Antes de ser alvo da operação da Polícia Federal que apura uma tentativa de golpe de Estado, o general da reserva Braga Netto já tinha adotado cautela sobre as conversas que mantinha no PL.
Nos últimos meses, o ex-ministro de Jair Bolsonaro passou a proibir que as pessoas entrassem na sua sala, na sede do partido, em Brasília, com telefone celular. Segundo membros do partido, o militar tinha pânico de ser gravado.
O general ocupa o cargo de secretário nacional de Relações Institucionais do PL e tem um salário de R$ 26 mil.
Como informou a coluna, investigadores e ministros do Supremo Tribunal Federal avaliam que, entre todos os militares investigados, Braga Netto é quem está em uma situação mais complicada e não descartam risco de prisão.
Como revelaram as mensagens da investigação policial que mira Jair Bolsonaro, Braga Netto e outros membros do governo passado, o militar chamou o ex-comandante do Exército Freire Gomes de “cagão”, por não aderir ao golpe. Também orientou bolsonaristas a atacarem, nas redes, o general Tomás Paiva, atual comandante da Força, em um esforço para constranger a hierarquia militar a ceder aos esforços golpistas, como informou a colunista Malu Gaspar.
Outro documento da PF revelado pela jornalista Andréia Sadi no seu blog no “G1” mostra que Braga Netto se referia sobre a possibilidade de continuar no poder, mesmo após a derrota na eleição para Lula. A quatro dias de Bolsonaro deixar a Presidência, o general recebeu um currículo de uma amiga de um assessor do então presidente e respondeu: “se continuarmos, poderia enviar para a Sec. Geral. Fora isso vai ser foda".
"Considerando que a chapa presidencial vencedora das eleições de 2022 já tinha sido diplomada e a mensagem foi enviada poucos dias antes da posse do novo Presidente da República, a expressão "se continuarmos" ratifica que os investigados ainda estavam empreendendo esforços para tentar um Golpe de Estado e acreditavam na consumação do ato, impedindo a posse do governo legitimamente eleito", afirma a PF.