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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Mariana Barbosa

Faltando ainda a assinatura da Infraero para selar o contrato de concessão do aeroporto de Congonhas, a espanhola Aena já está com os R$ 2,45 bilhões da outorga “no caixa” para pagar pelo ativo — o que precisa ser feito em 15 dias a contar da assinatura do contrato.

A empresa pretende pagar quase 50% da outorga, ou R$ 1,16 bilhão, na forma de títulos precatórios, que são dívidas contra a União adquiridas no mercado. O uso de precatórios para pagamento de concessões está previsto na Constituição desde 2021, mas a AGU tem poder para avaliar a qualidade e a liquidez dos papeis.

Santiago Yus, presidente da Aena no Brasil, diz estar confiante que a AGU irá aceitar os precatórios, mas que se isso não acontecer, a empresa irá honrar os pagamentos de outra forma.

O sr acredita que vai conseguir pagar a outorga com os precatórios?

Desde a emenda constitucional de 2021 existia a possibilidade de uso dos precatórios. E quando o leilão aconteceu, o uso dos créditos líquidos era visto como positivo. Estruturamos uma operação com R$ 1,160 bilhão em precatório, quase 50% da outorga de R$ 2,45 bilhões. Poderíamos ter apresentado mais, mas entendemos o posicionamento das instituições e desaceleramos. Estamos bem assessorados jurídica e financeiramente e fomos ao mercado escolher os melhores precatórios, com liquidez de curto prazo. Agora a decisão está nas mãos da AGU.

E se eventualmente a AGU rejeitar, o sr pode explorar outras formas de pagamento?

A gente acredita que vai ser aceito, mas não é um problema. A situação se ajeita.

Parece haver uma certa resistência da Infraero à transferência do aeroporto para a iniciativa privada, sobretudo por conta de funcionários que perderão seus empregos. O sr pretende contratar colaboradores da Infraero?

Temos excelentes funcionários que já foram da Infraero. Sempre tivemos um bom relacionamento com a Infraero. Vamos considerar os empregados atuais, pelo conhecimento que possuem do setor e de infraestrutura. Na quinta rodada (quando a Aena venceu a concessão de seis aeroportos do Nordeste, incluindo Refice), havia uma obrigação de fazer uma consulta aos colaboradores para ver quem gostaria de continuar. Mas agora não existe mais isso, mas a obrigação de pagar R$ 772 milhões a título de indenização, o que já fizemos. Mas mesmo assim, vamos ver quem gostaria de continuar. Queremos ter os melhores melhores profissionais e trazer qualidade de serviço.

Há uma grande expectativa sobre o que a Aena fará com relação à aviação executiva em Congonhas. Eles serão expulsos do aeroporto?

Neste momento não estamos considerando expulsar a aviação geral e vamos tentar acomodar todos da melhor forma possível. Do ponto de vista numérico, as linhas aéreas rendem mais. A executiva está atrelada à exploração imobiliária. Tudo vai depender da solução de capex (de onde alocar o investimento), que não é simples. É um aeroporto tecnicamente complicado.

Tem espaço para exploração imobiliária em Congonhas?

É um aeroporto limitado, não tem espaço, e temos que cumprir o que está no contrato. Vamos fazer todo os estudos de engenharia, no detalhe, para entender quanto vamos precisar investir para apresentar a melhor solução técnica possível. Isso pode incluir a área da Vasp. Mas ainda é cedo para saber quais as oportunidades de desenvolvimento imobiliário.

Vocês pretendem fazer um novo terminal de passageiros para substituir o atual?

Só os estudos vão dizer se vale a pena fazer um novo terminal. A solução passa por aumentar a capacidade e o terminal atual não dá conta. Vai ter que ter novas construções e teremos que resolver qual será o aproveitamento do terminal atual.

O aeroporto vai ter a capacidade do espaço aéreo aumentada para 44 movimentos hora a partir desta temporada por decisão do poder concedente. Isso é bom para vocês em termos de receita, mas há um temor de que gere mais trânsito no acesso ao aeroporto. Isso preocupa?

O incremento vai representar 250 pessoas a mais por hora. Não deve gerar um impacto tão significativo.

Vocês pagaram um ágio de 231% e não teve concorrência. Avaliam que pagaram caro pelo aeroporto?

Não sei se pagamos caro. Mas fizemos um estudo responsável de análise econômica e financeira. A gente só faz gestão aeroportuária, não faz especulação. Foi uma proposta que considerou a regra de que só as três melhores proposta são selecionadas no leilão. Se você quer ganhar o ativo, tem que fazer uma proposta boa. Basta olhar as outras rodadas, que tiveram ágios enormes. O Brasil é estratégico para nós. Vamos ficar 30 anos.

Quanto tempo vai demorar para que o passageiro perceba que o aeroporto está sob nova gestão?

Temos 60 meses para fazer os investimentos. Não só de obra civil, mas de todas as melhorias. Mas estamos definindo um pacote de “quick wins”, que são melhorias rápidas de baixo custo, com impacto tanto para as companhias quanto para os passageiros. São melhorias de iluminação, banheiros, climatização, pintura e outros. Tem uma série de coisas para melhorar, inclusive na pauta de sustentabilidade, como uso de economia renovável. Mas a infraestrutura vai demorar um pouco mais.

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