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Informações da coluna

Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Rennan Setti

Quando seu celular começa a tocar com mais frequência, Antenor Camargo já sabe: os bancos estão fechando a torneira do crédito. Ele é o sócio responsável pelas operações na América Latina da Farallon, megafundo hedge americano que se notabilizou no Brasil pelo uso de estruturas financeiras complexas para suportar negócios como Odebrecht, Oi, PDG e Invepar. Em 11 anos e meio no país, foram 75 transações — inclusive à que levou a gestora a controlar o metrô do Rio, juntamente com a Mubadala Capital, para falar de uma companhia com a qual o leitor se relaciona no dia a dia.

— Agora o celular tem tocado bastante! (risos) — conta Camargo à coluna

O sócio assumiu o comando da operação latino-americana da Farallon no ano passado, depois que Daniel Goldberg — o advogado que foi Secretário de Direito Econômico no primeiro mandato de Lula — deixou a Farallon para fundar a gestora Lumina.

Camargo conheceu Goldberg na época em que era seu subordinado no Morgan Stanley e esteve ao seu lado ao longo de toda a trajetória da Farallon no Brasil. (Embora “concorrentes”, os dois ainda se falam semanalmente).

O executivo assumiu no momento em que o mercado de capitais estava prestes a dar uma espécie de cavalo de pau. Camargo está convencido de que o Brasil vai viver este ano uma reversão aguda da oferta de crédito, depois da exuberância registrada no ano passado — a despeito de um PIB fraco, diga-se — e sob impacto do caso Americanas no balanço dos bancos.

Ele não está sozinho nessa análise: Luis Stuhlberger — o badalado fundador da Verde Asset que, aliás, está prestes a se tornar sócio de Goldberg — compartilha da mesma opinião, falando publicamente sobre um “credit crunch” iminente.

Animação com cautela

A julgar pelo retrospecto, essa conjuntura é especialmente favorável aos negócios da Farallon, que mudou de patamar justamente durante o momento mais agudo da crise iniciada no governo Dilma Rousseff.

— Será um ano mais forte que 2022 pra gente. Achamos que é um dos melhores momentos para o nosso negócio. Mas é uma combinação de cautela e animação com o futuro. O crédito foi abundante e agora ficará restrito. Isso quando os juros estão altos e o varejo foi destruído — conta ele, que também passou pelo Credit Suisse antes de chegar à Farallon há mais de uma década.

Estima-se que a Farallon tenha hoje mais de R$ 10 bilhões investidos na América Latina, sendo 80% no Brasil — diferentemente de outras casas, a gestora não costuma salientar publicamente a cifra de “ativos sob gestão”. A casa também não gosta da expressão “special situations” — situações especiais, um eufemismo para companhias em apuros — para definir seu escopo de atuação.

De qualquer forma, a Farallon compete com companhias que atuam nesse segmento, como a Prisma Capital (de João Mendes de Oliveira Castro, Lucas Canhoto e Marcelo Hallack) e a SPS Capital, que foi comprada no ano passado pela Vinci, de Gilberto Sayão.

— Preferimos o termo financiamento de transição, e hoje somos uns dos poucos no mercado que conseguem fazer isso com cheques da ordem de US$ 200 milhões. O objetivo é dar capital para a empresa sair de um patamar A e chegar ao B. — explica.

Para Camargo, diante da seca de crédito tradicional, 2023 será pródigo em companhias precisando avançar nesse alfabeto particular.

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