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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Mariana Barbosa

Cartas deixadas de lado, ligações constantes de número desconhecido frequentemente ignoradas. Para um país que vive um superendividamento, com 70 milhões de pessoas com nome sujo na praça, a forma de atuação dos escritórios de cobrança não poderia ser menos eficiente.

— Ninguém gosta de dever, as pessoas sofrem com isso. E falar sobre a sua dívida por telefone com um estranho é constrangedor — diz Tatiana Pomar, CEO e co-fundadora da Sofi, uma plataforma de cobrança que usa inteligência artificial e muita empatia para cobrar dívidas.

A Sofi trabalha com grandes clientes como Avon e Natura, Porto Seguro, Yduqs e Cogna Educação, e inverte a lógica da abordagem negativa da cobrança para oferecer uma solução para limpar o nome, com um discurso mais empático de inclusão financeira. A startup também evita o constrangimento levando o cliente para uma plataforma que funciona 24/7, onde é possível simular o parcelamento e os descontos de forma simples, sem interação humana. A abordagem usa inteligência artificial para identificar o canal ideal de comunicação para cada perfil de cliente: WhatsApp, SMS, email e até por meio de anúncios nas redes sociais.

Os clientes costumam acessar a plataforma para fazer acordo a qualquer hora do dia ou da noite — 49% faz isso fora do horário comercial, muitas vezes de madrugada e aos finais de semana.

Na abordagem tradicional, o escritório de cobrança está proibido, pelo código do consumidor, a ligar para o cliente no horário de descanso. — Os escritórios insistem em ligar para tentar recuperar crédito, mas 94% das ligações não identificadas não são atendidas — diz Tatiana, que é filha de uma advogada que já teve um escritório de cobrança e também trabalhou em grandes empresas do setor. — A gente não força ninguém a pagar. Mas partimos do princípio de que, no fundo, todos querem pagar e se ver livre de uma dívida. O segredo é conseguir atrair a atenção com uma oferta certa que cabe no bolso —.

A startup acaba de receber um segundo aporte, de R$ 470 mil, da Sororitê, grupo de investidoras-anjo que já investiu R$ 5 milhões em 14 empresas fundadas e lideradas por mulheres. Desde a sua fundação, em 2020, a startup levantou US$ 950 mil, sendo US$ 800 mil com investidores anjo e US$ 150 mil na forma de doação pelo trabalho de inclusão financeira. A abordagem positiva e as taxas de sucesso na recuperação do crédito rendeu a Sofi alguns prêmios, como o Inclusive Fintech 50.

A empresa vem quintuplicando de tamanho a cada ano e está próxima tornar seu fluxo de caixa positivo.

Tatiana teve a ideia de criar a Sofi durante um MBA na área de crédito e escolheu o Uruguai para lançar a operação. Lá, contou com incentivos de um laboratório de inovação e conheceu o sócio e co-fundador, Leonardo Paladino . — No Uruguai é mais fácil testar e as startups já nascem com essa cabeça de internacionalização. O mercado brasileiro é tão grande que a gente acaba não saindo do país. Mas queríamos construir um negócio escalável e com potencial de internacionalização — diz.

E o teste se deu com o Peru, onde a Sofi chegou para atender a Natura e a Avon. — Em um ano, com uma operação 100% digital, mais do que dobramos a taxa histórica de recuperação de crédito e conseguimos validar a tese de que é possível escalar sem uma presença física — diz ela.

A Sofi trabalha com uma taxa de sucesso sobre o valor recuperado de grandes empresas. Para o ano que vem, a empresa vai lançar um modelo de assinatura para pequenas empresas, num processo de contratação totalmente digital.

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