Carros adesivados com a marca inDrive proliferaram pelas ruas do Rio nos últimos meses, do subúrbio à Zona Sul. A campanha de marketing à moda antiga faz parte da ofensiva do app de transportes — de origem russa e hoje sediado nos EUA — para conquistar passageiros e motoristas e incomodar a supremacia de Uber e 99. Depois de a inDrive levantar US$ 150 milhões há 20 dias, a pressão deve aumentar.
— Estamos em 48 países, mas o Brasil já é um dos cinco principais mercados e deve receber parte considerável desse investimento, seja na vertical de transporte de passageiros, seja nas de entregas, fretes e serviços — conta Thyerry Mendes, gerente comercial da companhia no Brasil.
A inDrive aposta em um diferencial: o preço da corrida é negociado entre passageiro e motorista. A plataforma recomenda um valor ao usuário, mas ele pode sugerir pagar menos — desde que a cifra não fique abaixo de um preço mínimo. Já o motorista pode aceitar o valor proposto ou fazer uma contraproposta.
O app sustenta que a negociação resulta em preços mais justos. Mas ele também tem sido agressivo em suas taxas para ganhar mercado. Assim como Uber e 99 já fizeram no passado, a InDrive está subsidiando corridas.
— Cobramos taxa fixa de 9,9% dos motoristas, menor que dos outros apps. Mas em algumas cidades, como no Rio, estamos operando no momento com taxa zero. O motorista capta todo o valor da corrida —acrescenta. — E também pagamos, em média, R$ 250 mensais ao motorista que adesivar o carro. Isso fideliza.
A inDrive não abre seus números, mas diz que, no ano passado, cresceu em 50% o número de motoristas e em 70% as receitas no Brasil. Em três anos, foram 20 milhões de downloads no país. (Globalmente, ele é o segundo app de transporte mais baixado, diz a Bloomberg).
Embora tenha surgido em Yakutsk, na Sibéria — depois da guerra na Ucrânia, o app retirou sua equipe da Rússia —, 60% das receitas vêm da América Latina. No Brasil, a inDrive começou comendo pelas beiradas ainda no fim de 2018, por João Pessoa e logo depois em outras capitais do Nordeste.
No Rio, a chegada foi no início de 2020, mas acabou sendo atrapalhada pela pandemia — daí o fato de a cidade ser um dos seus principais alvos de crescimento hoje. A inDrive já está em todos os estados e capitais do Brasil, chegando a cem municípios.
— Projetamos um crescimento relevante para 2023, mas o cenário vai trazer desafios. Seja na economia, seja na definição do governo sobre a categoria do motorista de aplicativo. Mas nos mantemos positivos — conclui Mendes.
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