Fernando Diniz, de 49 anos, joga em duas grandes posições. A primeira, como técnico do Fluminense, desde abril de 2022. Trata-se de sua segunda passagem pela agremiação — a primeira se deu entre 2018 e 2019. Em novembro, o clube carioca conquistou a Libertadores da América, título inédito tanto para o técnico mineiro, que se mudou para São Paulo quando criança, quanto para o time. O feito garantiu uma vaga no Mundial de Clubes, que começa agora em dezembro.
O embarque para o Mundial está planejado para esta terça-feira (12) e deve acontecer nos braços da torcida, no conhecido AeroFlu, como é chamado o evento onde os torcedores levam o ônibus com os jogadores até o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro.
O segundo posto é o de treinador interino da seleção brasileira, assumido em julho no lugar do também interino Ramon Menezes, que veio após a passagem de Tite encerrada na Copa do Catar. Para a convocação do grupo, Diniz apostou em nomes com atuação no futebol nacional — caso de Endrick, fenômeno de apenas 17 anos, Raphael Veiga e do volante André — e acabou elogiado.
![Fernando Diniz convoca Seleção Brasileira com relógio simples de R$ 200 — Foto: Thais Magalhães/CBF](https://s2-gq.glbimg.com/3ee80FKEIh4rYSPZnuFFAuFqH_U=/0x0:3806x2537/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_71a8fe14ac6d40bd993eb59f7203fe6f/internal_photos/bs/2023/b/G/JCLZ0pRC2eCYg3HzBUKg/relogio-diniz.jpg)
História
Essa dupla jornada foi vivida também por Vanderlei Luxemburgo em 1998, quando liderou a seleção e o Corinthians ao mesmo tempo. Porém, trata-se de algo raro. Afinal, haja pressão. “Não planejo muita coisa. Minha natureza é fazer o melhor possível no dia de hoje, e os frutos virão. Preciso ser muito firme para seguir no meu caminho e faço poucas concessões”, garante.
O ex-jogador — com passagem por 14 clubes, entre eles gigantes como Palmeiras, Corinthians e Flamengo, além do próprio Fluminense — imprimiu um estilo próprio como técnico. O chamado dinizismo consiste em um modelo de jogo que ganhou notoriedade principalmente no Campeonato Paulista de 2016, quando treinava o Audax. A técnica pede basicamente que os boleiros congestionem uma zona do campo, optando por passes curtos, e criem vazios, aproveitados para finalizar as jogadas.
Com fama de teimoso, Diniz, que já treinou treze clubes no total, explica que a atitude convicta ajuda a blindá-lo da ansiedade e o auxilia na tomada de decisões. “Fui um cara muito pobre, órfão de pai com oito anos. Cresci em uma família grande, com uma mãe superbatalhadora, na periferia de São Paulo, na Vila Ré”, conta. “Obviamente, esse tipo de sofrimento deixa cicatrizes que moldam você.”
![Fernando Diniz, técnico do Fluminense e da seleção brasileira — Foto: Buda Mendes/Getty Images](https://s2-gq.glbimg.com/T8X9gDSysqmY8hlNKCOvbZMjK8c=/0x0:3000x2000/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_71a8fe14ac6d40bd993eb59f7203fe6f/internal_photos/bs/2023/d/p/ZBQPMIROu8JRuoF7fB6w/fernando-diniz-selecao-3.jpg)
O técnico é casado e pai de quatro filhos; mesmo na correria diária, procura priorizar a família. “Sou extremamente simples para viver”, diz ele, que anda “uniformizado” com camiseta e calça jeans e guarda-livros de Guimarães Rosa e Carl Jung na Granja Comary, centro de treinamento da seleção do Rio. Seu futuro com a amarelinha, porém, é incerto, pois o italiano Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, está cotado para liderar a seleção a partir de meados de 2024.
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Mas o ano intenso já valeu (e muito) para Diniz. “Meu trabalho só tem sentido se conseguir entregar a minha vida a ele”, afirma. “A diferença entre ganhar e perder é muito tênue. Aquele que perde não é fracassado, nem necessariamente pior do que o ganhador.”
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