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'Game of Thrones' termina com mensagem política

Patrícia Kogut

Emilia Clarke e Kit Harington no último episódio de 'Game of Thrones' (Foto: HBO)Emilia Clarke e Kit Harington no último episódio de 'Game of Thrones' (Foto: HBO)

 

Game of Thrones” chegou ao fim num redemoinho de debates nas redes sociais. Os roteiristas foram acusados de apressar a ação nos dois episódios finais e de corromper certos personagens para justificar seus desfechos. Isso aconteceu com Daenerys (Emilia Clarke), que atravessou temporadas como a adorável e sexy mãe dos dragões e terminou tirana e com um parafuso a menos. Tem spoiler (se é que os retardatários conseguiram se proteger do grande spoiler em que o mundo se transformou).

Depois de um penúltimo capítulo marcado pela destruição absoluta, veio a hora de andar sobre os escombros. Tyrion (Peter Dinklage) se dirigiu até o que sobrou do palácio. Entre as ruínas, avistou a mão metálica de Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) brilhando e a ficha foi caindo. Ele fez uma espécie de revisão moral de todas as suas decisões, como ficou evidente algumas cenas adiante. Foi um dos personagens mais importantes da noite. Só não seria justo decretar que o episódio foi dele porque Jon Snow (Kit Harington) acordou de um período de irritante apatia. Ele cometeu o gesto-chave que fez disparar a ação e selou o destino de todos: matou a amada e se inscreveu entre os regicidas. Por isso, chegou ao fim no degredo, com os selvagens.

O melodrama se misturou à política em doses equivalentes. Daenerys defendeu valores da monarquia absolutista: reivindicou para si a capacidade exclusiva de saber “o que é bom” para todos. Essa ideia, entretanto, foi derrotada. Com a rainha morta e o trono de ferro derretido, surgiram outras sugestões para a partilha e a administração do poder. Sam (John Bradley) sugeriu um modelo puro de democracia. Riram dele. Aos poucos, foi sendo desenhado um regime protodemocrático com um rei (Bran/Isaac Hempstead Wright), um “primeiro-ministro” (Tyrion) e um conselho. Para aprovar a proposta, os personagens gritaram aye. A palavra é yes no inglês arcaico e segue em uso nos mais respeitados parlamentos.

O roteiro pode ter dividido opiniões, mas a cinematografia não deu margem a reclamações. A sequência em que Daenerys surgiu diante do seu dragão de asas abertas foi especialmente impressionante.

“GoT” terminou com essa mensagem antitirania e um capítulo lindo. Se não agradou a gregos e troianos, divertiu todo mundo. Vai deixar saudade.

 

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