Sua Marca Vai Ser Um Sucesso: estudo inédito mostra associação de marcas e celebridades

Imagem de Bia Haddad tem forte relação com as marcas Foto: Emmanuel Dunand/AFP

“Nos investimentos em comunicação das marcas, vale sempre a experiência do fabricante de embutidos, para medir a eficácia do investimento. Qual? Ter certeza de que quando você põe porco do lado de cá, sai linguiça do lado de lá”.

Jaime Troiano

A associação entre celebridades e marcas pode parecer uma estratégia infalível, mas a realidade revela nuances importantes. Este foi o tema central do Sua Marca Vai Ser Um Sucesso, apresentado por Jaime Troiano e Cecília Russo, no Jornal da CBN. Eles apresentaram o resultado de um estudo inédito que identifica a conexão existente entre as marcas e as personalidades que as representam em campanhas publicitárias.

Jaime Troiano destaca que a conexão entre celebridades e marcas não é um fenômeno novo. No passado, por exemplo, o ator Paulo Goulart tinha forte presença nos anúncios da OMO, que de tão intensa criou uma sinergia na qual o público associava sempre a imagem dele com o produto. “Sempre houve muitos casos de celebridades, gente importante em diversas áreas, como esporte, música, moda, sendo associados a alguma marca.” Porém, nos últimos 20 anos, ressalta Jaime, essa prática se intensificou, e quase toda pessoa famosa é convidada para representar uma marca ou mais.

Para entender melhor essa dinâmica, a TroianoBranding realizou uma pesquisa online com 1.300 pessoas no Brasil, em parceria com a empresa Brazil Panels. O estudo investigou o quanto as celebridades são percebidas como conectadas às marcas que representam. Os entrevistados tinham que indicar numa lista de 15 marcas, qual ou quais eram as marcas que 27 celebridades, previamente escolhidas, representavam. Foi criado um índice chamado CCM, conexão celebridade marca.

“ Na lista de 27 celebridades, encontramos CCMs variando de 2 até 33. Nenhuma das celebridades teve um índice CCM acima desse 33. Ou seja, nenhuma delas foi reconhecida por mais de um terço da amostra”, explica Jaime.

Cecília Russo complementa com observações interessantes sobre os resultados. Algumas celebridades são amplamente conhecidas, mas isso não garante uma lembrança automática da conexão com a marca que elas anunciam. “Marcos Mion, por exemplo, é conhecido por 88% dos entrevistados, mas somente 18% se lembram da marca a que ele está conectado.” Por outro lado, figuras menos conhecidas, como a tenista Bia Haddad Maia, têm um índice de associação mais eficaz entre aqueles que a conhecem.

A Marca do Sua Marca

A principal marca do comentário é a constatação de que a eficácia da associação entre celebridades e marcas deve ser analisada com cuidado. Não basta ser famoso; é preciso que a conexão com a marca seja forte e memorável. Cecília ressalta: “Conexões onde a celebridade apoia várias marcas são mais dispersivas.”

Ouça o Sua Marca Vai Ser Um Sucesso

O Sua Marca Vai Ser Um Sucesso vai ao ar aos sábados, logo após às 7h50 da manhã, no Jornal da CBN. A apresentação é de Jaime Troiano e Cecília Russo.

Preocupados com a vida de quem?

Por Simone Domingues

@simonedominguespsicologa

Foto: Paulo Pinto

Excelentíssimo Senhor Deputado,

Após inúmeras manifestações sobre o projeto de lei proposto na semana passada, que equipara o aborto a homicídio, confesso que pensei já ter perdido o tempo oportuno para fazer a minha manifestação. Entretanto, tendo em vista o curto prazo para a votação de tal projeto, uma vez que a partir dessa semana a Câmara estará vazia para que os deputados possam festejar o “São João”, gostaria de fazer algumas considerações que são essenciais quando a discussão envolve a preocupação com a vida.

Como profissionais de saúde mental, que temos o compromisso de prevenir e tratar diversos transtornos mentais, convivemos com diversas pessoas que carregam os traumas dos abusos e violências sexuais sofridas. Essas vítimas têm um risco aumentado para o desenvolvimento do transtorno de ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, maior vulnerabilidade para tentativas de suicídio, dentre outras condições psíquicas.

