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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Mariana Barbosa

Por sugestão do ministro da Fazenda Fernando Haddad, o governo da Bahia vai avaliar a viabilidade de desapropriar, a título de interesse público, a fábrica da Ford em Camaçari, para que a planta seja vendida à montadora chinesa BYD. A ideia de desapropriação para destravar as negociações entre Ford e BYD foi uma das principais pautas da reunião do presidente Lula com o CEO e fundador da BYD, Wang Chuanfu, na China, nesta quint-feira (13).

No encontro, Chuanfu fez um pleito para que o governo crie políticas para estimular a transição para a mobilidade elétrica no Brasil e prometeu investir R$ 10 bilhões nos próximos três anos no país.

De acordo com o relato de uma fonte presente no encontro, o plano da BYD é verticalizar a produção do carro elétrico e a empresa está em busca de um projeto de mineração de lítio. A empresa quer construir uma planta para produzir o lítio grau bateria, mas para ganhar tempo busca um projeto que já esteja em estágios avançados de pesquisa geológica.

O investimento de R$ 10 bilhões é 10 vezes maior do que a gigante chinesa de mobilidade elétrica investiu no país desde que chegou por aqui em 2013.

O investimento também inclui uma fábrica de chassis de ônibus — cuja localização foi reivindicada pelo governador do Pará, Helder Barbalho, também presente no encontro, e que tem articulado para sediar a COP 2025. O governador tem dito que quer receber os delegados da COP com a frota de ônibus de Belém eletrificada.

O plano da BYD é manter a atual planta de montagem de baterias em Manaus e a fábrica de ônibus elétricos em Campinas, interior de São Paulo.

A empresa também fabrica paineis solares em Campinas e avalia entrar na extração de silício no país. Para isso, reivindica o retorno da tarifa de importação de paineis solares, que foi zerada no governo Bolsonaro. O fim da tarifa deixou a BYD pouco competitiva frente aos concorrentes de seu próprio país.

O pólo de Camaçari deve consumir R$ 3 bilhões em investimentos e o plano é iniciar produção em 18 meses. Na reunião, o CEO da BYD prometeu gerar 1200 empregos diretos na Bahia para produzir dois modelos híbridos (combustão e elétrico): o SUV Song, que hoje é vendido a R$ 267 mil, e o Dolphin, “mais popular”, de R$ 199 mil.

A montagem local pode baratear os produtos, mas quanto exatamente vai depender dos incentivos e estímulos que a empresa conseguir negociar com os governos federal e estadual.

A BYD está há 10 meses negociando a aquisição da planta de Camaçari com a montadora americana, que encerrou suas atividades produtivas no Brasil. Porém, a coluna apurou que as negociações estão travadas por conta de questões tributárias, com a BYD demandando garantias de não sucessão de débitos fiscais e tributários.

Na reunião com o fundador da BYD, segundo relatos de um participante, Lula se comprometeu a criar um grupo de trabalho, a ser coordenado pelo ministro Rui Costa (Casa Civil), para discutir possíveis incentivos ao carro elétrico.

O estímulo ao carro elétrico não é consenso no governo, uma vez que o país já tem uma alternativa renovável ao combustível fóssil, o etanol. Trata-se de uma discussão de prioridades, diante da promessa de campanha do governo de colocar os "mais pobres no orçamento”.

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