Bela Megale
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Investigações criminais, bastidores do poder e a vida política de Brasília

Informações da coluna

Bela Megale

É colunista do GLOBO em Brasília e colaboradora da revista "Época". Passou pelas redações de "Folha de S.Paulo", "Veja", "Istoé", entre outras publicações.

Por Bela Megale

Após a Polícia Federal encontrar R$ 128 mil e US$ 7,5 mil em espécie na casa de Vinícius Sarciá Rocha, irmão de criação de Cláudio Castro, na operação desta quarta-feira, o governador do Rio e seus aliados passaram a apresentar explicações sobre o dinheiro.

A políticos que perguntam sobre a elevada quantia encontrada com seu irmão, Castro e integrantes do governo fluminense alegam que cerca de R$ 70 mil desse montante teriam sido declarados por Vinícius Sarciá Rocha em seu imposto de renda de 2023, e que o restante seria incluído na prestação do ano que vem, por ter sido adquirido ao longo dos últimos meses.

Também afirmam que a maior parte do dinheiro estava no cofre da casa, o que sinalizaria que o dinheiro não estava escondido. Fontes da PF, porém, relataram ter encontrado valores guardados em caixas de remédio guardadas num envelope de papel pardo que estava em uma mochila, além de planilhas com nomes e anotações de pagamentos. No auto de apreensão policial consta apenas que R$ 18 mil foram encontrados numa mochila, sem citar caixas de remédios.

Castro tem dito a aliados que o dinheiro era parte do salário de cerca de R$ 35 mil mensais que o irmão costuma guardar. Vinícius Sarciá Rocha é presidente do Conselho de Administração da Agência Estadual de Fomento (AgeRio).

Como informou a colunista Malu Gaspar, Castro é um dos investigados e teve os sigilos telemático, fiscal e bancário quebrados por autorização pelo Superior Tribunal. O inquérito investiga desvio de recursos, pagamento de propina e fraude em licitação em contratos sociais do estado entre 2017 e 2020.

Em nota, a assessoria de imprensa do governador disse que "causa estranheza e profunda indignação a operação deflagrada nesta quarta-feira (20/12), já que não traz nenhum novo fato à investigação, que acontece desde 2019".

"As medidas cautelares, executadas quatro anos depois da abertura da investigação, reforça o que o governador Cláudio Castro vem dizendo há anos, ou seja, que não há nada contra ele, nenhuma prova, e que tudo se resume a uma delação criminosa, de um réu confesso, que vem sendo contestada judicialmente. Fica claro, infelizmente, que estamos diante de uma “fishing expedition”, porque não há razoabilidade e nem sentido nas buscas e apreensões, tanto tempo depois de iniciadas as investigações", diz o texto.

Sobre a quebra do sigilo fiscal e telemático, Castro afirma que recebeu a decisão com "tranquilidade" e afirma que "todo homem público deve sempre estar à disposição do crivo das instituições".

Por fim, é lastimável e preconceituosa a operação de hoje usar termos religiosos, em um claro ato de agressão à fé do governador.

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