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Informações da coluna

Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Rennan Setti

Dados do Banco Central mostram forte desaceleração no ritmo de crescimento de importações de baixo valor, indicando que pode ter chegado ao fim a fase de “crescimento chinês” dos e-commerces estrangeiros como a Shein no Brasil.

A conclusão é de relatório dos analistas de varejo do banco Itaú BBA, que correlaciona o movimento a relatos de que a Receita Federal já estaria tributando de maneira abrangente as compras de brasileiros nessas plataformas — antes mesmo de o governo dizer com clareza o que pretende fazer para resolver a suposta “concorrência desleal” que os e-commerces asiáticos representariam.

Segundo o Itaú BBA, houve “intensa desaceleração” do crescimento das importações nos últimos dois meses. Essas compras cresceram 63% em 2021 e 132% em 2022, pelos dados do BC citados no relatório, mas despencaram 50% em janeiro, na comparação com dezembro.

É claro que parte importante da queda tem a ver com a base de comparação: o Natal é em dezembro, afinal. Mas, quando comparado com janeiro do ano anterior, o avanço é de apenas 14% — uma fração dos 91% registrados em janeiro de 2022 no mesmo tipo de comparação. Em fevereiro, a queda foi de 13% frente a janeiro, com ganho de apenas 11% na comparação com fevereiro de 2022.

“Nossa percepção é que os órgãos de fiscalização estão atuando de maneira mais incisiva nas inspeções”, especulou o Itaú BBA.

Shein tem um quarto do e-commerce de roupa

Os números coincidem com a enxurrada de reclamações nas redes sociais de clientes da Shein, que relatam terem sido taxados pela primeira vez, mesmo em casos de compras de menos de US$ 50.

Não estão claros quais critérios a Receita está adotando, tampouco quais são os planos precisos do governo para as empresas asiáticas de e-commerce. Nesta quinta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que está estruturando medidas para acabar com a concorrência "desleal" entre empresas que “pagam impostos” e companhias que burlam regras para evitar a tributação, ao exportar produtos para o Brasil. Haddad não fez citação direta a nenhuma empresa e disse que o foco é combater o "contrabando" no comércio eletrônico.

O governo reage às reclamações de varejistas locais, que vem perdendo parte importante do mercado para rivais estrangeiras. Como a coluna contou recentemente, a chinesa Shein já detém mais de um quarto do e-commerce brasileiro de vestuário, tendo faturado R$ 7,8 bilhões no ano passado por aqui.

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