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Informações da coluna

Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Rennan Setti

Nem o fundo de renda fixa do Nubank passou incólume pela debacle da Americanas. O Nu Reserva Imediata — que é o maior fundo do tipo no Brasil, com 1,3 milhão de cotistas —revoltou investidores nesta sexta-feira ao apresentar rentabilidade negativa. Até então, o veiculo vinha apresentando ganho equivalente a 109% do CDI, taxa de referência para aplicações de baixíssimo risco.

Com investimento a partir de R$ 1, o fundo se diz indicado a “quem quer construir uma reserva de emergência com segurança e também não abre mão de um retorno melhor do que o da poupança e da taxa CDI no longo prazo.” Só que, para bater o CDI, o Reserva Imediata acaba precisando ir além da estratégia de um fundo DI tradicional e expõe mais de 20% da carteira a títulos corporativos.

Para o infortúnio dos clientes do Nubank, entre esses papéis estavam debêntures da Americanas, submetendo uma nova geração de investidores a verdadeiro “batismo de fogo” no mercado de capitais brasileiro.

Duas debêntures

Em levantamento na base de dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a coluna apurou que o Nu Reserva Imediata tinha praticamente 1% do seu patrimônio alocado em duas debêntures da Americanas (LAMEA7 e  LAMEA4). Os dados são do fundo “master” e datados de setembro, os mais recentes disponíveis. (Gestores podem pedir à CVM para que a carteira de seus veículos fique escondida por alguns meses para evitar a espionagem de concorrentes.)

Como os dados de agora estão sob sigilo, não é possível saber se o percentual exposto a Americanas continua o mesmo ou se há novas aplicações em ativos de outras empresas que também foram afetados pela crise da companhia, como outras varejistas.

“@nubank começou a sumir com o dinheiro agora? investimento ao contrário? deixe seu dinheiro com a gente que sumimos com ele em um dia”, queixou-se um usuário do Twitter.

“Vamos ver sobre o fundo da @nubank Nu Reserva Imediata. Que de ontem para hoje teve uma rentabilidade negativa de o que?! 40% mais ou menos?! A explicação foi ‘reinvestimento em debêntures’ mas imagina… isso corresponde a 31% da carteira… Estranho né e tudo classe A pra cima”, questionou outro.

“Tira tudo amiga, eu perdi da nu reserva imediata”, alarmou-se uma usuária.

A coluna teve acesso ao extrato de um cotista do fundo cuja aplicação de R$ 20,5 mil, feita há dez dias, apresenta rentabilidade negativa acumulada de R$ 75.

‘Variação atípica’

No Twitter, o Nubank respondeu às reclamações dizendo que “nos fundos Nu Reserva Imediata e Nu Reserva Planejada, os ativos de renda fixa podem variar de valor conforme a marcação dos preços, que varia conforme notícias e eventos de mercado.”

E acrescentou:

“Recentemente, o mercado teve uma variação atípica que impactou o rendimento de alguns investimentos. Lembramos que o fundo conta com estratégias de longo prazo, que visam minimizar o impacto de variações pontuais, tá bom?.”

Na rede social, o Nubank não é claro sobre que “variação atípica” foi essa, mas a “variação atípica” que marcou o começo deste ano é a da Americanas.

Mas em nota enviada à coluna, a Nu Asset Management — gestora de fundos de investimentos do Nubank — disse que, "diante do evento atípico noticiado sobre a referida empresa, imediatamente revisitou os limites e a posição dos seus ativos nos fundos sob nossa gestão."

"A Nu Asset também esclarece que as cotas dos fundos impactados já refletem o valor de mercado das debêntures das Lojas Americanas e que prossegue com o acompanhamento contínuo da situação da empresa e das suas posições em nossas carteiras. Seguimos atuantes para assegurar os interesses de nossos cotistas", acrescentou.

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