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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Rennan Setti

Sob o trauma da Americanas e diante da lentidão econômica com os juros altos, os bancos fecharam a torneira do crédito. Mas, aos poucos, a liquidez parece fluir através de fontes alternativas. Uma delas é um dos nichos da indústria de fundos historicamente tido como menos "sexy", aquele focado nos chamados "recebíveis" - papéis que comprovam que uma empresa tem valores a receber de outra por conta de uma relação comercial, como o fornecimento de um produto.

Na Empírica, gestora da Faria Lima especializada em crédito e com R$ 9 bilhões em ativos, o volume operado nos fundos com esse foco saltou 32% entre dezembro e fevereiro, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Foram meses especialmente afetados pela "bomba" da Americanas, que praticamente congelou o mercado de "risco sacado" - aquela operação na qual bancos antecipam pagamentos aos fornecedores de varejistas e indústrias, que passam a dever às instituições financeiras.

Sem essa opção, quem tinha "recebíveis" na mão correu atrás de alternativas para antecipar o dinheiro. O salto nos fundos da Empírica se deu nos FIDCs (fundos de direitos creditórios) conhecidos como "multi cedente, multi sacado". Esse jargão esotérico designa veículos agnósticos, cujas carteiras têm "recebíveis" de centenas de empresas, de dezenas de setores, nas duas pontas.

- São carteiras pulverizadas, o que reduz o risco - explica Giuliano Longo, sócio-diretor responsável pela área de novos negócios da Empírica.

Ao comprar o "recebível", o fundo coloca dinheiro nas mãos das companhias, mas com uma taxa média de desconto da ordem de 3% ao mês. Quando o devedor paga o valor cheio. o veículo embolsa o lucro.

Só na Empírica, são oito fundos "multi cedente, multi sacado", com patrimônio líquido de cerca de R$ 1,2 bilhão. Como as operações são de curtíssimo prazo, as carteiras giram cifras muito maiores que essa, porém. Nos últimos 24 meses, por exemplo, passaram pelos veículos R$ 7,3 bilhões em "recebíveis".

- As empresas têm sentido maior dificuldade para tomar crédito junto aos bancos. A gente entende que a soluções dos FIDCs se encaixa muito bem nessa conjuntura, funcionando como uma solucão. Afinal, a companhia já tem o recebível na mão - acrescenta Longo.

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