Bernardo Mello Franco
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Bernardo Mello Franco

Um olhar sobre a política e o poder no Brasil

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Bernardo Mello Franco

Colunista do GLOBO e da rádio CBN. Trabalhou na Folha de S.Paulo e no Jornal do Brasil. Foi correspondente em Londres e escreveu o livro "Mil dias de tormenta"

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O ministro Luís Roberto Barroso subiu ao palco e soltou a voz na festa que celebrou sua posse na presidência do Supremo Tribunal Federal.

O evento foi organizado pela Associação de Magistrados Brasileiros (AMB) e reuniu cerca de 1.200 convidados na noite desta quinta. Os ingressos foram vendidos a R$ 500.

Sem a presença de Maria Bethânia, que cantou o Hino na cerimônia oficial, Barroso se arriscou num repertório de samba, música sertaneja e rock brasileiro.

Animado, o ministro chegou a improvisar um dueto com o cantor Diogo Nogueira. Os dois entoaram "Aquarela Brasileira", samba-enredo de 1964 do Império Serrano.

Mais tarde, Barroso voltou ao palco para acompanhar a banda BSBeat, que costuma embalar casamentos e eventos corporativos na capital.

Depois de cantar os versos de "Boate azul" ("Eu bebi demais e não consigo me lembrar sequer/ Qual era o nome daquela mulher/ A flor da noite na boate azul"), o ministro ouviu um apelo do vocalista do grupo:

— Muito obrigado, mas não tire meu emprego!

Na pista, Barroso mostrou intimidade com o cancioneiro sertanejo. Ele causou sensação ao pegar o microfone e cantar "Evidências", hino dos karaokês gravado pela dupla Chitãozinho e Xororó.

O presidente do Supremo também prestigiou o rock brasiliense ao acompanhar os covers de "Será", da Legião Urbana, e "Exagerado", de Cazuza, seu amigo de infância.

A festa de Barroso reuniu mais cinco ministros da composição atual da Corte. Entre eles, o decano Gilmar Mendes, ex-desafeto do homenageado.

A ministra Rosa Weber, que deixou a presidência do Supremo nesta quinta-feira, manteve-se fiel ao perfil discreto e não compareceu. A ministra Cármen Lúcia também fez forfait.

Entre os poucos políticos presentes, estava o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu. O deputado é filho do ex-ministro José Dirceu, que Barroso ajudou a condenar no julgamento do mensalão.

Nas rodas de conversa, o principal assunto de juízes, advogados e jornalistas era a sucessão de Rosa, que se aposenta na próxima semana.

No entanto, os três mais cotados preferiram não ir ao evento. À tarde, Flávio Dino, Jorge Messias e Bruno Dantas bateram ponto no Supremo e posaram juntos para fotos.

A jurista negra Vera Lúcia Araújo, apoiada pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), esteve na festa e foi paparicada com elogios e pedidos de selfies.

Apesar do assédio, ela indicou que não acredita na possibilidade de ser a indicada. O presidente Lula não recebeu nenhuma candidata mulher e avisou que raça e gênero não serão critérios para a escolha.

Na saída, um convidado perguntou a Vera Lúcia se sua nomeação estava para sair. A jurista sorriu, mas respondeu em tom resignado:

— Quem manda são os homens...

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