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O passado com um pé no presente.

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William Helal Filho

Jornalista formado pela PUC-Rio em 2001. Entrou na Editora Globo pelo programa de estágio, foi repórter e editor. Hoje é responsável pelo Acervo.

RESUMO

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GERADO EM: 25/06/2024 - 06:00

Michael Jackson: 15 anos da morte trágica

Michael Jackson, ícone da música pop, teve uma morte trágica há 15 anos devido a uma overdose de drogas administradas por seu médico. Sua carreira de sucesso, controvérsias e legado são relembrados, culminando na condenação do médico por homicídio culposo.

Michael Jackson vivia um momento de virada. Depois de anos de ostracismo, o cantor se preparava para uma série de 50 shows na Arena O2, no Reino Unido. Mas uma tragédia aconteceu. O mundo foi pego de surpresa quando, numa tarde de quinta-feira, o site "TMZ" publicou que o astro americano de 50 anos tinha acabado de morrer. No início, soubemos apenas que Michael havia sofrido uma parada cardíaca em casa e que todas as tentativas de ressuscitá-lo tinham fracassado. Semanas depois, o Departamento de Medicina Legal de Los Angeles concluiu que ele foi vítima de um homicídio.

Nesta terça-feira, 15 anos depois da partida inesperada do maior ídolo da música pop internacional, o Blog do Acervo resgata um pouco da trajetória do artista e relembra a sucessão de acontecimentos que levou a sua morte e à condenação do seu médico particular, o cardiologista Conrad Murray.

Michael Joseph Jackson estreou no showbiz quando era criança, cantando com os irmãos dele no grupo Jackson 5, que fez sucesso nas décadas de 1960 e 1970, lançando hits como "ABC" e "I'll be there". Muita gente não sabe, mas o Jackson 5 esteve no Brasil em 1974, eles fizeram shows no Rio, em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília. Na capital federal, um cancelamento repentino levou a quebradeira. Na época com 16 anos, Michael já era o rosto mais conhecido do grupo e tinha uma carreira solo bastante produtiva, mas continuava cantando, paralelamente, com os irmãos.

Michael Jackson ao chegar no Rio com o grupo Jackson 5 — Foto: Arquivo / Agência O Globo
Michael Jackson ao chegar no Rio com o grupo Jackson 5 — Foto: Arquivo / Agência O Globo

Foi em 1979, com o álbum "Off the wall", que a trajetória dele fora dos Jackson 5 explodiu. A partir daí, o cantor emplacou uma série de megahits como "Rock with you", "Billie Jean" e "Beat it". Impossível não citar a música "Thriller", lançada em 1982, no álbum de mesmo nome, que teve algo em torno de 70 milhões de cópias comercializadas até hoje, tornando-se o disco mais vendido de todos os tempos. "Thriller" e outros vários sucessos dos anos 1980 elevaram Michael Jackson ao olimpo da indústria do entretenimento e, com milhões de discos vendidos, ele virou o rei da música pop.

Só que, com o passar do tempo, o artista americano se tornou uma figura cercada de controvérsias. As mudanças na sua aparência, o estilo de vida polêmico e os relacionamentos do cantor ganharam destaque no noticiário. Pouco antes de fazer uma turnê inesquecível no Brasil, em 1993, o popstar de então 34 anos foi acusado pela família de Wade Robson de abusar do menino, que na época tinha 11 anos. O processo caiu como uma bomba em sua carreira. Denúncias similares surgiriam depois, e durante anos, parecia que o nome Michael Jackson estava sempre envolto por escândalos.

Até que em junho de 2005, cantor foi absolvido de todas as acusações de abuso infantil. Àquela altura, o artista já tinha se tornado uma pessoa avessa a aparições públicas. Ele deixou o tribunal sorrindo e acenando para seus fãs e os fotógrafos, mas, depois, ficou ainda mais recluso. Michael foi morar no Bahrein, no Golfo Pérsico, a convite do príncipe Abdullah bin Hamad bin Isa Al Khalifa. Em maio de 2006, ele se mudou com os filhos para uma zona rural da Irlanda, onde viveu por seis meses. Apenas pessoas muito próximas à família e os moradores locais sabiam que o rei do pop estava lá.

