Men of the Year

Por Relato de Péricles à Ana Beatriz Gonçalves

O convite para receber o prêmio na categoria Homem Atemporal no Men of the Year 2023, da GQ Brasil, me deixou muito feliz. Costumo ficar bastante surpreso com algo assim. O que digo para vários dos meus é que precisamos comemorar nossas vitórias. Cada uma delas é única e não existe tamanho. Nós, como artistas, representamos muitas pessoas. Então, quanto é importante e significativo um troféu como esse.

Priorizo o autocuidado e gosto de um bom perfume. Também corto o cabelo e a barba uma vez por semana. Adquiri esse costume com grandes ícones que admiro, como os integrantes do Fundo de Quintal. Eles sempre andam alinhados e transmitem a imagem do homem que quero ser. Mas, isso vai além da estética. Hoje, tenho 54 anos e faço os meus exames médicos periodicamente. Uma vez por ano, um check-up.

Junior Lima e Diogo Defante, eleito 'Influenciador Digital do Ano' — Foto: Alexandre Virgilio
Junior Lima e Diogo Defante, eleito 'Influenciador Digital do Ano' — Foto: Alexandre Virgilio

Minha preparação para a grande noite não foi muito diferente da que realizo diariamente, mesmo com a rotina de shows e compromissos. Costumo passar bastante creme hidratante no corpo, porque minha pele é ressecada. No rosto, é oleosa. Selecionei o perfume Burberry Hero, meu preferido, que uso somente em ocasiões especiais.

O processo de escolha da roupa, com estampas e desenhos, baseou-se em meu novo trabalho, o álbum Calendário, no qual minhas raízes ancestrais e africanas estão mais evidentes. O traje sob medida leva a assinatura da Merino Alfaiataria, da qual sou um grande fã. Demoramos cerca de dois meses, entre provas e medidas, para chegar ao resultado do terno cheio de pedrarias cravejadas. É significativo para mim poder honrar as realezas africanas, com brilho e ousadia, e mostrar que podemos mais. Procuro me expressar dessa maneira não apenas na vestimenta, mas também no modo de ser, agir e pensar.

Jubba, fundador da Dod Alfaiataria e vencedor na categoria 'Moda' — Foto: Amanda Adász
Jubba, fundador da Dod Alfaiataria e vencedor na categoria 'Moda' — Foto: Amanda Adász

Cheguei na hora exata à festa. Nem reparei que fui o primeiro. Acho que isso mostra bem a seriedade com que levo o meu trabalho. Horário é horário, não posso jamais abrir mão. Aprendi isso ao longo dos anos e procuro passar para os meus. As pessoas merecem respeito. Já conhecia o Hotel Rosewood. Soube que, em cada quarto, há um violão assinado por Caetano Veloso ou Gilberto Gil. Trata-se de um espaço que respira brasilidade, cultura e música; me senti muito bem.

Fui acompanhado da minha esposa, Lidiane. Digo isso sempre, mas gosto de reforçar: ela é responsável por quem sou hoje. Tem formação em pedagogia, mas atualmente cuida da minha carreira e realiza muito bem esse trabalho. Está na linha de frente, e eu não me sentiria bem se ficasse longe dela. Além disso, foi uma oportunidade de homenageá-la. Antes de anunciarem o prêmio, suas mãos estavam geladíssimas. Ficou superemocionada e compartilhou comigo esse momento especial. Uma noite de ouro para nós.

Quando cheguei, conversei com muitos convidados, mas principalmente com a dupla Chitãozinho e Xororó. Eles são grandes amigos de estrada, e costumo dizer que algumas coincidências nos aproximaram. Ambos também moraram no ABC Paulista (região da Grande São Paulo), onde nasci e vivi. Também exibiram uma trajetória de muita luta e perseverança. Nosso primeiro encontro se deu em um momento especial da vida. Em 2010, gravamos o DVD comemorativo de 25 anos do Exaltasamba e eles foram chamados para participar do evento. Depois disso, a amizade só cresceu, e o Chitão virou meu parceiro de pescaria. Na verdade, a gente mais canta do que pesca. Pegamos um violão e o tempo todo só ficamos cantando aquelas músicas que ba- tem forte o coração. Gosto de um modão.