Como mãe, espero que o senhor nunca tenha vivido e nunca experimente a devastação que o estupro sofrido por uma filha possa provocar.

Infelizmente, esse não é um caso isolado.

De janeiro a julho de 2023, segundo dados da Agência Brasil, foram registrados 34 mil estupros de vulneráveis de meninas e mulheres. Os dados apontam para uma média de um estupro a cada 8 minutos.

Me desculpe, senhor deputado, mas não sei se o senhor tem uma exatidão do que isso representa.

São meninas e mulheres que vão ter nojo de si mesmas, procurando em suas atitudes, ainda que em fases tão precoces da vida, como na infância, o que fizeram de errado para que isso acontecesse com elas.

São meninas e mulheres que não conseguirão colocar suas cabeças no travesseiro e ter uma noite tranquila de sono, porque os pesadelos e o medo as aterrorizarão.

São meninas e mulheres que se questionarão sobre sobreviver, porque a morte pode parecer algo mais reconfortante.

Vidas são preciosas e é nosso dever zelar por elas.

Será que estamos verdadeiramente preocupados com a vida? Vida de quem?

Não conseguimos sequer proteger a vida dessas meninas e mulheres!

Não discuto aqui sobre sermos favoráveis ou contrários ao aborto. Até porque, convenhamos, quando se levanta uma proposta de lei na surdina, às pressas, isso soa muito mais com politicagem e manobras para tirar de foco outras questões que envolvem o governo, disfarçada de bandeiras salvadoras da humanidade – ou quem sabe, salvadora de partidos e bancadas.

Me desculpe a insistência, mas a pergunta ressoa novamente: preocupados com a vida de quem?

Além de tudo o que essas vítimas passam, serem tratadas como criminosas e a pena ser maior que a do seu estuprador, em caso de aborto, é no mínimo falta de compaixão com requintes de tortura.

Já não basta a indiferença que sofrem pelos crimes de estupro arquivados por falta de provas? Já não basta a dor de muitas vezes terem que conviver com o estuprador, quando este é um membro da família? Já não basta a dor do julgamento social sobre suas condutas ou comportamentos que são considerados “justificativas” para essa barbárie?

Reitero, senhor deputado, que desejo firmemente que o senhor nunca experimente a dor de ter uma filha estuprada.

Essas meninas vão ao inferno e ficarão lá se nós não as ajudarmos.

Qual inferno? Esse que está dentro delas mesmas e que elas não escolheram.

Finalizo, como psicóloga e mãe, me solidarizando com todas as vítimas do estupro, essas pessoas que tiveram suas vidas destruídas pela ação de um criminoso cruel que violou o direito mais precioso que pode existir: o respeito aos seus corpos. Que essas meninas e mulheres possam nos perdoar pela incapacidade de protegê-las! Que essas meninas e mulheres possam nos perdoar pela nossa impotência em lutar pela vida, a de cada uma delas, pois ainda somos cruéis, desumanos e temos pressa… porque o “São João” vai começar.

Mas estamos preocupados com a vida… De quem?

Simone Domingues é psicóloga especialista em neuropsicologia, tem pós-doutorado em neurociências pela Universidade de Lille/França, é uma das fundadoras do canal @dezporcentomais, no YouTube. Escreveu este artigo a convite do Blog do Mílton Jung. 

Avalanche Tricolor: de desalojados, desequilibrados e injustiçados

Grêmio 1×2 Botafogo

Brasileiro – estádio Kleber Andrade, Cariacica/ES

Du Queiroz arrisca de longe em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Pelo calendário oficial, ao Grêmio caberia o mando de campo na partida deste início de noite. Como é sabido por todos, estamos impedidos de jogar na Arena desde as enchentes de maio. E o retorno à casa não se dará antes de agosto. Até lá, seremos apenas um time de itinerantes, desalojados. 

O preço que pagamos é alto e jamais será coberto pelo milhão depositado na conta do Grêmio com a venda do mando de campo, que nos levou ao Espírito Santo, neste domingo. Além do acúmulo de jogos, devido a parada por cerca de 30 dias, e a disputa de partidas decisivas pela Libertadores, viagens incessantes têm causado desgaste extraordinário no elenco.

