Bela Megale
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Investigações criminais, bastidores do poder e a vida política de Brasília

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Bela Megale

É colunista do GLOBO em Brasília e colaboradora da revista "Época". Passou pelas redações de "Folha de S.Paulo", "Veja", "Istoé", entre outras publicações.

Por Bela Megale

Interventor da área de segurança pública do Rio de Janeiro quando Marielle Franco foi assassinada, Walter Braga Netto foi quem assinou a nomeação do delegado Rivaldo Barbosa para ocupar a chefia da Delegacia de Homicídios a poucos dias do crime. Neste domingo, Rivaldo foi preso preventivamente, sob a acusação de planejar o assassinato da vereadora, idealizado pelos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão.

A pessoas próximas, Braga Netto vem tentando se desvincular da escolha. O argumento apresentado pelo ex-ministro é o de que as seleções e indicações para as nomeações feitas na Polícia Civil do Rio eram, exclusivamente, realizadas pelo então Secretário de Segurança Pública. À época, o posto era ocupado pelo general Richard Nunes, escolhido por Braga Netto.

O ex-ministro disse a aliados que coube ao então secretário de Segurança Pública escolher os nomes que comandavam as demais secretarias subordinadas ao Gabinete de Intervenção Federal, como a Secretaria de Defesa Civil e a Secretaria Penitenciária.

O relatório da Polícia Federal mostra que o general Richard Nunes “bancou a nomeação de RIVALDO à revelia do que havia sido recomendado”. Na ocasião, a Subsecretaria de Inteligência recomendou que o delegado não fosse nomeado para a delegacia de Homicídios.

“Por sua vez, Braga Netto nomeou o General RICHARD NUNES como Secretário de Estado de Segurança Pública, tendo ele nomeado o Delegado RIVALDO BARBOSA como seu Chefe de Polícia. Nesta altura, já estavam na iminência de eclodir as suspeitas retratadas nos PICs (Procedimentos Investigatórios Criminais) acima mencionados, o que ensejou, inclusive, a contraindicação de RIVALDO pela Subsecretaria de Inteligência, conforme reconhecido pelo General em sede de depoimento”, diz o relatório da PF.

No depoimento, o general afirmou que manteve a escolha porque “a contraindicação não se pautava em dados objetivos”.

Em nota, os advogados de Braga Netto afirmam que “durante o período da Intervenção Federal na área da segurança pública no estado do Rio de Janeiro, em 2018, a Polícia Civil era diretamente subordinada à Secretaria de Segurança Pública”.

“A seleção e indicação para nomeações eram feitas, exclusivamente, pelo então Secretário de Segurança Pública, assim como ocorria nas outras secretarias subordinadas ao Gabinete de Intervenção Federal, como a de Defesa Civil e Penitenciária. Por questões burocráticas, o ato administrativo era assinado pelo Interventor Federal que era, efetivamente, o governador na área da segurança pública no RJ”, diz o texto.

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