Michael Jackson ao anunciar a série de shows 'This is it', em 2009 — Foto: Carl de Souza/AFP
Michael Jackson ao anunciar a série de shows 'This is it', em 2009 — Foto: Carl de Souza/AFP

Mas o artista retomou as rédeas da carreira e, em março de 2009, depois de quase oito anos sem fazer um show e 12 anos sem fazer turnês, Michael anunciou a série de 50 grandes apresentações na Arena O2, em Londres. Todos os 750 mil ingressos à venda se esgotaram em menos de quatro horas. Nos ensaios, várias pessoas da produção e do elenco de artistas diziam que o cantor parecia bem disposto e totalmente focado, perfeccionista como sempre foi quando o assunto era sua música e a forma de apresentá-la em cima de um palco. Ninguém via motivos pra suspeitar de uma tragédia iminente.

Na noite de 24 de junho de 2009, o cantor se mostrou bem-humorado quando liderou uma sessão de ensaios no estádio do Staple Center, em Los Angeles, e chegou em casa, no bairro de Holmby Hills, por volta da meia noite, junto com o cardiologista Conrad Murray, que era o médico particular do artista. Michael tinha um histórico longo de insônia e, com frequência, usava diversas drogas para conseguir dormir. Ao longo daquela madrugada, Murray administrou remédios de uso restrito, mas as horas se passaram, e o atormentado artista americano não pegava no sono de jeito nenhum.

Em depoimento à polícia, o cardiologista disse que o músico pediu várias vezes uma dose de Propofol, droga poderosa usada para indução e manutenção de anestesia geral durante cirurgias. Segundo as investigações sobre a morte de Michael, ele próprio já havia feito uso da substância. Além da insônia, o artista era viciado em medicamentos para dor. Pessoas próximas arriscam dizer que o problema teve início após um acidente em 1984, quando, gravando um comercial para a Pepsi, os cabelos do cantor pegaram fogo, queimando o couro cabeludo, e ele foi submetido a doses fortes de analgésicos.

Às 10h40 de 25 de junho de 2009, como Michael continuava acordado, o médico decidiu injetar uma dose de Propofol. Ao ver que o artista adormecera, Murray foi ao banheiro, mas na volta, percebeu que seu paciente não estava respirando. Ele tentou reanimar o músico ali mesmo, na cama, e chamou seguranças pra ajudar, mas só depois de meio-dia um funcionário da casa ligou para o serviço de emergência (911). Os paramédicos tentaram ressuscitar o americano durante 42 minutos na casa dele e depois o levaram para o hospital, mas ninguém conseguiu salvar o astro da música pop.

Michael foi declarado morto às 14h26 do dia 25 de junho de 2009. Dezoito minutos mais tarde, o site "TMZ", especializado em celebridades e até então desconhecido da grande imprensa, foi o primeiro a dar a notícia, que se espalhou rapidamente pela internet. Várias páginas, como o Google e o Wikipedia, ficaram sobrecarregadas com a quantidade de acessos. O mundo todo queria confirmar a informação e saber mais detalhes sobre o que tinha acontecido com o artista. Afinal, como ele tinha morrido?

De início, soubemos apenas que o cantor tinha sofrido uma parada cardíaca em sua casa. Com o tempo, as suspeitas se concentraram na overdose de Propofol. Semanas depois da morte de Michael, o Departamento de Medicina Legal de Los Angeles afirmou que ele tinha sido vítima de um homicídio, determinando que ele morreu devido a uma intoxicação causada pelo Propofol e exacerbada pelos outros remédios administrados antes. No começo de 2010, o médico Conrad Murray foi denunciado por homicídio culposo e, em 2011, ele foi julgado e condenado a quatro anos de prisão.

Quinze anos depois, a memória do rei da música pop permanece viva. No ano que vem, vai ser lançada a cinebiografia "MIchael", uma grande produção com Jaafar Jackson, sobrinho do artista, no papel do astro.

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