As dificuldades se somam a carência de substitutos, especialmente no comando do ataque. Mas não somente nesta posição. Verdade que esse é um problema que teríamos a despeito das ocorrências relacionadas à tragédia no Rio Grande do Sul. Enfrentar três competições, por si só, seria um desafio enorme e exigiria muita criatividade do comando técnico, diante do grupo de jogadores disponíveis. Com as atuais condições, os riscos se potencializaram. 

Estamos participando de um campeonato, e aqui me refiro ao Brasileiro, dos mais disputados do mundo. E somos obrigados a jogá-lo nas condições precárias que o destino nos proporcionou. Em um escancarado desequilíbrio técnico que até aqui prejudicou apenas a nós. Cabe ao Grêmio se resignar e reagir em campo recuperando-se com uma sequência de vitórias.

O que provavelmente os demais clubes não perceberam é que alguns deles também serão vítimas desse desequilíbrio. Porque haverá times que terão vantagem sobre os outros ao disputarem seis pontos contra o Grêmio sem precisar passar pela Arena — é o caso do Botafogo que com a vitória de hoje assumiu a liderança da competição. Considere nessa análise o fato de que, na temporada passada, foram especialmente os resultados obtidos em Porto Alegre que nos levaram ao vice-campeonato brasileiro. Nem todos os adversários, porém, serão submetidos ao fenômeno transformador que a Arena proporciona. E isso torna a disputa injusta.

Mundo Corporativo: Carla Hoffmann, da AWA Growth, discute a transformação necessária para uma economia verde

“Logo os profissionais, assim como eu, por exemplo, decidem com quem querem trabalhar, e a gente vê que isso é muito mais frequente nas novas gerações.”

Carla Hoffmann, AWA Growth

A economia verde não é apenas uma tendência passageira, mas uma transformação necessária para a sobrevivência e prosperidade das empresas no século XXI. Este foi o principal ponto destacado por Carla Hoffmann, CEO da AWA Growth Partner Marketing, durante sua entrevista no programa Mundo Corporativo, da CBN. Carla enfatizou que a mudança para modelos sustentáveis não só beneficia o planeta, mas também se alinha com os valores das novas gerações de trabalhadores. “Se as empresas não se adaptarem, talvez até elas tenham dificuldade de encontrar pessoas realmente engajadas em fazê-las crescerem,” afirmou.

Desafios e estratégias para uma economia verde

Carla Hoffmann abordou a importância da conscientização e reestruturação de processos dentro das organizações para incentivar modelos de inovação e economia verde. “Precisa, realmente, primeiro uma conscientização, um entendimento do próprio exercício de uma liderança mais regenerativa,” explicou. A CEO destacou que muitas empresas não foram originalmente construídas com um foco sustentável, o que torna a adaptação um desafio, mas também uma oportunidade de inovação.

Além de conscientizar e educar as lideranças, Carla ressaltou a necessidade de integrar novas tecnologias e soluções para mitigar os impactos ambientais. “A gente vai precisar mudar o nosso modelo de interação econômica, essa é a nossa nova economia”, disse ela, referindo-se à prática de uma economia mais verde.

Financiamento para empresas com impacto positivo

A AWA Growth Partner Marketing é uma consultoria especializada na expansão de mercados para empresas que têm impacto positivo no meio ambiente e na sociedade. A empresa atua em duas frentes principais: consultoria estratégica de marketing para identificar e estruturar estratégias de crescimento adequadas para cada cliente, e acesso ao capital, ajudando empresas regenerativas a obter financiamentos que estejam alinhados com seus valores e objetivos sustentáveis. Com foco exclusivo em negócios regenerativos, a AWA Growth apoia a implementação de práticas de economia verde, promovendo inovação e lideranças regenerativas dentro das organizações.

Ouça o Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN, e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.

Conte Sua História de São Paulo: o mutirão do Alto da Vila Prudente

José Luiz Da Silva

Ouvinte da CBN

Foto de Mustafa ezz

Em 1947, meus pais compraram um terreno no Alto da Vila Prudente e logo começaram a construir num sistema de mutirão com irmãos, sobrinhos e cunhados. A primeira etapa a ser feita foi o poço que, quando atingiu 12 metros, nos deu a santa água! Foi uma alegria!!

