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Informações da coluna

Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por Rennan Setti

À frente da Yduqs (dona de Estácio e Ibmec), Eduardo Parente diz, em conversa com a coluna, que a nova edição do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), em preparação pelo governo federal, precisa evitar as dimensões superlativas do passado.

— Não compre nossa ação por causa do Fies (risos)! Tem outros motivos para comprar. Até porque, se o Fies vier “bom demais”, o mercado deveria ver com desconfiança — afirma o executivo, em entrevista na sede da companhia, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

Segue abaixo uma versão editada e condensada da conversa.

O novo Fies está demorando?

Temos tido conversas muito boas com o governo. É mais importante sair algo perene do que sair rápido. Temos que ter preocupação com a capacidade financeira do aluno, não podemos ter coparticipação alta. Não dá para ter 700 mil alunos, como foi no passado. Vamos com calma! Menos da metade das vagas é preenchida hoje, então não precisamos de um programa enorme. Se a gente conseguir preencher as vagas disponíveis, já está ótimo. O mais importante é a sociedade entender a importância do Fies, como faz com o Bolsa Família.

O mercado financeiro está animado…

Eu digo: não compre nossa ação por causa do Fies! (risos) Tem outros motivos para comprar. Até porque, se o Fies vier “bom demais”, o mercado deveria ver com desconfiança. É a receita para repetir o que não deu certo. O ideal é crescer um dígito ao ano e proporcionar um presencial mais consolidado, retomando escala.

A retomada não veio ainda?

Ainda não. No presencial, estamos, a duras penas, retomando os níveis de preço. Ajustado pela inflação, paga-se metade do preço de 2013. Houve uma sequência de crises, a reforma do Fies, a Covid etc. Há agora um ajuste de oferta que impacta o preço. Mas o preço do passado não volta mais. O semipresencial tem um sucesso muito grande. No EaD (à distância) há uma cara de retomada, com captações bastante maiores. A demanda cresceu imediatamente após as eleições. Não é questão de um candidato ou outro, é o aluno saber o que vai acontecer.

Então a perspectiva é melhor?

Estou muito animado com o Brasil. Houve o conjunto de reformas propostas, o arcabouço fiscal e a tributária, e tem coisas nas quais tivemos sorte, como as commodities. Tem um momento de Brasil que a gente nem começou a aproveitar ainda, são 2 e 3 anos bons para aproveitar. Isso deve impulsionar as classes C e D.

Vocês tem usado IA generativa?

Já usávamos IA antes. É muito menos no conteúdo e mais na eficiência e na personalização. Exemplo: o professor leva de 5 a 10 minutos para corrigir um plano de aula que o ChatGPT criou. A QConcursos, do nosso portfólio, usa ChatGPT para analisar respostas dissertativas. A IA vai permitir que a massa usufrua de uma personalização semelhante à do aluno de escolas de elite, com professores guiando, indicando livros etc. A IA vai conhecê-lo e dar um toque sobre o que ele deve estudar, ler, melhorar... Isso é questão de meses, não anos.

Há um ano, o sr. falou com a coluna sobre o interesse em fusões. Por que nada aconteceu?

Na teoria, não faz sentido haver tantos grupos de universidades no país. Por isso fusões teriam muito valor. O que aconteceu é que todo mundo falou com todo mundo, mas ninguém fez nada. Eu mesmo fiz um esforço grande que não deu em nada. Então, agora, não estamos pensando muito mais nisso.

Qual é o impacto no negócio da Yduqs da decisão do ministro Gilmar Mendes sobre as vagas de medicina?

Não vejo nenhum impacto direto, mas a decisão é muito boa. O Brasil tem menos médicos do que precisa. Os grandes centros têm mais, enquanto as outras cidades têm poucos. O impacto de um curso no âmbito do Mais Médicos em uma cidade é enorme. Você tem que dar 10% das vagas para bolsistas da cidade, por exemplo. Há um impacto grande nas unidades básicas de saúde. Tem estudo da USP que mostra que 70% dos formados ficam na cidade. Como política pública, o Mais Médicos é maravilhoso. O que o Gilmar Mendes freou foi a abertura indiscriminada de vagas (por liminar), o que mata o Mais Médicos.

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