As discussões entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores sobre como combater o coronavírus podem ir além de provocar dúvidas entre a população sobre a eficácia das medidas de isolamento recomendadas por especialistas para impedir a disseminação da Covid-19. Ou sobre quem deve arcar com os custos das providências necessárias para amenizar os efeitos econômicos da pandemia. A disputa política entre o presidente e o governador de São Paulo, João Doria, já respinga em ações práticas para o combate à pandemia. São medidas que mexem diretamente com a vida do cidadão comum.
Um exemplo da disseminação do viés político no combate à pandemia foi o veto, nesta semana, pelo governo de São Paulo, do uso do cartão do Bolsa Família para transferências de um auxílio-merenda de R$ 55 para famílias de alunos carentes. A ajuda financeira foi anunciada minutos após a videoconferência de Bolsonaro com os governadores do Sudeste, em que o presidente e Doria tiveram um bate-boca que descambou para questões políticas e eleitorais.
Ouça:Em reunião virtual, Bolsonaro discute com Doria
A gestão Doria estudava desde a semana passada uma alternativa para compensar a falta de merenda, com as escolas estaduais fechadas pela quarentena decretada no estado. A proposta da Secretaria Estadual de Educação foi aproveitar o cartão do Bolsa Família. Mas a avaliação do núcleo do governo foi de que os recursos repassados pelo governo estadual poderiam ser interpretados pelos beneficiários - cerca de 700 mil famílias - como sendo uma ajuda federal.
Doria optou por contratar uma empresa que administra vale-alimentação para distribuir a "bolsa-merenda" por um cartão exclusivo do governo do estado. O processo de contratação deve ser finalizado até a próxima semana. O governador vê uma oportunidade de colher dividendos eleitorais em 2022, se for bem-sucedido no combate à Covid-19.
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