Aos domingos, eu e o meu pai saíamos cedo, pegávamos o bonde aberto n° 32, Vila Prudente, na Praça João Mendes, e ali encontrávamos o tio Miro, esposo da tia Tica, Lídia por batismo e irmã do meu pai. Tio Miro era o nosso mestre de obras. Na ocasião, estavam construindo o Cine Marrocos, junto com o Antonio, o Tonhão, irmão do meu pai, e o Luizinho, cunhado do Tonhão. Com todos reunidos, seguíamos em direção à Vila Prudente. O bonde descia a Rua da Glória, Lavapés, e eu não via a hora da passagem pelo campo do Ipiranga F.C. Ficava na rua Silva Bueno, onde grandes craques jogavam: Ceci, Brandão, Rubens .… Lá vai o bonde na porteira do Ipiranga, parava para esperar outro carro, pois só tinha uma linha, e até vir outro a espera era por vezes longa, mas emocionante. 

O bonde parava em frente ao Cine Vila Prudente. Até o Largo da Vila Prudente o calçamento era de paralelepípedo. Já a rua do Orfanato era uma subida de terra, que em dias de sol era uma poeira só, e no de chuva, barro e lama. No cruzamento da rua do Oratório tinha um orfanato enorme: ao lado, um casarão antigo do Dr. Camillo e um trilho entre os eucaliptos que nos levava ao terreno em frente: um enorme morro. Do terreno avistava-se a cidade e a torre do Banco do Brasil e ao nosso redor, só mato, terra e céu. Subíamos a rua até chegar ao terreno, onde a tão sonhada casa era erguida. 

Os adultos assentavam os enormes tijolos que eu carregava um por vez, faziam a massa de barro, enquanto meu pai tirava água do poço. A casa subia devagar e assim foi até 1950 quando ficou pronta pra ser a nossa moradia.

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

José Luiz da Silva é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Você também pode ser personagem da nossa cidade. Escreva agora o seu texto e envie para [email protected]. Para ouvir outras histórias, visite o meu blog miltonjung.com.br e o podcast do Conte Sua História de São Paulo.

Sua Marca Vai Ser Um Sucesso: lições de branding dos tempos em que o freezer causava polêmica

“Parece que hoje nós estamos descobrindo a pólvora”

Jaime Troiano

Os desejos e necessidades dos consumidores estão longe de ser uma descoberta moderna. No”Sua Marca Vai Ser Um Sucesso”, da CBN, Jaime Troiano e Cecília Russo destacam um livro que, apesar de publicado há mais de seis décadas, traz lições valiosas e atuais sobre o comportamento do consumidor e a construção de marcas: ”The Hidden Persuaders” (1957), do autor americano Vance Packard.

O livro faz uma crítica como as empresas americanas da época utilizavam as necessidades latentes dos consumidores para moldar suas estratégias de marketing e branding. Jaime Troiano comenta que o texto de Packard tem uma clara intenção crítica sobre o que é o capitalismo e o consumo nos Estados Unidos: ”o autor mostra como são as formas de operar com desejos latentes dos consumidores para construir estratégias de marca”.

Para Jaime, a leitura de “The Hidden Persuaders” contraria todas essas tendências de achar que somente agora, com as novas tecnologias, tais como a engenharia digital e a inteligência artificial, fomos capazes de grandes revelações sobre o comportamento do consumidor e as formas de persuadi-lo.

Um bom exemplo de como esse conhecimento já era explorado,  na época do lançamento do freezer, muita gente criticava o equipamento por achar que havia pouco alimento para guardar e seria uma decisão economicamente irracional pelo custo do produto e do consumo de eletricidade. Análises profundas de psicólogos mostraram, porém, o quanto a época pós-guerra ainda era de incertezas, em geral e o freezer representava a certeza de que haveria sempre comida na casa, representava segurança, menos para a proteção dos alimentos em si e muito mais pelo sentimento de segurança para a família. 

