Cultura

Anos após acusar Adele de plagiar a faixa Mulheres, popularizada pela voz de Martinho da Vila, o cantor e compositor mineiro Toninho Geraes, responsável pela canção, moveu processo contra a cantora britânica nesta semana.

Sua equipe pede R$ 1 milhão em indenização por danos morais às partes acusadas, incluindo a cantora, o produtor musical Greg Kurstin, a gravadora Beggars Group, além da Sony Music e da Universal Music, que distribuem a obra de Adele no Brasil. O processo foi protocolado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em fevereiro, está em tramitação e ainda não há previsão de quando uma audiência irá ocorrer.

Toninho, de 62 anos, tornou pública a acusação de plágio em setembro de 2021: segundo ele, trecho da melodia de Mulheres teria sido usada de forma indevida em Million Years Ago, de 2015. A faixa é creditada à britânica e a Greg Kurstin, e fez parte do álbum 25, do mesmo ano.

"Plágio evidente"

Fredímio Biasitto Trotta, advogado que representa o cantor, conta à GQ Brasil que as expectativas para o andamento do processo "são as melhores possíveis".

"O plágio está evidente pelo vídeo e áudio sobrepostos, por trechos idênticos ou similares da melodia, pela harmonia 100% igual e pelas partituras apresentadas como prova, nas quais as músicas são apresentadas no mesmo tom, ritmo e andamento", comenta Fredímio.

Toninho alega uso impróprio de sua música em faixa de Adele — Foto: Divulgação
Toninho alega uso impróprio de sua música em faixa de Adele — Foto: Divulgação

Segundo o advogado, a acusação espera apresentar também material em vídeo: uma sobreposição das duas músicas interpretadas simultaneamente por uma cantora, que busca confirmar a similaridade melódica entre elas. Além disso, há o laudo de dois peritos e o depoimento de músicos - "inclusive dois que participaram da gravação original de Mulheres em 1995", diz. "Confiamos na Justiça para mais este caso de plágio da música brasileira por artistas estrangeiros", conclui.

Notificações foram enviadas à cantora, ao produtor e às gravadoras em momento anterior ao processo ser protocolado, segundo o advogado. À mídia, tanto Universal Music quanto a Sony Music já disseram não ter responsabilidade sobre as composições de Adele, apenas sobre a distribuição. A reportagem tentou contato com Greg Kurstin, as gravadora Beggars Group e Universal, e a representação de Adele, sem sucesso. A Sony Music optou por não se pronunciar.

O caso configura um cenário incomum quando o assunto é música e plágio no Brasil. Daniel Pitanga, advogado com mais de 20 anos de experiência em direito autoral em mídia e entretenimento (não envolvido no processo movido por Toninho) explicou em conversa recente com a GQ que a grande maioria dos casos é resolvido de forma extrajudicial. "A gente consegue resolver de maneira amistosa, por meio de troca de notificações, acordos”, comenta.

Mas não é fato inédito na história cultural brasileira. Nos anos 70, Jorge Ben Jor moveu ação bem sucedida contra Rod Steward devido a similaridades entre Taj Mahal, de 1976, e Do Ya Think I’m Sexy?, de 78.

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