilton. A faixa traz também o saxofone da norte-americana Lakecia Benjamin.

"Acho que conseguimos alcançar um resultado que tem a alma dele", palpita Hamilton.

Samurai

A escolha do nome Samurai como título do álbum se deve ao fato de que a música está presente no disco Luz (1982), ponto focal do novo trabalho. Nesse disco de Djavan, Hamilton explica, também constam Sina e Capim. Além disso, Samurai é uma palavra universal e compreensível em várias línguas. "Veio daí o desejo de um disco cujo nome funcione para o mundo inteiro", conclui.

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