Leia Mais em Menos Linhas

O que está implícito no alerta de Gilmar Mendes aos militares

Gilmar Mendes: ministro do STF não está sendo hiperbólico ao indicar possibilidade de crime Crédito: Felipe Sampaio / STF

Quando o ministro Gilmar Mendes alerta os generais de sua participação no que ele caracteriza como genocídio, é preciso lembrar de dois pontos simultaneamente. O primeiro é que genocídio é um crime tipificado e Gilmar é membro de uma corte constitucional. Ele não está sendo hiperbólico, está indicando a possibilidade de haver crime. O segundo ponto é igualmente relevante: nenhum membro do Supremo é tão político quanto ele.

Quem não estava distraído nas últimas duas décadas acompanhou o constante entrar e sair de Gilmar — do Planalto e do Alvorada para o Jaburu, de lá para as residências dos presidentes de Câmara e Senado, num diálogo contínuo com políticos de toda sorte. Gilmar conversa, costura, negocia, dialoga. Talvez não seja desejável que um ministro de corte superior seja político. Mas esse é outro debate. Gilmar Mendes é político.

Os que interpretam a fala do ministro numa live sábado como a criação artificial de uma crise desnecessária esquecem de ambos os pontos. Não era uma hipérbole, era política. Quem observa a reação dos militares apenas pelas notas oficiais pode ter reiterada sua impressão de que era apenas um ataque. Quem vê suas ações percebe que, além de ataque, havia também informação e alerta que foram compreendidos.

Os generais perceberam que o argumento de que há um genocídio em curso pode ganhar força, investigações podem surgir e, mesmo que não dê em condenação, já são suficientes para um estrago grande na imagem de qualquer instituição. A pressão para que o ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, ou deixe o cargo ou passe à reserva aumentou.

Ao fim, Gilmar jogou xadrez e pôs o Exército na defensiva. O apoio tácito ao governo Jair Bolsonaro ficou mais caro para os militares. E é neste aumento de custo, nesta série de vários desgastes sequenciais, que rompimentos ocorrem.

Compartilhe por WhatsApp: clique aqui e acesse um guia completo sobre o coronavírus

Siga o Analítico no Twitter

Lei de acesso fará 10 anos e governo opta por maior opacidade

O vereador do Rio Carlos Bolsonaro: governo impõe sigilo a informações sobre visitas de filhos de presidentes Crédito: Divulgação

A decisão do governo de impor 100 anos de sigilo a simples relação de filhos do presidente que têm cartão de acesso liberado ao local de trabalho do pai Jair Bolsonaro diz muito sobre o quão transparente o governo quer ser. A decisão, a qual ainda cabe recurso, tem significado adicional neste ano. Em novembro, a Lei de Acesso à Informação (LAI) completará dez anos de aprovação.

Com inflação alta, frio extra pode estragar sonhos da Primavera de 2022 de Bolsonaro

Geada no interior de Santa Catarina na semana passada: nova frente fria pode afetar lavouras em boa parte do Brasil Crédito: Mycchel Legnaghi / São Joaquim Online

A descrença com o aquecimento global é uma espécie de avó do terraplanismo e de outras teorias caras aos negacionistas de plantão. Mas o tema que fez os corações e mentes de ambientalistas e até de um ex-vice-presidente dos Estados Unidos começa a mostrar, cada vez mais, seus efeitos concretos sobre a cabeça de todos: crentes ou não das mudanças extremas do clima.

Por que Bolsonaro fica mais frágil com Ciro Nogueira na Casa Civil

Ciro Nogueira deixa Palácio do Planalto após ser convidado para ministério: indemissível Crédito: Adriano Machado / Reuters

A chegada do senador pepista Ciro Nogueira à Casa Civil marca um momento único desde a democratização — nunca um presidente entregou tanto ao Centrão. Escancarou o orçamento, ofereceu para os parlamentares tanto dinheiro para projetos quanto havia para oferecer, abriu mão de intervir na gestão deste dinheiro. Agora, entrega ao presidente do principal partido do Centrão o cargo mais importante do Planalto.

Brasil dá recado contrário ao do governo Bolsonaro na abertura da Olimpíada

Ketleyn Quadros e Bruninho com a bandeira do Brasil na abertura dos Jogos de Tóquio Crédito: Martin Bureau / AFP

A decisão do Comitê Olímpico do Brasil (COB) de só levar os porta-bandeiras do Time Brasil para a cerimônia de abertura da Olimpíada de Tóquio foi acertada do ponto de vista epidemiológico e elogiável pela mensagem que passa ao país. Numa pandemia marcada pelo negacionismo do próprio governo, que recusou vacinas e não produziu uma ampla campanha de informação das medidas sanitárias, como o uso correto de máscaras, ver apenas Bruninho e Ketleyn Quadros de Pff2 (o equipamento de proteção mais recomendado pelos especialistas) é um recado e tanto.