Ir para o conteúdo


Publicidade

'Fleabag', uma série afiada e inovadora

Patrícia Kogut

Cena de 'Fleabag' (Foto: Divulgação)Cena de 'Fleabag' (Foto: Divulgação)

 

A segunda temporada de “Fleabag” deverá ser uma das estrelas do próximo Emmy. A produção britânica (na Amazon Prime Video) é candidata a onze estatuetas na cerimônia que acontecerá mês que vem em Los Angeles. Quem quiser estar em dia com as séries para poder torcer tem tempo de conferir. Os episódios contabilizam menos de meia hora e são um convite ao binge-watching.

Seguimos o dia a dia de uma londrina jovem e solteira. É pelo apelido de Fleabag, alusivo a algo como “sarjeta”, que ficamos conhecendo essa protagonista (Phoebe Waller-Bridge, também criadora e roteirista). Dona de um grande apetite sexual e na pista para encontros fortuitos, ela bebe mais do que deveria e se envolve em mil confusões. Fleabag é órfã de mãe e seu pai (Bill Paterson) se casou com uma mulher com quem ela mantém uma relação de recíproca antipatia (Olivia Colman). É muito próxima da irmã, Claire (Sian Clifford), que, ao contrário dela, leva uma vida perfeitinha.

SIGA A COLUNA NAS REDES

No Instagram: @colunapatriciakogut

No Twitter: @PatriciaKogut

No Facebook: PatriciaKogutOGlobo
 

A segunda temporada se aprofunda no drama. A personagem central conserva o sarcasmo do início e se autodeprecia. Mas debocha menos da própria infelicidade. É um sinal sutil de que ela amadureceu. A série se torna mais densa e a protagonista finalmente se apaixona de verdade. Como “Fleabag” não é uma comédia romântica com enredo levinho, essa paixão não é simples. O amado é um padre (Andrew Scott) e o romance, portanto, se desenrola cheio de impedimentos. Entre tiradas espirituosas e ocasiões festivas em que a família disfuncional se reúne, a trama aborda dilemas como a fé, as máscaras sociais, as disputas femininas e a lealdade. Claire ganha espaço e seus conflitos de mulher casada contrastam com os de Fleabag. Não é à toa que tanto Phoebe quanto Sian são finalistas do Emmy (como melhor atriz e coadjuvante).

Dizer que a série é uma mistura de comédia com drama seria uma simplificação. Porque o encanto de “Fleabag” está na sua dramaturgia inovadora. A protagonista quebra a quarta parede, um recurso recentemente empregado em “House of Cards”. Mas até isso é feito de forma original. Tais intervenções não são meramente explicativas. Aqui, elas vêm sempre carregadas de ironia, o que causa um efeito inesperado. Em vez de funcionarem como uma pausa na ação para um comentário, elas fazem subir o tom da comédia.

Para a decepção do público, a autora declarou que não fará uma terceira temporada. Ela argumentou que o final foi “perfeito, quase uma poesia”. Mas promete retomar a história quando completar 50 anos (ela tem 34). Vai valer a espera.

Mais em Kogut

Publicidade