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'Chernobyl': série sobre o mais grave acidente nuclear da História

Patrícia Kogut

Cena de 'Chernobyl', da HBO (Foto: Divulgação)Cena de 'Chernobyl', da HBO (Foto: Divulgação)

 

No ar na HBO (e disponível para assinantes do HBO GO, também no Now), “Chernobyl” só tem três episódios até o momento, mas já é candidata a uma das melhores produções do ano. A série retrata o mais grave acidente nuclear da História. Ele ocorreu na Ucrânia (então parte da URSS), perto da cidade de Chernobyl e da fronteira com a Bielorrússia, a cerca de 110 km de Kiev, em 1986. Ou seja: faz tempo, mas não é algo tão remoto a ponto de já não ser lembrado por muita gente. Aliás, naquela região, a catástrofe ainda é bem presente e ecoa através de doenças — como tumores de tireoide — que seguem afetando as novas gerações.

A narrativa abre com o suicídio do diretor do Instituto Kurchatov de Energia Atômica, Valery Legasov (o ator é Jared Harris, cujo personagem em “Mad men”, curiosamente, também se suicidava), em 1989. Mas a cronologia logo recua. Somos apresentados a Lyudmilla (Jessie Buckley) e seu marido, Vasily (Adam Nagaitis), um bombeiro que é convocado no meio da noite, imediatamente após o acidente. A cidade vizinha à usina vai despertando aos poucos. Pessoas se reúnem na rua para observar, maravilhadas, as chamas que se acendem no horizonte, ignorando a gravidade do que viria depois. A trama começa sombria e segue assim, coberta por um nuvem mórbida e triste. Essa sensação se aprofunda graças ao ambiente. Trata-se de uma cidade cinza, dominada pela arquitetura soviética, de prédios enormes e parecidos, separados por praças imensas e impessoais. A fidelidade da reconstituição está em tudo, dos figurinos aos computadores dos cientistas, passando pelos ônibus usados para evacuar os moradores depois de horas de tentativas das autoridades de esconder o perigo da situação.

Gorbachov (David Dencik) surge como um sujeito disposto a saber a verdade apesar de seus auxiliares, que tentam de todas as maneiras desvalorizar a dimensão do desastre. Ele se opõe àquela cultura de bloqueio da informação. Sem que isso fique explícito, é retratado como alguém que está do lado bom da História, o lado da Glasnost (que significa transparência em russo). “Chernobyl” traduz o espírito da época. Como se tudo isso não bastasse, ainda conta com um elenco da melhor qualidade. A maravilhosa Emily Watson é Ulana Khomyuk, uma física, personagem da ficção que se mistura a figuras reais. Além dela, o grande Stellan Skarsgård vive Boris Shcherbina, membro do governo que vai para a linha de frente cuidar dos estragos, ou, pelo menos, tentar.

Aqueles que juraram cancelar a assinatura do aplicativo da HBO depois de “Game of Thrones” talvez revejam seus conceitos por causa dessa série. Ela merece toda a sua atenção.

 

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