“Não era um benefício funcional que contava mas um apelo profundamente emocional que estava em jogo”, destaca Jaime

Outro estudo da década de 1950, lembrado no “Sua Marca”, investigou por que as mulheres mudavam constantemente de produtos de limpeza sem demonstrarem lealdade. Jaime conta que a mudança de paradigma aconteceu quando as marcas começaram a valorizar não apenas a funcionalidade dos produtos, mas a autoestima das consumidoras.

Cecília, por sua vez, traz o exemplo dos automóveis, discutindo como a escolha de um carro está profundamente ligada ao senso de poder e autoestima do proprietário, um conceito que muitos consumidores podem não admitir conscientemente: “… não se diz isso explicitamente para o proprietário na comunicação da marca. O que se diz? O que um instituto de pesquisa descobriu na época é que você precisava dar para o proprietário um argumento de como o carro tem uma margem extra de segurança diante de emergências”.

A Marca do Sua Marca

A redescoberta de princípios antigos que ainda governam as estratégias de branding é o destaque do Sua Marca Vai Ser Um Sucesso. Apesar de os avanços tecnológicos e das novas ferramentas de marketing, as motivações humanas básicas continuam a influenciar profundamente as decisões dos consumidores. A lição deixada é que, olhar para o passado pode oferecer ideias valiosas para enfrentar os desafios do presente e do futuro.

Ouça o Sua Marca Vai Ser Um Sucesso

O Sua Marca Vai Ser Um Sucesso vai ao ar aos sábados, logo após às 7h50 da manhã, no Jornal da CBN. A apresentação é de Jaime Troiano e Cecília Russo. A sonorização é do Paschoal Júnior.

Sobre esquecer o passado

Por Simone Domingues

@simonedominguespsicologa

“Às vezes é preciso parar e olhar para longe,

para podermos enxergar o que está diante de nós”

John Kennedy

O filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças” (2004) traz a história de Joe e Clementine, um casal que após diversas tentativas para que o relacionamento dê certo, opta por esquecer um ao outro. Para isso, eles contratam uma empresa com tecnologia especializada em apagar as lembranças dolorosas. Porém, no meio do processo, Joe percebe que também tem boas memórias sobre Clementine e não quer perdê-las, apesar do rompimento atual.

Na ausência de uma tecnologia que nos permita tal feito e embalados pela ficção, se você pudesse apagar da sua mente as lembranças indesejadas, você o faria?

Me desculpe a insistência das perguntas, mas você desejaria apagar apenas as lembranças “ruins”? E por que não as “boas” memórias?

A resposta pode parecer óbvia, mas se assim for, compreendo que o desejo não é pelo esquecimento das experiências ou aprendizagens, mas sim, para evitar o sofrimento que essa lembrança evoca.

Nossas memórias, sejam de experiências boas ou dolorosas, falam da nossa história. Falam sobre quem somos. E se somos quem somos, é porque nossas experiências nos permitiram as aprendizagens sobre a vida, sobre o mundo e sobre nós mesmos, constituindo a nossa identidade, isso que nos torna únicos.

Não é possível registrar apenas o lado bom da vida. Porque isso não seria a vida real… Isso não significa que precisamos viver afunilados pelas situações dolorosas. Porque isso também não exprime tudo o que vivemos. Mas é preciso olhar além…

Onde estamos quando tantos sofrem os horrores da guerra?

Onde estamos quando tantos sofrem a devastação causada pelas mudanças climáticas?

E se apagássemos isso da nossa memória, numa busca desenfreada para mantermos apenas as lembranças positivas?

Só poderemos agir de maneira diferente e construir uma vida mais significativa, se olharmos para as nossas vivências e compreendermos o que elas nos ensinam.

Viver exige que estejamos de olhos bem abertos. Não me refiro, obviamente, à capacidade visual. Viver exige que estejamos presentes em nossas próprias vidas. E estar presentes em nossas vidas significa viver o momento atual, esse mesmo que muda o tempo todo e não nos pede permissão.

Diante dos desafios em vivermos o momento presente, muitos buscam em medicamentos as soluções para driblar o cansaço da rotina extenuante. Muitos buscam em medicamentos as soluções para esquecer os problemas e dificuldades que se apresentam, como num entorpecimento da realidade, fugindo de suas vidas, mergulhados num sono que de tão rápida a sua chegada nem permite reflexões.

