Cena de 'Fleabag' (Foto: Divulgação)
Título de uma das mais festejadas séries no ar no momento (as duas temporadas estão na Amazon Prime), “Fleabag” é difícil de traduzir. A palavra denota algo como “sarjeta” ou “na lama” e é por esse apelido que ficamos conhecendo a protagonista da trama. A personagem é uma londrina num momento complicado. Sua vida amorosa é cheia de altos e baixos, a mãe morreu de câncer e o pai se casou de novo com uma mulher com quem mantém uma relação de recíproca antipatia (papel de Olivia Colman). A melhor amiga e sócia teve um fim trágico e, para culminar, ela tem um bar que vai mal. Fleabag aceita seus amantes sem qualquer critério, tem uma ligação com um ex-namorado de quem nunca gostou muito, bebe animadamente e vive de ressaca. Sua vida sexual é um livro aberto e fonte de grandes momentos na narrativa. É uma heroína com poucos filtros e cheia de defeitos. Em contraste com tudo isso, tem uma irmã que leva uma vida perfeitinha.
A câmera se concentra na protagonista quase o tempo inteiro. Volta e meia ela se dirige ao público. A personagem usa aquele recurso de quebrar a quarta parede, mas ele não surge em simples revezamento com outras linguagens. A narrativa, muito inovadora, embaralha formas de comunicação. Por isso, o espectador nunca sabe se Fleabag está seguindo o script ou conversando com o público. Ou se a voz que se escuta é a do inconsciente dela, do texto, uma inconveniência proposital dirigida ao interlocutor ou algo que apenas o espectador saberá. “Fleabag” é original, brilhante e cheia de humor. A atriz, Phoebe Waller-Bridge, é também sua criadora, o que explica o absoluto domínio de cena. Carregada daquele humor britânico inigualável, ela mira naquela pose que os ingleses não abandonam mesmo quando vão dizer um palavrão cabeludo ou uma verdade difícil de ouvir. Não perca.
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