Chitãozinho e Xororó, 'Homens do Ano' de 2023 na 'Música' — Foto: Lu Prezia
Chitãozinho e Xororó, 'Homens do Ano' de 2023 na 'Música' — Foto: Lu Prezia

Troquei bastante também com Ice Blue, KL Jay, Emicida, Fióti... Um elenco maravilhoso. Foi extremamente prazeroso estar com essas pessoas. Reparei nos trajes desses artistas incríveis. Estavam bem vestidos e, além disso, diziam de onde vieram por meio da moda.

Edi Rock, Mano Brown, Emicida, KL Jay e Ice Blue no MOTY 2023: reunião de impacto — Foto: Amanda Adasz
Edi Rock, Mano Brown, Emicida, KL Jay e Ice Blue no MOTY 2023: reunião de impacto — Foto: Amanda Adasz

Achei a noite toda bacana, mas a entrevista que dei ao Leandro Lima certamente se mostrou um ponto alto. Acompanho o trabalho dele nas novelas e no cinema. Eu me lembro de ter-lhe assistido no filme Chacrinha: o Velho Guerreiro (2018). Trata-se de um rapaz talentoso. Fiquei muito feliz em conhecê-lo pessoalmente. Esses encontros nos marcam muito, porque estamos acostumados a ver essas figuras somente pelas telas. Topar com a Sabrina Sato (apresentadora do prêmio) também foi sensacional. Já nos conhecíamos, mas admiro muito o trabalho dela como apresentadora; uma grande comunicadora deste país.

Como disse em meu discurso, divido o prêmio de Homem Atemporal com todos. Não é só meu. Estar no palco sempre dá frio na barriga. Eu me sinto emocionado e feliz. Nesse momento, represento um monte de gente: minha equipe, minha esposa, minha mãe. Agradeço e divido com eles. Não preparei nada para o discurso. Deixei meu coração improvisar, como a ocasião pede. Creio que isso marque muito mais a gente — e não saberia fazer diferente. No final das contas, a base da minha fala consistiu na gratidão às forças do bem que me acompanham.

Assisti a grande parte da premiação, mas o depoimento do Emicida agradecendo ao Mano Brown foi impagável. O discurso que o Mano Brown ouviu é algo que eu gostaria de dizer para os meus ídolos. Eles são donos de uma parcela imensa desse artista que sou. Já tive a honra de falar isso para alguns deles que chegaram antes de mim (Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão). Afirmo com o coração aberto que são responsáveis por salvar toda uma geração. Abriram espaço e mostraram que é possível vencer. São nossos heróis.

Racionais no MOTY 2023 — Foto: Amanda Adász
Racionais no MOTY 2023 — Foto: Amanda Adász
Mais recente Próxima 'Homem do Ano' em 'Cultura', Maxwell Alexandre questiona representatividade nas artes: "Não é verdadeiro"
Mais de GQ

Cantor divulga nova música nesta quinta-feira (15); à GQ Brasil, ele fala sobre o projeto, a família e a relação com a moda

Dilsinho lança single 'Duas' em homenagem à esposa e à filha: "Estou mais maduro para falar de mim"

"Um presente"; personagens dos atores vivem triângulo amoroso na nova novela das 18h da Rede Globo

Sérgio Guizé exalta parceria com Renato Góes e Isadora Cruz em 'Mar do Sertão'

O aquecimento global oferece riscos também para a base da cadeia alimentar oceânica, sugere estudo

Uma viagem submarina pelo tempo pode trazer más notícias para a vida nos mares

Uma das lideranças criativas da AlmappBBDO, ela já ganhou um Caboré e conta aqui como as mulheres vem mudando a publicidade

5 perguntas para Keka Morelle

Filme da HBO retrata a história de Elizabeth Holmes e sua startup, a Theranos

Documentário “A Inventora” discute os limites do storytelling em inovação

Unindo razão e sensibilidade, Viviane Pepe conquistou a direção brasileira de uma das marcas de beleza mais reconhecidas no mundo

No topo da Avon

Com campanhas disruptivas, divertidas e emblemáticas, os publicitários brasileiros não conquistaram apenas Cannes – transformaram anúncios em cultura pop

Propaganda a gente vê por aqui

Executivo que já enfrentou crises aéreas e ama revistas acredita que criatividade é inerente ao ser humano

German Carmona, um dos nossos jurados, voa alto

Uma startup na crescente indústria de serviços climáticos permite que você crie um mapa e projete seu próprio desastre - e ajuda a colocar um preço no impacto da mudança climática

Empresas podem prever as catástrofes climáticas por encomenda