E assim, enveredamos pelos caminhos do não sentir: não queremos experimentar a tristeza, o medo, a solidão…

Evitar situações ou eventos que desencadeiam emoções difíceis não tem nenhum efeito permanente no nosso bem-estar. A evitação pode até diminuir temporariamente as emoções dolorosas, mas não terá nenhum efeito na maneira que reagiremos a essas situações ou eventos no futuro, porque cada emoção tem a sua função, mesmo aquelas que são mais difíceis. Elas nos comunicam sobre o que acontece a nossa volta, sobre o que nos acontece e nos motivam para a ação. Se desejamos esquecer algo, é porque sabemos que podemos construir algo melhor, mais significativo. Mas como saberíamos se nos esquecêssemos disso?

Sendo assim, espero que aquela pergunta inicial se torne obsoleta, porque como dizia o professor Iván Izquierdo:

“O passado contém o acervo de dados, o único que possuímos, o tesouro que nos permite traçar linhas a partir dele, atravessando o efêmero presente que vivemos, rumo ao futuro”.

Simone Domingues é psicóloga especialista em neuropsicologia, tem pós-doutorado em neurociências pela Universidade de Lille/França, é uma das fundadoras do canal @dezporcentomais, no YouTube. Escreveu este artigo a convite do Blog do Mílton Jung. 

Avalanche Tricolor: orgulho e alegria diante de mais uma façanha alcançada

Grêmio 1×1 Estudiantes

Libertadores – Couto Pereira, Curitiba/PR

Festa no Couto Pereira em foto de Lucas Uebel/GrêmioFBPA

Havia a magia do nosso torcedor transformando o cenário na cidade de Curitiba. No entorno do Couto Pereira, a festa travestia as ruas com o azul, preto e branco que estamos acostumados em dia de jogos em Porto Alegre, na nossa combalida capital. Proporcionamos uma invasão tricolor e levamos a maior presença de público já vista este ano ao estádio do Coritiba. 

Muito além disso, as mais de 30 mil pessoas que tomaram as arquibancadas levaram o desejo de cada um de nós que não estivemos presencialmente ao lado de nosso time. Carregaram o orgulho de quem viu seu clube do coração se reerguer em tão pouco tempo. 

Estávamos diante de apenas o quarto jogo após a tragédia com as chuvas de maio. E retornávamos a Curitiba com a classificação garantida à próxima fase, o que parecia inacreditável diante dos resultados iniciais na Libertadores e do baque sofrido com as enchentes no Rio Grande do Sul. 

O empate na noite deste sábado, mesmo depois de termos a vitória nas mãos desde o início do segundo tempo, em nada frustra um torcedor que sabe valorizar o que fizemos nestas últimas semanas. Ter tido a alegria de abraçar o time, de saber que seguiremos em frente na Libertadores e de temos jogadores valentes para superar as mais difíceis batalhas do campo e da vida são conquistas imensuráveis frente aos sofrimentos que nos marcarão para sempre.

Teremos muito a fazer ainda. A energia que teve de ser gerada nessas últimas semanas de drama e sofrimento cobra um preço. Estamos com jogadores extasiados que precisão ter tempo para a recuperação. Ainda não temos um elenco forte o suficiente para se sustentar diante de todos os desafios da temporada. Nada disso, porém, nos importa agora. Tínhamos uma façanha a ser alcançada e o Grêmio nos proporcionou este feito. 

Mundo Corporativo: Amilcar e Renato Sá, da MC Tintas, falam de como fazer da inovação uma tradição familiar

Reprodução do vídeo da entrevista ao Mundo Corporativo

“Quer ter sucesso? Trate bem o fornecedor, trate bem seu funcionário, muito bem seu funcionário e trate bem o seu cliente.”

Amilcar Sá, MC Tintas

O mundo dos negócios pode ser um terreno árido e desafiador, especialmente para aqueles que desejam empreender e inovar. Entretanto, a história da MC Tintas, que se iniciou há 60 anos, mostra que o caminho para o sucesso pode ser trilhado com uma boa dose de respeito e dedicação aos principais pilares de uma empresa: fornecedores, funcionários e clientes. É no que acreditam Amilcar Sá e Renato Sá entrevistados no Mundo Corporativo, da CBN. Amilcar começou aos 16 anos com os dois irmãos, fundadores da empresa, e Renato assumiu o comando da MC Tintas, em 2020.

