Capital
PUBLICIDADE
Capital

Informações exclusivas, análises e bastidores do mundo dos negócios.

Informações da coluna

Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Rennan Setti

Confinada e munida das recém-popularizadas air fryers, a classe média brasileira foi além do pão artesanal na pandemia: também fritou batatas como nunca. As evidências estão no balanço da Bem Brasil, empresa familiar do interior de Minas que diz ter 47% do mercado nacional de batatas pré-fritas congeladas, citando números da Nielsen. O faturamento mais que dobrou desde 2019 (116%), para R$ 2,6 bilhões, graças a seu avanço no varejo.

A companhia surgiu em Araxá (MG) há 15 anos, fundada pelos Rocheto, que já plantavam batatas. À época, os produtos pré-fritos congelados eram um nicho incipiente, dominado por importados de Bélgica e Holanda e pela canadense McCain, que fornece ao McDonald’s.

O foco inicial foi o food service, principal negócio até a pandemia. A companhia fornece para Bob’s, Madero e Giraffas e tenta seduzir o Burger King, mas a fatia do varejo cresceu de 30% para 50% nos últimos três anos.

— A air fryer não foi a única alavanca, mas foi importante. Se aumentar a penetração desse tipo de fritadeira nas classes C e D, haverá um impacto na demanda. As pessoas querem praticidade, têm cada vez menos tempo — analisa Dênio Oliveira, que foi diretor financeiro da Forno de Minas (da qual a McCain é sócia, aliás) e assumiu o comando da Bem Brasil em 2021.

Agora, a firma está dobrando a aposta na “americanização” do apetite dos brasileiros e na demanda externa, com a meta de bater R$ 5 bilhões em receitas em 2025.

Após a abertura de uma linha na fábrica em Perdizes (MG), a capacidade de produção dobrou para 500 mil toneladas por ano. Isso permitiu que ela passasse a vender hashbrowns (batatas raladas), dadinhos com queijo e a produzir localmente “carinhas” e anéis de cebola. Viabilizou também o mercado externo, cujo peso era quase nulo. A companhia passou a exportar para Uruguai, Bolívia, Paraguai, Peru e EUA.

— Vamos chegar ao Walmart do México no segundo semestre. As exportações são 3% do nosso negócio hoje, mas podem chegar a 10% em 2025 — prevê.

Mas há desafios. Um deles é a ofensiva da concorrência. Há sete meses, a McCain investiu US$ 150 milhões na abertura de sua primeira fábrica no Brasil — curiosamente, na mesma Araxá da Bem Brasil. Outro é uma conjuntura econômica adversa.

— Ela ainda não nos afetou. O produto tem preço acessível. O consumo per capita é de 3,8 kg aqui. Na Europa, passa de 15kg. O mercado cresce 10% ao ano — completa o CEO da Bem Brasil, que é 100% controlada pela família Rocheto e não pensa em IPO no momento.

Mais recente Próxima A estratégia da Dafiti para sobreviver ao fenômeno Shein

Inscreva-se na Newsletter: Capital