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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Mariana Barbosa

A Cervejaria Petrópolis entrou formalmente em recuperação judicial. A juíza Elisabete Franco Longobardi, da 5a Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, deferiu o pedido feito há pouco mais de duas semanas pela cervejaria, que tem dívidas que somam R$ 7,9 bilhões com 5.034 credores. O valor é quase o dobro dos débitos apresentados quando a empresa entrou com pedido de tutela cautelar solicitando o reconhecimento imediato dos efeitos de uma recuperação judicial, até que pudesse apresentar toda a documentação necessária, o que foi feito na segunda (10).

Dona das marcas Itaipava e Crystal, a Cervejaria Petrópolis sofre com a queda nas vendas de cerveja nos últimos dois anos e um alto endividamento, cenário agravado pela escalada dos juros, que comprometeu o fluxo de caixa.

A empresa vinha tentando negociar novos prazos e condições nas linhas de crédito com o Santander — seu principal parceiro financeiro. Mas as conversas não avançaram e, no dia 27 de março, a empresa buscou proteção judicial.

O pedido de liminar há duas semanas detonou uma disputa com o Santander sobre as garantias das linhas de crédito. Embora a Lei de Recuperação Judicial estabeleça que recebíveis dados como garantia devem ser excluídos da recuperação judicial, na primeira instância juízes têm se sensibilizado com o pleito das empresas, que pedem o desbloqueio das garantias para manter a empresa rodando.

Na semana passada, a juíza atendeu pedido da empresa e liberou R$ 70 milhões que estavam em contas no Santander para pagamento da folha de salário: a empresa tem 24 mil funcionários.

O reconhecimento da recuperação judicial tende a pacificar o relacionamento com credores, embora a discussão sobre as garantias de recebíveis com o Santander deverá persistir nos tribunais.

O fundo Siena, do Farallon, é o maior credor da cervejaria, responsável pela a emissão de R$ 661,6 milhões em debentures. A dívida chegou a ser renegociada no início do ano e o próximo vencimento seria em 30 de junho. A cervejaria também deve 108 milhões de euros (R$ 611,2 milhões) para o LBBW Landesbank Badenwurttemberg. O Santander é o terceiro maior credor, com uma dívida declarada de R$ 447,9 milhões e mais US$ 12 milhões.

Controlada pelo empresário Walter Faria, que figura na lista dos bilionários da Forbes com uma fortuna avaliada em US$ 3,3 bilhões, a Petrópolis é a 3ª maior fabricante de cerveja do país, atrás de Ambev e Heineken.

A empresa chegou a ter 15% de participação de mercado em 2020, quando alcançou o recorde de 31,2 milhões de hectolitros de bebida vendidos, mas hoje essa fatia não passa de 10%.

A empresa vem sofrendo com a alta dos insumos e a inflação, e começou a perder mercado quando resolveu repassar a alta de custos para o preço da cerveja. O resultado foi uma queda na receita de 17% entre 2020 e 2022. Em volume, a venda de cerveja encolheu para 24,1 milhões de hl no ano passado, abaixo do patamar de 2018, quando vendeu 27 milhões de hl.

A empresa também se endividou para aumentar a capacidade das fábricas, mas com a queda nas vendas elas estão operando com 51% de ociosidade.

A Petrópolis é representada pelos escritórios Galdino & Coelho Advogados e pelo Salomão, Kaiuca, Abrahão.

Com o deferimento do pedido, a companhia tem 60 dias para apresentar o plano de recuperação judicial aos credores.

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