Com mais de 220 unidades no Brasil, a companhia faturou R$ 563 milhões, em 2023. Para 2024, a meta é chegar a R$ 680 milhões, com 20% de crescimento no número de unidades. Desde 2017, a marca trabalha no sistema de franquia, uma estratégia que Renato Sá quer ampliar. Atualmente, são 120 franqueados. Entender o potencial de cada um desses empreendedores é importante na construção da rede. Renato ressalta que “o sucesso de um empreendedor depende muito mais dele do que do franqueador”, destacando a importância da iniciativa individual no mundo dos negócios.

Inovação e Crescimento

A inovação sempre foi uma característica da MC Tintas. Uma tradição familia, pelo que se ouve nas histórias contadas por Amílcar e Renato. Desde a criação da empresa, a visão de Amilcar e seus irmãos foi transformar as lojas de tintas em ambientes agradáveis e acessíveis para todos os públicos, especialmente às mulheres, que, tradicionalmente, não frequentavam esses estabelecimentos. Amilcar recorda: “As lojas eram muito pesadas, sujas. Não tinha aquele tratamento gostoso. Nós fomos os primeiros a mudar isso”.

Renato complementa que a empresa continua a se adaptar às mudanças do mercado e do comportamento do consumidor: “Hoje temos muito mais ferramentas do que eles tinham lá atrás. A empresa estuda o novo consumidor, contrata pesquisas e tenta inovar constantemente”. Esse olhar inovador levou a MC Tintas a desenvolver um aplicativo chamado Toc Toc, que conecta consumidores a profissionais de pintura, facilitando o acesso a serviços de qualidade.

Sucessão Familiar e Liderança

A transição de liderança na MC Tintas é um exemplo de como a sucessão familiar pode ser bem-sucedida. Amilcar enfatiza que a preparação foi fundamental: “Não foi porque o Renato é meu filho que ele se tornou CEO. Ele foi apontado como a pessoa mais adequada por uma consultoria externa”. Renato, por sua vez, destaca a importância do preparo e da contínua busca por conhecimento: “Liderar é não parar nunca. É estudar, fazer cursos e ter vontade de passar a cultura da empresa”.

A relação pai e filho dentro da empresa é um equilíbrio de aprendizado e liderança compartilhada. Renato reconhece o papel crucial de seu pai como mentor: “Tenho uma grande oportunidade de ter meu pai do meu lado, meu espelho, e meu mentor”.

Ouça o Mundo Corporativo

O Mundo Corporativo pode ser assistido, ao vivo, às quartas-feiras, 11 horas da manhã pelo canal da CBN no YouTube. O programa vai ao ar aos sábados, no Jornal da CBN e aos domingos, às 10 da noite, em horário alternativo. Você pode ouvir, também, em podcast. Colaboram com o Mundo Corporativo: Carlos Grecco, Rafael Furugen, Débora Gonçalves e Letícia Valente.

Conte Sua História de São Paulo: da infância à liberdade, no parque Novo Mundo

Por Luiz Roberto de Almeida

Ouvinte da CBN

Imagem da E.E. Heróis da FEB, no Parque Novo Mundo (reprodução Facebook)

Eu tinha nove anos, em 1970, quando minha família se mudou do Tatuapé, numa casa que sobreviveu à construção da estação do metrô, para um bairro próximo, do outro lado do Rio Tietê: o parque Novo Mundo, vizinho da Vila Maria, Penha e Guarulhos. 

O nome do bairro é uma referência ao novo mundo surgido após a Segunda Guerra Mundial, com as ruas homenageando nossos combatentes da FEB, muitos dos quais tombaram na Itália, onde nosso exército lutou bravamente contra o nazifascismo. 

Fomos morar na rua Soldado João Pereira da Silva, 16, esquina com a Pistoia, nome de uma cidade italiana, na região da Toscana. Em Pistoia, a cidade, localiza-se o Cemitério Militar Brasileiro onde foram enterrados os nossos soldados que morreram em batalha, mais tarde transferidos para o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro. As placas com os nomes permaneceram lá e também o Monumento Votivo Brasileiro da Segunda Guerra Mundial. 

