Um detalhe mostra como o governo de Israel se preparou para expor o conteúdo da conversa com o embaixador do Brasil em Tel Aviv.
No encontro no Museu do Holocausto, o ministro das Relações Exteriores do país, Israel Katz, usou um microfone de lapela.
- Ataque às Nações Unidas: Israel transforma ONU em novo alvo da guerra
O aparelho costuma ser usado por políticos, artistas e influenciadores para gravar vídeos veiculados nas redes sociais.
Inicialmente, o embaixador brasileiro Frederico Duque Estrada Meyer seria recebido para uma reunião a portas fechadas na sede do ministério.
Na manhã desta segunda-feira, o Itamaraty foi avisado de que o encontro ocorreria no Museu do Holocausto, com a presença da imprensa.
Na avaliação de diplomatas brasileiros, a quebra de protocolo teve uma intenção clara: constranger o representante do presidente Lula e criar um fato político a favor do governo de Israel.
Diante das câmeras, Katz afirmou, em hebraico, que Lula se tornou "persona non grata" em Israel até que peça desculpas pela declaração em que comparou os ataques a civis em Gaza ao Holocausto.
No momento, a chance de isso ocorrer parece mínima. Para expressar sua irritação com o governo israelense, Lula chamou o embaixador Meyer para consultas no Brasil.
- Crise diplomática: Israel convoca embaixador brasileiro após fala de Lula sobre Gaza
- "Virar a mesa": O papel dos empresários na tentativa de golpe de Bolsonaro