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Mariana Barbosa

No GLOBO desde 2020, foi repórter no Brazil Journal, Folha, Estadão e Isto é Dinheiro e correspondente em Londres.

Rennan Setti

No GLOBO desde 2009, foi repórter de tecnologia e atua desde 2014 na cobertura de mercado de capitais. É formado em jornalismo pela Uerj.

Por

Jonas Jaimovick, que lesou milhares de investidores na fraude multimilionária da JJ Invest e chegou a ser preso por isso, foi multado, nesta terça-feira, em mais de R$ 80 milhões pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em julgamento encerrado agora à noite, o colegiado do órgão o considerou, por unanimidade, culpado de manipulação de preços na Bolsa, criação de condições artificiais de negociação, operação fraudulenta e administração irregular de carteira de investimento.

As multas se dividiram em dois processos e foram impostas a Jaimovick e à Spritzer Consultoria Empresarial Eireli, razão social da JJ Invest. A maior multa está relacionada à infração de criação de condições artificiais de demanda e oferta com ações da antiga IdeaisNet (hoje Padtec Holding). Pela irregularidade, Jaimovick e a Spritzer Consultoria — da qual ele é único sócio — terão que pagar R$ 24 milhões cada.

‘Zé com Zé’

Os indícios de irregularidades nas operações foram relatados pelo GLOBO ainda em 2019. Embora operassem um negócio completamente ilegal, Jonas Jaimovick e a JJ Invest chegaram a deter mais de 16% do capital da IdeiasNet, que consistia, à época, de um fundo de start-ups com ação listada em Bolsa. Em 2019, poucos dias depois de reportagens do jornal mostrarem que a JJ Invest era investigada pela Polícia Federal e pela própria CVM, Jaimovick despejou as ações na Bolsa. No intervalo de poucos dias, ele reduziu sua posição para apenas 4%. 

Em seu voto, o relator do caso, Otto Lobo, descreveu que, enquanto fazia isso, Jonas Jaimovick e JJ Invest realizavam o que, no jargão do mercado, é conhecido como operações “Zé com Zé”,

“Isto é, atuavam nos dois lados do livro de ofertas: enquanto a JJ Invest vendia IDNT3, Jonas Jaimovick comprava tais ações em nome próprio. Posteriormente, Jonas Jaimovick passou a vender IDNT3 (em quantidade superior a que tinha comprado) e a JJ Invest passou a comprar o ativo, o que evidencia a ausência de motivação econômica para tais operações e a conduta dolosa dos acusados”, escreveu o diretor. “Tendo em vista que Jonas Jaimovick era o único sócio da JJ Invest, o que ocorreu, na prática, foi a realização de operações daquele acusado com ele mesmo.”

Segunda multa

O objetivo seria elevar o volume negociado na ação:

“Percebe-se que os acusados chegaram a ser responsáveis por até 98,5% do volume negociado de IDNT3 no dia 13.09.2017. Evidentemente, provocaram no mercado tanto uma aparente demanda quanto uma aparente oferta do ativo, contribuindo para a transmissão de um sinal ilusório ao mercado quanto à liquidez daquele ativo”

Nesse processo, o colegiado também aplicou multas de R$ 16 milhões a Jaimovick e à JJ Invest por administração irregular de carteira. Já a operação fraudulenta rendeu a proibição de atuação no mercado de capitais por 8 anos.

No outro processo, que analisou a manipulação de preços também com ações da IdeiasNet, Jonas recebeu multa de R$ 460 mil.

Jaimovick — que chegou a ficar seis meses preso e foi condenado pela Justiça pelo golpe que cometeu contra clientes — já havia sido multado pela CVM em R$ 500 mil em 2020 por não ter comunicado ao mercado sobre a venda em massa de ações da IdeiasNet. Ele recorreu dessa multa no Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), o Conselhinho.

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