Nas cidades Italianas por onde a FEB passou, os brasileiros são reverenciados até hoje. Há um vídeo que registra uma solenidade em Montese, com as crianças cantando a Canção do Expedicionário num bom português. É realmente emocionante. 

Voltando ao Parque Novo Mundo: na minha rua havia poucas casas e vários terrenos baldios. Naquela época não tinha iluminação pública, água encanada, esgoto e asfalto. 

Só havia uma linha de ônibus atendendo o bairro que seguia para o Parque Dom Pedro II e dava a volta no mundo. O guarda noturno fazia sua ronda à cavalo, depois passou para a bicicleta e bem depois para a moto. 

Na esquina de casa ficava o restaurante do Sr, João e da dona Olinda. A padaria dos Srs. José e Joaquim era na mesma quadra, esquina com a avenida principal. Os nomes dos proprietários já dizem tudo, moravam no bairro muitos imigrantes, não só portugueses, mas também espanhóis, italianos, japoneses, convivendo como deveria ser no Novo Mundo surgido. 

Na rua Pistoia havia uma colônia japonesa num terreno bem grande, quase um quarteirão, e os japoneses jogavam beisebol e praticavam Tai chi chuan no pátio. Em 1988, no terreno foi construído um hospital, o Nipo-Brasileiro, com as presenças ilustres do Príncipe e da Princesa do Japão, do presidente José Sarney, do governador Orestes Quércia, do deputado Ulisses Guimarães e muitas outras autoridades 

A única escola era estadual e chamava-se Heróis da FEB, mas não estudei lá não. Eu e minha irmã fomos estudar no Colégio Santa Catarina, na Ponte Grande em Guarulhos, que já não existe há muitos anos, dando lugar a um condomínio de prédios, onde inclusive hoje mora uma amigo meu. Íamos para escola com algumas crianças vizinhas numa perua Chevrolet já antiga para a época. O Tio e a Tia da Perua, como se diz hoje, eram chamados de senhor.e senhora, mas era outra época. 

Nos vários terrenos baldios, a molecada fazia os seus campinhos de futebol. Jogávamos com uma bola “Dente-de-Leite” e calçando “kichutes”, um tênis preto que tinha travas de chuteiras e servia pra ir a escola, também. 

No terreno atrás da nossa casa havia um morrinho de uns três metros de altura, o tobogã, que descíamos em caixas de papelão. Era a época dos quadrados, que hoje em dia são mais conhecidos como pipas; do peão de madeira e das figurinhas pra jogar bafo. 

Depois, ganhamos a liberdade com uma bicicleta de duas rodas, a minha era uma Caloi dobrável; mas alguns tinham a Monareta e aí o bairro foi mais explorado pela turminha. 

Infância muito feliz. 

Só me mudei do bairro quando saí de casa para me casar, mas ainda trabalho no Novo Mundo. Hoje, já com água, encanada, iluminação nas ruas e diversas linhas de ônibus. Dizem que terá até uma estação de metrô. Vamos aguardar. 

Ah, pra finalizar, numa busca na internet encontrei, em notícia de 2022, o soldado, hoje com a patente de Tenente, João Pereira da Silva, morador de Pelotas, no Rio Grande do Sul, e com 98 anos de idade. Lutou na Itália, na tomada de Monte Castelo, em novembro de 1944, quando os brasileiros derrotaram as tropas alemãs. 

Não sei se é a mesma pessoa que deu nome à minha rua, mas fica o meu agradecimento a todos esses bravos combatentes que lutaram para derrotar o totalitarismo na Europa e nos legaram um Novo Mundo. 

Ouça o Conte Sua História de São Paulo

Luiz Roberto de Almeida é personagem do Conte Sua História de São Paulo. A sonorização é do Cláudio Antonio. Você também pode ser personagem da nossa cidade. Escreva agora o seu texto e envie para [email protected]. Para ouvir outras histórias, visite o meu blog miltonjung.com.br e o podcast do Conte Sua História de São Paulo.