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Suspense e grandes atuações em 'Bom dia, Verônica'

Patrícia Kogut

Eduardo Moscovis, Tainá Müller e Camila Morgado em 'Bom dia, Verônica' (Foto: uzanna Tierie/Netflix )Eduardo Moscovis, Tainá Müller e Camila Morgado em 'Bom dia, Verônica' (Foto: uzanna Tierie/Netflix )

 

A violência contra a mulher é o tema central de “Bom dia, Verônica”, série nacional lançada pela Netflix. Claro que nunca é demais abordar esse assunto. O problema é que ele vem inspirando inúmeras produções da TV e do streaming de forma oportunista. Então, vale dizer de cara: esse não é nem de longe o caso aqui. O enredo de Raphael Montes e Ilana Casoy evita ecoar clichês ou subestimar o público com frases de efeito. Ao contrário. A trama não embarca em causas gratuitamente. É, sobretudo, boa ficção.

Acompanhamos a aventura de uma escrivã de polícia. Verônica (Tainá Müller) não se contenta com a atividade burocrática de escritório que lhe cabe. Um dia, uma mulher se suicida na sua frente, na Delegacia de Homicídios onde ela trabalha, em São Paulo. Por uma série de circunstâncias que não vale detalhar aqui, a personagem consegue participar da investigação. Para isso, enfrenta a resistência da delegada Anita (Elisa Volpatto), mas conta com o apoio do chefe, Wilson Carvana (Antonio Grassi). A mocinha é idealista e bem intencionada. A cargo de Tainá, ganha múltiplos tons e uma dose de sofrimento, o que garante a ela um peso providencial.

 

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E por falar em peso. O trabalho de Eduardo Moscovis é excepcional. Ele interpreta o policial Cláudio Brandão, um psicopata. O ator engordou bastante para o papel. Também se afastou da imagem de galã de novelas. Sua construção impressiona não apenas pela técnica, mas pela carga de emoção e pela sua entrega nas cenas. A parceria com a talentosa Camila Morgado (Janete) é outro pilar dessa produção. A atriz faz uma mulher sem autoestima, que obedece a todas as ordens do marido, mesmo as mais absurdas, como fisgar mocinhas para serem torturadas por ele. Ela tenta engravidar, entretanto, sofre sucessivos abortos. Toda vez que isso acontece, ele se desestabiliza e comete um crime. Janete é obrigada a participar, mas usando uma caixa de madeira na cabeça, tampando a sua visão. A relação doentia dos dois fascina e repele, funcionando como uma carga de eletricidade suplementar. O elenco compacto é um grande acerto: a narrativa se abre em subtramas menos importantes, mas que ajudam a compor um retrato completo do universo dos personagens.

Finalmente, a direção de José Henrique Fonseca (que teve na sua equipe ainda Rog de Souza e Izabel Jaguaribe), sensível e competente, acerta o ritmo com precisão milimétrica. Refiro-me às pausas, aos cortes e à ação. O convite que “Bom dia, Verônica” faz à maratona é fácil de aceitar.

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